Temos uma ponte metálica entre Bahia e Alagoas. Ponte construção e visão de quem acreditava no Brasil do Futuro. Soberana ela reina acima do cânion abençoado do São Francisco.
Bem presente na minha mente a primeira vez que passei pela ponte – e olhei cheio de orgulho e espírito para baixo. Era a primeira vez que via o Rio São Francisco de perto, embora das alturas, o São Francisco que tantas vezes estudei em aulas memoráveis de geografia pelos mestres dedicados a quem muito deve o Brasil.
A ponte resiste ao tempo. Com olhar inquisitivo e preocupado, contemplamos a sua estrutura formidável – e tememos pelo seu futuro. A ponte, projetada e armada lá pela década de cinquenta, formidável embora (formidável significa uma coisa grande, portentosa que impõe respeito), continuará resistindo ao peso cada vez maior dos caminhões de carga modernos?
Se bem verificarmos, ela é composta de dois braços que se encontram no meio, cada um transpondo o peso recebido para o sopé encravado na encosta do cânion, cada um a seu lado. Poderíamos dizer em linguagem leiga que a nossa respeitada ponte é uma ponte pênsil. No meio, uma fissura deixada para controlar a expansão e a contração causadas pela mudança de temperatura.
É por amor à nossa veneranda senhora quase centenária que ousamos inquirir de quem de direito e de competência: uma avaliação perpetrada nos garantiria a sua perpetuidade? Reforços seriam recomendáveis?
A bíblia e cânones outros sabidos nos recomendam respeito, pudor e consideração pelos nossos anciãos. Nada mais aceitável, portanto, que a nossa preocupação seja levada em consideração por quem de direito.
Francisco Nery Júnior