Jânio Soares, Janinho, homenageado com livro de Rubinho Lima
Foi uma noite de emoção e de lembranças boas!
Familiares, e amigos da Prefeitura, da ALPA, e de todo o tempo, reuniram-se na noite chuvosa de 11 de janeiro, no Auditório da Escola Municipal Vereador João Bosco Ribeiro, atendendo a convite do escritor e editor Rubervânio (Rubinho) Lima, para uma merecida homenagem ao cronista, poeta da vida e do rio, Jânio Soares, conhecido por todos como Janinho.
Há um mês atrás, em 13 de dezembro, e ele talvez dissesse em uma crônica, “dia de Santa Luzia e aniversário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga” fez três anos que ele nos deixou porque o seu coração de poeta não aguentou as asperezas da caminhada que, sempre procurava acalmar com uma palavra carinhosa, um sorriso, uma brincadeira, um abraço...
Janinho nasceu em terras de sua amada Glória, quando faltava uma semana para o governador da Bahia, Antônio Balbino de Carvalho assinar a lei 1.012/58 que separava essas duas terras por ele sempre muito amadas: Glória, centenária, origem dos seus ancestrais, onde ele e o rio São Francisco trocaram confidências desde muito tempo, ainda pelas madrugadas, e Paulo Afonso que ele viu nascer com apenas 7 dias de vida e dela não perdeu o contato todo o tempo, toda a vida...
Quem foi Jânio Soares, o marido romântico de Valéria, irmão de Jane e pai de Júlia e Luiza?
Jane e as filhas estavam ali para falar do homem amoroso do irmão querido, do pai muito amado, um apaixonado pela natureza, pelos ipês de todas as cores, em especial o amarelo ouro das nossas caraibeiras, a ponto de se demorar nas estradas, parando aqui e ali, para admirá-los e levar mudas para o seu quintal, na roça, na beira do rio São Francisco, outro dos seus grandes amores...
O Janinho que, no exercício de cargos públicos precisava ouvir o que não queria e ainda saía abraçado com aqueles que vieram prontos para esgana-lo...
De profunda sensibilidade, via nas coisas simples, até aparentemente insignificantes, valores imensos e, nem sempre, era compreendido por isso...
Convivi com Jânio Soares por vários anos. No trabalho, na Prefeitura de Paulo Afonso e por força da relação que se criou quando o convidei para ser membro da Academia de Letras de Paulo Afonso, que eu presidi por mais de cinco anos, a partir de setembro de 2017.
Ao receber o convite para ser membro desta Academia, a primeira e imediata reação foi de não aceitar, por razões que não quis dizer. Até que lhe fiz entender que o convite estava sendo feito ao cronista Jânio Soares que há muitos anos alegrava os leitores do jornal A TARDE, de Salvador quando, aos sábados, a cada quinze dias, publicava suas crônicas.
Em seu estilo, associava seus amores e humores a personagens do cotidiano, a músicas dos Beatles e até de desconhecidos compositores, encantando a todos, como uma, impagável, quando estabeleceu uma comparação entre Maria Bonita, a cangaceira pauloafonsina, com Dilma Rousself, nos altos poderes da República brasileira.
Convite aceito, em dezembro de 2017, um Jânio meio incomodado com a formalidade do cerimonial, recebia o Diploma de Membro Efetivo da Academia de Letras de Paulo Afonso e ocupava a Cadeira Nº 20 que tem como patrono o irreverente baiano João Ubaldo Ribeiro. E viva o povo brasileiro, diria Ubaldo. E viva Jânio Soares, ainda não o Velho, mas o ainda Jovem do rio...
Ao longo da vida do Jornal Folha Sertaneja, vez por outra pedia a sua bênção para publicar uma de suas crônicas, naturalmente depois de publicadas no Jornal A TARDE. E ele sempre dizia: - Pode publicar, Tio Gal. É uma honra”.
Quando o seu coração parou, o impacto foi grande na cidade. Todos sabemos que, como diz a canção, “um dia a gente chega... e no outro, vai embora”... Mas, como entender que não mais teríamos o seu sorriso, a sua alegria natural, ainda no vigor da idade criativa? Até entendermos, passado o choque inicial, que “na vida, somos apenas passageiros, caminheiros, de passagem...” como escrevi certa vez...
Quando Janinho nos deixou, um pouquinho órfãos, como disse João de Sousa Lima, tentei organizar um livro com suas crônicas, em sua homenagem. A prefeitura apoiaria, mas não deu certo e entendo que não era o momento, como está em Eclesiastes 3:1 - Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”.
Pois é. Aquele não era o tempo, O tempo é agora, quando familiares, amigos, se reúnem para aplaudir, em memória, o gloriense mais pauloafonsino que conheci.
Para adquirir o livro, entre em contato com o autor: Whatsapp - (75)9 8807-3930
A homenagem prestada a Janinho veio em forma de um livro chamada Janinho Soares – sua trajetória e suas crônicas, organizado e assinado por Rubervânio Lima, Rubinho, escritor, editor de centenas de livros pela sua Editora Oxente, também colega de Jânio Soares na Academia de Letras de Paulo Afonso, onde ocupa a Cadeira Nº 23. Chegaram juntos nessa Academia.
A chuva da noite de 11 de janeiro, suave, parecia também chegar para participar desse momento de grande emoção, descontraída justamente pelas lembranças bem humoradas de Jânio Soares, trazidas pelos seus amigos que ali estiveram, pela voz embargada dos músicos Silvinho Xavier e Igor Gnomo.
Júlia, Luíza, Jane e Rubinho
Tia Zaide (a terceira a partir da esquerda)
Juntos com a família, a irmã Jane, as filhas Luiza e Júlia, a tia Zaide, estavam os membros da ALPA, Rubinho Lima, Antônio Galdino, João de Sousa Lima e Jorge Henrique e sua mãe, nossa sempre querida professora Ivalda Henrique. Jorge Henrique prestou sua homenagem a Janinho à sua maneira: colocando textos e crônicas dele em sua Geladeira Cultural, um projeto que leva livros e publicações a várias comunidades do município e região.
Ali também estavam Miguel Baiano, Brando Guerra, Petrônio Nogueira, Dimas Roque, Pedro Ferreira (Pedrinho), Nadja Maria e outros mais que atenderam ao convite para dizer até sem falar nada que Jânio Soares, o nosso querido Janinho, cumpriu a sua missão, mas continua vivo em nossa memória...
Certamente, por onde andou espalhou sorrisos, amor, fraternidade, amizade sincera e, assim como os ipês de todas as cores que ele amava tanto, esses sentimentos têm o poder de fincar suas raízes e frutificar no tempo certo, para que muitos também se alegrem com sua presença.
Parabéns a Rubinho Lima por essa feliz e oportuna iniciativa.
Aos familiares e aos amigos, a certeza de que o exemplo de vida de Jânio Soares, será motivação para os próximos passos de nossa caminhada, até que chegue o nosso momento de fazer a última curva da estrada...
Silvinho Xavier e Igor Gnomo
Brando Guerra, João Sousa Lima, Antônio Galdino e Rubinho Lima
João de Sousa Lima, Rubinho Lima e Nadja Maria
Jorge Henrique e sua mãe, Professora Ivalda Henrique
Jorge Henrique com Jane, Luíza e Júlia e sua Geladeira Cultural homenageando Janinho. Abaixo, com Brando Guerra
Que linda matéria, “tio Gal”! Obrigada por sua presença e pelo relato tão cheio de carinho e admiração. Fico feliz em saber que muitos conheceram, e valorizaram ainda em vida, as várias faces de painho. Feliz por ele ter nos presenteado com lindas crônicas que agora estão eternizadas neste livro de Rubinho.
Todas as palavras ditas na matéria, já disseram tudo sobre esse grande amigo. Eu sou um artista da terra, que tem uma enorme gratidão ao amigo Janinho.🙏🏻
Em tempos de Inteligéncia Artificial,ao fazer uma busca nos arquivos da Folha Sertaneja, encontraremos material que dá para publicar uma enciclopédia sobre a trajetória da vida pública de Janinho,registros de reconhecimento, serviços prestados e carisma social
Que texto lindo, meu querido mestre Galdino. Fiquei muito feliz e emocionado pela sua forma linda de retratar um momento tão especial, onde conseguimos reunir pessoas do bem, que conheciam e amavam a pessoa de Janinho e que se dispuseram a reservar um pouquinho de tempo de um sábado chuvoso pra conversar e ouvir as "peripécias" de uma grande pessoa.Muita gratidão.
Um livro necessário para compor a trama histórica de nossa cidade e uma homenagem merecida a um grande gestor de nossa cultura.A Academia de Letras de Paulo Afonso se fez presente nas pessoas de Antônio Galdino, Jorge Henrique, João de Sousa Lima e o autor da obra Rubinho Lima.