O oncologista carioca Nelson Teich foi escolhido nesta quinta (16) para substituir Luiz Henrique Mandetta no comando do Ministério da Saúde Reprodução/VEJA.com
O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta (16) o oncologista carioca e empresário da área de saúde Nelson Teich como substituto de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde. A decisão foi tomada após semanas de conflito entre Bolsonaro e Mandetta, que divergem sobre as medidas que devem ser adotadas no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus. Há alguns dias o nome de Teich vinha sendo cotado para assumir a pasta.
O novo ministério, que assume o comando da Saúde em meio à crise, se formou em medicina na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) em 1980 e se especializou em Oncologia pelo Instituto Nacional do Câncer (1990). Atualmente é presidente da COI – Clínicas Oncológicas Integradas S.A. e diretor executivo da MedInsight – Decisions in Health Care. Teich também é membro do corpo editorial do American Journal of Medical Quality.
No currículo de Teich constam uma especialização em Saúde Econômica para profissionais de saúde pela Universidade de York, na Inglaterra, entre 2007 e 2008, e uma extensão universitária no Programa Executivo de Gestão na Escola de Negócios de Harvard, em 2013.
O médico Nelson Teich é visto como uma pessoa equilibrada pelos colegas e tem conhecimento sobre saúde pública, adquirido principalmente no período em que esteve na Inglaterra. “Ele é um excelente oncologista, muito querido e respeitado pelos colegas”, disse um médico carioca.
No Twitter, o agora ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou sua demissão: “Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar. Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país”.
Assim como seu antecessor, o novo ministro terá pela frente muitos desafios, como adequar seu discurso ao do presidente Bolsonaro, que defende o isolamento vertical — aquele que mantém em quarentena apenas pessoas do grupo de risco, como idosos e pessoas com doenças prévias.
Em um artigo publicado no início de abril, intitulado “COVID-19: Como conduzir o Sistema de Saúde e o Brasil“, Teich afirma que “diante da falta de informações detalhadas e completas do comportamento, da morbidade e da letalidade da Covid-19, e com a possibilidade do Sistema de Saúde não ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes, a opção pelo isolamento horizontal (…) é uma estratégia que permite ganhar tempo para entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do país”.
Durante a corrida presidencial de 2018, Teich foi consultor informal para a área de saúde na equipe do presidente Jair Bolsonaro. Ele também assessorou o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, de setembro de 2019 a janeiro de 2020.
*Com reportagem de André Siqueira e Maria Clara Vieira