Luiz Inácio Lula da Silva subiu a rampa do Palácio do Planalto após tomar posse como novo presidente da República perante o Congresso Nacional, em Brasília, neste domingo (1/1). Dezenas de milhares de pessoas, vindas de todo o país, acompanham a cerimônia na Esplanada de Ministérios e na Praça dos Três Poderes.
Lula chegou ao Palácio do Congresso Nacional após desfilar no tradicional Rolls-Royce presidencial, um automóvel de 1953. Ele dividiu o carro com a primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, e com o vice-presidente Geraldo Alckmin e sua esposa, Lu Alckmin.
A decisão de desfilar com Alckmin foi mais um gesto para reforçar a importância dessa aliança.
Já na sede do Poder Legislativo, o presidente assinou o termo de posse. Geraldo Alckmin também tomou posse como vice-presidente.
Lula ainda discursou no Congresso. Em sua fala, ele exaltou a democracia, a "grande vitoriosa" das eleições, e criticou o governo de Bolsonaro, classificado pelo petista com um "projeto de destruição nacional".
Estiveram presentes na cerimônia de posse lideranças políticas nacionais, como os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Chefes de Estado de vários países também estavam no plenário, como os presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo, e da Argentina, Alberto Fernández.
A equipe de transição do governo previa um público de 300 mil pessoas para a posse em Brasília. A Polícia Militar do Distrito Federal não divulgou estimativa de público. O órgão deixou de fazer esse tipo de estimativa já há alguns anos.
Apesar da preocupação com segurança, até o início da tarde não foi registrada nenhuma ocorrência grave. Apenas um homem vindo do Rio de Janeiro foi detido ao tentar entrar na área da posse com uma faca do tipo "peixeira" e fogos de artifício.
Por medo de atos de violência, também havia dúvida se Lula desfilaria em carro aberto. Mas o presidente optou por atravessar a Esplanada dos Ministérios no tradicional Rolls-Royce.
Outro ponto incomum da cerimônia foi o fato de que a faixa presidencial não foi transmitida pelo presidente no cargo, como é de costume. Jair Bolsonaro não reconheceu publicamente a vitória de Lula e viajou para os Estados Unidos pouco antes da transmissão de cargo.
A solução encontrada pela organização da cerimônia, liderada por Janja, foi que um grupo de pessoas representando o povo assumisse essa função.
O presidente subiu a rampa ladeado desses oito representantes, como o cacique Raoni, importante liderança indígena, a catadora Aline Sousa, e o menino negro Francisco, de dez anos, que diz que também quer ser presidente um dia.
Ao lado deles, estava também Ivan Baron, representando os brasileiros portadores de deficiência. Ele sofreu paralisia cerebral quando era criança devido a uma meningite viral e se tornou referência na luta anticapacitista.
Após o grupo subir a rampa, a faixa passou de mão em mão e foi vestida em Lula pela catadora Aline Sousa.
O presidente então discursou, destacando o que o combate à desigualdade será a prioridade em seu terceiro mandato.
No final da cerimônia, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu posse coletiva aos seus 37 ministros.
O personagem com a Bíblia
Em meio à cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma figura chamou a atenção e despertou reações nas redes sociais. Em diversos momentos do evento, um homem fardado carregando uma Bíblia aberta acima da cabeça, erguendo-a com a mão direita. Trata-se do deputado federal Pastor Isidório (Avante-BA).
O deputado, que é ex-sargento da PM e pastor da Assembleia de Deus, costuma se apresentar com trajes militares e com a Bíblia na mão.
Em 2018, Isidório foi o parlamentar federal mais votado da Bahia, com 323 mil votos. Já em 2022, conseguiu ser reeleito, mas com uma votação menos expressiva: pouco mais de 77 mil votos.