Em 7 de abril de 1959 a Câmara Municipal de Paulo Afonso foi instalada quando foi realizada a primeira sessão, histórica, de posse dos primeiros oito (8) vereadores e do primeiro prefeito de Paulo Afonso, o comerciante Otaviano Leandro de Morais, estabelecido comercialmente com o seu Armazém Sertânia no número 316 da Rua da Frente que passou a ser depois a Avenida Getúlio Vargas.
Em 7 de abril de 1959, num universo de extremo machismo da época, foram empossados na Câmara Municipal de Paulo Afonso 6 vereadores e 2 vereadoras. Ou seja, quase ninguém acreditava que 25% dos vereadores da primeira Legislatura de Paulo Afonso eram mulheres, a Professora Lizette Alves dos Santos e a estudante Dinalva Simões Tourinho e mais ainda que uma delas, Dinalva Tourinho, fosse eleita como a primeira presidente da Câmara Municipal de Paulo Afonso.
Mas, infelizmente, esse impacto causado na primeira legislatura foi rareando ao longo dos anos. Crescia o número de vereadores em cada Legislatura e diminuía o número de mulheres vereadoras.
Em 7 de abril de 2021 a Câmara Municipal de Paulo Afonso completa 62 anos.
Ao longo dessa história de 62 anos a Câmara Municipal de Paulo Afonso teve 210 vereadores eleitos e mais 20 que eram suplentes e assumiram os cargos que ficaram vagos, por morte, licença ou cassação de mandatos. Desse total de 230 vereadores que atuaram no parlamento municipal de Paulo Afonso, até o ano de 2020, apenas 9 desses edis eram mulheres.
E houve períodos muito longos sem a presença feminina na Câmara Municipal de Paulo Afonso.
Na primeira Legislatura da Câmara, de 1959 a 1963, duas vereadoras estavam entre os 8 eleitos para a Câmara Municipal, como vimos: a Professora Lizette Alves dos Santos (irmã da Professora Lindinalva Cabral, as duas filhas do dentista Severino Alves dos Santos, de estreita relação com a diretoria da Chesf e Dinalva Simões Tourinho que foi também eleita como a primeira presidente da Câmara Municipal de Paulo Afonso, embora estudasse em Salvador. Vereadores da época com José Rudival, Manoel Pereira Neto e Diogo Andrade Brito asseguraram que a sua eleição foi pela influência do pai, Enoch Pimentel Tourinho que exercia cargo importante na Chesf. Como precisava concluir os seus estudos, Dinalva se licenciou da Câmara e logo em seguida, em outubro de 1959 renunciou ao cargo.
Ao longo de sua história de 62 anos, a serem comemorados no dia 07 de abril, a Câmara Municipal de Paulo Afonso teve dez mulheres como vereadoras, duas delas ainda na primeira Legislatura: Dinalva Simões Tourinho e Lisette Alves dos Santos.
Somente 24 anos depois, na 7ª Legislatura, de 1º de janeiro de 1983 a 31 de dezembro de 1988, a Câmara de Paulo Afonso voltou a ter mulheres entre os vereadores, quando foram eleitas, em outubro de 1982 e empossadas em 01/01/1983, as vereadoras Maria José Barros Lins e Francisca Barros de Sousa Siebert, num quadro de 13 vereadores.
Como Dinalva, a médica Francisca Barros também exerceu a presidência do Legislativo Municipal de Paulo Afonso, no período de 01 de março de 1984 a 31 de dezembro de 1985. Tendo sido eleita Vice-Prefeita na chapa do também vereador José Ivaldo de Brito Ferreira, assumiu este cargo no Executivo Municipal em 1º de janeiro de 1986.
Em 1989, na 8ª legislatura municipal que foi até 31 de dezembro de 1992, ainda com 13 vereadores, ocupa uma cadeira na Câmara outra médica, Nélia Correia da Silva Souza que teve uma atuação destacada na Câmara Municipal Constituinte, instalada em 10 de novembro de 1989, cujos trabalhos resultaram na criação da Lei Orgânica do Município de Paulo Afonso, promulgada em 21 de junho de 1990. O presidente da Câmara Constituinte foi o vereador Luiz Carlos de Carvalho.
Na 9ª legislatura, de 1º de janeiro de 1993 a 31 de dezembro de 1996, agora com 15 vereadores, a suplente de vereadora Ivanete Avelino Bento assume a cadeira deixada pelo vereador Orlando Carvalho Lima, cassado pelo Poder Legislativo em 4 de julho de 1994.
Ivanete Bento é reeleita nas duas legislaturas seguintes, a 10ª, de 1º de janeiro de 1998 a 31 de dezembro de 2001, com 15 vereadores e a 11ª legislatura, de 1º de janeiro de 2002 a 31 de dezembro de 2004, com 17 vereadores.
Na 11ª legislatura, com 17 vereadores, também se reelege Francisca Barros de Souza Siebert, para outro mandato na Câmara de Paulo Afonso e elege-se Risalva Maria de Toledo, pioneira da emancipação política de Paulo Afonso que havia sido vice-prefeita na gestão do prefeito Luiz Barbosa de Deus (1989/1992).
Esta 11ª legislatura da Câmara de Paulo Afonso, com 17 vereadores, teve três mulheres: Ivanete Bento (em seu terceiro mandato), Francisca Barros (no segundo mandato) e Risalva Toledo.
Para a 12ª legislatura, de 01 de janeiro de 2005 a dezembro de 2008, com 11 vereadores, foi eleita Vanessa Rodrigues Barbosa de Deus.
Somente na 14ª legislatura, de 1º de janeiro de 2013 a 31 de dezembro de 2016, no dia 5 de dezembro de 2014, a suplente de vereadora Leda Maria Rocha Araújo Chaves (irmã Lêda) assume a vaga deixada pelo vereador Juvenal Teixeira Lima, falecido no dia 28 de novembro de 2014.
Irmã Leda foi eleita para a 15ª Legislatura (2016/2020) e reeleita para a 16ª Legislatura (2021/2024). Para esta 16ª Legislatura também foi eleita Evanilda Gonçalves de Oliveira (Evinha Oliveira), a 10ª vereadora a atuar no plenário da Câmara Municipal de Paulo Afonso.
Em resumo, estas foram as mulheres no Parlamento de Paulo Afonso:
1959/1963 –
Dinalva Simões Tourinho
Lisette Alves dos Santos.
1983/1988 –
Francisca Barros de Sousa Siebert
Maria José Barros Lins
1989/1992 –
Nélia Correia da Silva Souza
1992/1996 –
Ivanete Avelino Bento - (assumiu em 5/07/1994
1997/2000
Ivanete Avelino Bento
2001/2004 –
Francisca Barros de Sousa Siebert
Ivanete Avelino Bento
Risalva Maria de Toledo
2005/2008 –
Vanessa Rodrigues Barbosa de Deus
2013/2016
Leda Maria Rocha Araújo Chaves (irmã Lêda)- (assumiu em 05/12/2014)
2016/2020
Leda Maria Rocha Araújo Chaves (irmã Lêda)
2021/2024
Evanilda Gonçalves de Oliveira (Evinha Oliveira)
Leda Maria Rocha Araújo Chaves (irmã Lêda)
Antônio Galdino da Silva
Email: professor.gal@gmail.com
Whatsapp – 99234-1740
Sobre esse tema, assim escreveu a poetisa Jovelina Ramalho
Mulheres no Parlamento
Jovelina Ramalho
Há uma doce fragrância
Que faz bem e encanta
Um toque diferente
Uma inteligência persicaz e fina
Um riso suave e doce
Uma guerreira que se faz bonita.
Uma mão suave
De um lutar tão forte
Um sexo “frágil”
Onde a fortaleza mora
Uma ninfa, uma deusa
Uma doce e jovem senhora.
Uma, das várias Marias
Que no Brasil habitam.
Loiras, morenas, mamelucas
Todas belas, sem repetição
É o feminino que brilha
No lar, na escola ou repartição
No sorriso brejeiro
Sob o batom encarnado
Há uma busca incessante
No olhar aguçado
Há o sonho da igualdade
No direito que é legítimo que outrora foi negado.
É a mulher que assume o pleito
Onde só homem era votado
Num Brasil de preconceitos
Ingrato e masculinizado
O feminino ganha um rosto
Nas prefeituras, câmaras, presidência e senado.
Eis a mulher do parlamento
Que não esqueceu a canção de ninar
Nem a suprema missão de gerar vidas
Que cozinha, acolhe, pare e faz amor
Que decide, planeja e acredita
Que também é responsável por um Brasil melhor
E luta
Se aprimora
Fica igual
Se supera
Mostra competência,
Vence!
Excelente a matéria sobre a presença feminina no legislativo e, sua cronologia . Parabéns Professor Galdino.Seu compromisso com a história, a cultura de Paulo Afonso, garante o legado para o futuroVCyy