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Professor Galdino

Ariano Suassuna, que esteve em Paulo Afonso, faria 94 anos em 16/6/2021. Ele faleceu no Recife, no dia 23 de julho de 2014, aos 87 anos.

Ariano e suas “aulas-espetáculos” em Itaparica e no CPA e no Parque de Exposições de Paulo Afonso

Publicada em 17/06/21 às 21:07h - 1592 visualizações

Antônio Galdino


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Ariano Suassuna, que esteve em Paulo Afonso, faria 94 anos em 16/6/2021. Ele faleceu no Recife, no dia 23 de julho de 2014, aos 87 anos.
 (Foto: Arquivos da ALPA, Folha Sertaneja e Da net)

Em 16 de junho de 1927, nascia Ariano Suassuna. Autêntico, audacioso e carismático, o mestre completaria nesta quarta-feira, 16 de junho de 2021, 94 anos de idade. Certa vez ele disse:

“Em primeiro lugar, minha literatura é uma missão: defender o povo e a cultura brasileira. Em segundo, uma vocação. Não acredito em literatura sem vocação. Em terceiro, é uma festa.

Passei por momentos muito duros na vida, mas os enfrentei pela minha arte, que é a minha dança. Eu sei que posso ficar cego, porque sou diabético – mas eu danço.

Quando digo dançar, quero dizer que participo da festa da literatura.

A morte é certa. Todos nós morremos – e eu danço mesmo assim.

A tarefa de viver é dura, mas fascinante.

Agradeço a Deus o fato de viver.

É com essas três palavras que eu danço: missão, vocação e festa.” (https://igsweb.com.br/)

 

Ariano Suassuna esteve em Paulo Afonso algumas vezes

No dia 16 de junho de 1927, justo no mês de junho que tanto está associado ao folclore, ás quadrilhas juninas, ao forró, ao universo cultural nordestino e brasileiro nasceu Ariano Suassuna, no palácio do governo da Paraíba, em João Pessoa, porque seu pai, João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna era o governador da Paraíba.

Estivesse vivo hoje, 16 de junho de 2021, estaria completando 94 anos de vida intensa. E é importante lembrar de um dos maiores defensores da cultura nordestina, seus ensinamentos, suas humoradas palestras, suas aulas-espetáculos, suas frases de impacto, sempre na defesa da cultura, das raízes nordestinas.

Seu pai, João Suassuna foi morto, durante a Revolução de 1930, quando Ariano ainda criança. E lá foi o menino nascido em palácio morar no interiorzão da Paraíba, onde ficou por muitos anos, em Taperoá/PB, onde nasceu minha mãe de saudosa memória, D. Severina de Sousa e Silva. Ariano fez o curso primário nesta cidade paraibana.

Taperoá é o cenário natural da sua obra mais conhecida no Brasil e no mundo – O Auto da Compadecida - que se transformou em filme e minissérie da televisão brasileira.

Ariano Suassuna esteve em Paulo Afonso e eu tive a oportunidade de apresentá-lo quando ele ministrou suas aulas-espetáculo no Clube Paulo Afonso - CPA e no Clube Recreativo de Itaparica – CRI, do Acampamento de Itaparica/Jatobá-PE.

Foi no ano de 1993 ou 1994, que Ariano Suassuna esteve realizando as suas “aulas-espetáculos” em Paulo Afonso e no então Acampamento de Itaparica/Jatobá-PE, a convite da Chesf

Nesse tempo, em estava na Assessoria de Comunicação da Administração Regional da Chesf em Paulo Afonso e a Diretora do Colégio Paulo Afonso era Vilma Bagdeve.

O Diretor Administrativo da Chesf, que era bem estressado, veio a Paulo Afonso para acompanhar esse grande evento, recepcionando o palestrante em nome da diretoria da Chesf.

O diretor, muito preocupado com a presença de público para prestigiar o grande palestrante em suas apresentações chamou a mim, que era o Coordenador de Comunicação da Administração Regional e Vilma Bagdeve, diretora do COLEPA, para fazer recomendações sobre isso. Ele queria um grande público no CPA, prestigiando Ariano Suassuna.

O evento estava em cima e não havia como envolver os alunos do COLEPA. Conversei com Vilma e fizemos contato com o Professor Luiz José, do Colégio Sete de Setembro, que estava fazendo um trabalho com os seus alunos e estes alunos, centenas deles, estiveram ali no CPA, fazendo uma tarefa escolar e a missão do estressado diretor foi cumprida.

Em outra ocasião, no aniversário dos 53 anos de emancipação política de Paulo Afonso, em 28 de julho de 2011, Ariano Suassuna esteve na cidade, a convite da Prefeitura Municipal, participando do Projeto Cultura no Parque, realizado no Parque de Exposições de Paulo Afonso.

Sobre esse evento, o jornal Folha Sertaneja, com texto e fotos de Antônio Galdino, destacou em sua edição Nº 89, de 31/07/2011:

“No palco principal se apresentavam as maiores atrações de todas as noites. O evento foi aberto pelo bom humor e a inteligência de Ariano Suassuna em uma Aula-Espetáculo, sempre na defesa das raízes culturais do Nordeste. O paraibano de João Pessoa, que fez o curso primário na cidade de Taperoá que tanto marcou sua vida e é sempre lembrada em suas palestras e em seus livros, já foi Secretário de Cultura do Recife, tem doutorado em História, uma vasta produção literária, alguns transformados em filmes e minisséries da televisão como O Auto da Compadecida e A Pedra do Reino. Algumas de suas obras foram traduzidas para o inglês, francês, alemão, espanhol e até para o holandês e o polonês.

Vestindo-se impecavelmente de linho branco, o mestre Ariano deu uma inesquecível aula-espetáculo que recebeu calorosos aplausos de uma plateia que, de pé, reconhecia a importância de suas mensagens”.

Quando do falecimento de Ariano Suassuna, no Recife, em 23 de julho de 2014 a Câmara Municipal de Paulo Afonso registrou Moção de Pesar pelo falecimento do escritor, poeta e dramaturgo paraibano.

“Todos os vereadores de Paulo Afonso estão profundamente sentidos com a morte deste grande escritor e poeta brasileiro. Para nós esta é uma perda irreparável, estamos mais pobres com sua ausência, mas, mais ricos com o seu legado”, salientou Marcondes Francisco dos Santos, presidente da Câmara.

Ariano Suassuna é o patrono da Cadeira Nº 24 da Academia de Letras de Paulo Afonso-ALPA-, ocupada pela Professora Doutora Cleonice Vergne.

No ano de sua morte, também morreu o escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, patrono da Cadeira Nº 20 da ALPA, ocupada por Jânio Soares. Nesse ano foi realizada pela Academia de Letras de Paulo Afonso a 1ª Bienal do Livro de Paulo Afonso e os dois escritores foram homenageados.

Esta lembrança/homenagem a Ariano Suassuna também está sendo publicada no site da Academia de Letras de Paulo Afonso – www.letrassertanejas@gmail.com.

Antônio Galdino da Silva

Presidente da ALPA

16/junho/2021

Biografia de Ariano Suassuna

Por Dilva Frazão

(www.ebiografia.com) 

Ariano Suassuna (1927- 2014) foi um escritor brasileiro. "O Auto da Compadecida", sua obra-prima, foi adaptada para a televisão e para o cinema. Sua obra reúne, além da capacidade imaginativa, seus conhecimentos sobre o folclore nordestino.

Foi poeta, romancista, ensaísta, dramaturgo, professor e advogado. Em 1989, foi eleito para a cadeira n.º 32 da Academia Brasileira de Letras. Em 1993, foi eleito para a cadeira n.º 18 da Academia Pernambucana de Letras e em 2000, ocupou a cadeira n.º 35 da Academia Paraibana de Letras.

Infância e Formação

Ariano Vilar Suassuna nasceu no Palácio da Redenção, na cidade de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, capital da Paraíba, em 16 de junho de 1927.

Filho de João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna, na época, governador da Paraíba, e de Rita de Cássia Dantas Villar foi o oitavo dos nove filhos do casal. Passou os primeiros anos de sua infância na fazenda Acahuan, no município de Sousa, no sertão do Estado.

Durante a Revolução de 1930, seu pai, ex-governador da Paraíba e então deputado federal, foi assassinado por motivos políticos, no Rio de Janeiro. Em 1933, a família muda-se para Taperoá, no sertão da Paraíba, onde Ariano iniciou seus estudos primários. Teve os primeiros contatos com a cultura regional assistindo as apresentações de mamulengos e os desafios de viola.

Em 1938, a família muda-se para a cidade do Recife, Pernambuco, onde Ariano entra para o Colégio Americano Batista, em regime de internato. Em 1943 ingressa no Ginásio Pernambucano, importante colégio do Recife. Sua estreia na literatura se deu nas páginas do Jornal do Comércio, em 1945, com o poema “Noturno”.

Em 1946 ingressou na Faculdade de Direito do Recife, onde fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco, junto com Hermilo Borba Filho, entre outros. Em 1947, escreve sua primeira peça Uma Mulher Vestida de Sol. No ano seguinte escreve Cantam as Harpas de Sião. Em 1950, conclui o curso de Direito. Dedicou-se à advocacia e ao teatro.

O Auto da Compadecida

Em 1955, Ariano escreve a peça O Auto da Compadecida que se enquadra na tradição medieval dos Milagres de Nossa Senhora, em que numa história mais ou menos profana, o herói em dificuldades apela para Nossa Senhora. Em estilo simples, o humor e a sátira unem-se num tom caricatural, porém com sentido moralizante.

Ariano traz uma visão cristã sem se aprofundar em discussões teológicas, denunciando o preconceito, a corrução e a hipocrisia. No dia 11 de setembro de 1956 estreia a peça no Teatro Santa Isabel. No ano seguinte, a peça é levada para o Rio de Janeiro e apresentada no 1.º Festival de amadores nacionais.

Professor de Estética

A partir de 1956, Ariano Suassuna passou a dar aulas de Estética na Universidade Federal de Pernambuco e abandona a advocacia. Em 1957 casa-se com Zélia de Andrade Lima, com quem teve cinco filhos. Permanece como professor até 1994, quando se aposenta, porém em 2008 volta a dar aulas na UFPE, no curso de Letras, ministrando a cadeira de Estética.

Movimento Armorial

Em 1970, Ariano Suassuna cria e dirige o Movimento Armorial, com o objetivo de realizar uma arte brasileira erudita a partir das raízes populares. Mais do que um movimento, o armorial buscava ser um preceito estético, que partia das ideias de que é preciso criar a partir de elementos realmente originais da cultura popular do país, como os folhetos de cordel, os cantadores, as festas populares, entre outros aspectos.

Romance d’A Pedra do Reino

Em 1971, Ariano Suassuna publica "Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai e Volta, com mais de 700 páginas, que demorou dez anos para ser concluído. No relato do personagem “Quaderna” utiliza elementos de cordel, da epopeia, do romance de cavalaria, das tradições populares e do mito de Dom Sebastião para construir uma farsa que transita entre o popular e o erudito ao mesmo tempo. No ano seguinte recebe o Prêmio de Ficção Nacional conferido pelo Ministério de Educação e Cultura.

Academia Brasileira de Letras

Ariano Suassuna escreveu 15 livros entre romances e poesias e 18 peças de teatro. Suas obras A Mulher Vestida de Sol, Romance d’A Pedra do Reino e O Auto da Compadecida, foram transformadas em séries e filmes. Em 1989, Ariano foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Em 1990 assumiu a cadeira nº. 32.

Aula Espetáculo

Em 1995, Ariano assume a Secretaria Estadual de Cultura, no governo de Miguel Arraes. As aulas-espetáculos se tornam um projeto de governo para difundir no Estado e no Brasil a cultura Pernambucana. Ariano recebia inúmeros convites para realizar "aulas-espetáculos" em várias partes do país onde, com seu estilo próprio e seus "causos" imaginativos, deixava o público encantado.

Últimos Anos

Em 2007, Ariano Suassuna assume a Secretaria Especial de Cultura do Estado, convidado por Eduardo Campos. No segundo mandato do governador, Ariano passa a integrar a Assessoria Especial do governo de Pernambuco.

Ariano Suassuna faleceu no Recife, no dia 23 de julho de 2014, decorrente das complicações de um AVC hemorrágico.

Obras de Ariano Suassuna

  • Uma Mulher Vestida de Sol, 1947
  • Cantam as Harpas de Sião (ou o Despertar da Princesa), 1948
  • Os Homens de Barro, 1949
  • Auto de João da Cruz, 1950 (Prêmio Martins Pena)
  • Torturas de um Coração, 1951
  • O Arco Desolado, 1952
  • O Castigo da Soberana, 1953
  • O Rico Avarento, 1954
  • Ode, 1955 (poesia)
  • O Auto da Compadecida, 1955
  • O Casamento Suspeito, 1956
  • A História de Amor de Fernando e Isaura, 1956
  • O Santo e a Porca, 1958
  • O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna, 1958
  • A Pena e a Lei, 1959
  • A Farsa da Boa Preguiça, 1960
  • A Caseira e a Catarina, 1962
  • O Pasto Incendiado, 1970 (poesia)
  • Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai e Volta, 1971 (parte da trilogia)
  • Iniciação à Estética, 1975
  • A Onça Castanha e a Ilha Brasil, 1976 (Tese de Livre Docência)
  • História d'O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão: ao Sol da Onça Caetana, 1976 (parte da trilogia)
  • Sonetos Com Mote Alheio, 1980 (poesia)
  • Poemas, 1990 (Antologia)
  • Almanaque Armorial, 2008

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