A realização de uma obra da Embasa no único lugar de entrada e saída da Ilha de Paulo Afonso, a ponte sobre o Canal da Usina Paulo Afonso 4, nos fez voltar a esse tema.
Em outro artigo nesse site mostramos que esta ponte foi construída pela Chesf no início dos anos de 1970 quando a hidrelétrica precisou fazer o canal da Usina Paulo Afonso 4 e, por ele, levar águas do Lago de Moxotó que tem 1 bilhão de metros cúbicos, para o lago da Usina Paulo Afonso 4 e, com essas águas, alimentar os geradores de energia desta gigantesca usina hidrelétrica, a maior das cinco usinas do sistema Chesf em Paulo Afonso, com a capacidade de geração de 2.462,4 Megawatts. (Menor apenas que a Hidrelétrica de Xingó, também do complexo Paulo Afonso, que tem a potência total instalada de 3.162,0 Megawatts, conforme www.chesf.gov).
Canal da Usina Paulo Afonso 4 - construído pela Chesf no início da década de 1970
Para que a Chesf tivesse uma usina desse porte, a hidrelétrica construiu esse canal que tem 5.200 metros de extensão, 135 metros de largura (média) e 13 metros de profundidade (média).
Para construí-lo foi necessário retirar do local onde seria o seu leito, várias famílias que foram levadas para o loteamento Mulungu, também preparado pela Chesf, o que deu origem ao Bairro Mulungu, hoje Bairro Tancredo Neves, que cresceu rapidamente e hoje, 51 anos depois, possui uma população estimada em mais de 40 mil habitantes, quantidade nunca imaginada quando se construiu essa ponte da Ilha de Paulo Afonso que nascia ali.
O fluxo por essa ponte, naqueles anos de 1970 era muito suave e tranquilo. Hoje, com essa população do BTN e o crescimento de bairros após a ponte, como Jardim Bahia, Oliveira Brito, Clériston Andrade, Prainha, Jardim Aeroporto, muitos conjuntos habitacionais do projeto Minha Casa, Minha Vida e ainda a localização da cidade de Glória a apenas 10 quilômetros de Paulo Afonso, tudo isso tem feito com que, há muitos anos, a ponte do Canal da Usina de Paulo Afonso 4 seja motivo da apreensão para a população.
Há tempos atrás, quando trios elétricos passavam sobre essa ponte, durante uma das Copas Vela realizadas no município, o seu balanço trouxe grande medo aos que ali estavam.
Mais recentemente, um acidente entre uma moto e um carro no meio da ponte deixou a população e visitantes sem poder entrar e sair da Ilha por cerca de 2 horas.
Nos dias de feira livre na cidade – sextas e sábados – o fluxo ali ainda é mais intenso e diariamente pela manhã e à tardinha, é intenso o movimento de bicicletas dos moradores dos bairros disputando espaço com motos sempre em velocidade, carroças de tração animal, carrinhos de picolé, tuc-tucs, veículos de passeio, ônibus urbanos e interestaduais, uma vez que o terminal rodoviário fica a poucos metros da ponte, dentro da Ilha, e ainda caminhões e carretas de todos os tamanhos.
Estrutura de passarela criada na gestão do Prefeito Raimundo Caires (2005/2008), foi interditada na época.
Na tentativa de facilitar a vida dos pedestres, o Prefeito Raimundo Caires (2005/2008) iniciou a construção de uma passarela de um dos lados da ponte, obra que foi condenada por engenheiros especialistas porque, segundo eles, essa instalação poderia trazer danos à segurança da ponte.
Reportagem do Jornal Folha Sertaneja Nº 79 - Dez/2009-Jan/2010 mostra visita do Prefeito Anilton Bastos, Dep. Federal Aleluia e Dep. Estadual Luiz de Deus ao Pres. da Chesf, Dilton da Conti. Na pauta, a ponte.
No início da gestão do prefeito Anilton Bastos, em Dezembro de 2009, ele, acompanhado do Deputado Federal José Carlos Aleluia, do então Deputado Estadual Luiz de Deus e assessorado pela Secretária de Planejamento, Patrícia Alcântara e pelo Diretor do Departamento de Turismo e Assessor de Comunicação, Prof. Antônio Galdino, estiveram em audiência com o presidente da Chesf, Dilton da Conti, em seu gabinete, no Recife quando o prefeito Anilton Bastos apresentou dois projetos buscando o apoio da Chesf: um, de revitalização dos Lagos da Chesf, para fins turísticos e o outro, apresentado pela Arquiteta Patrícia Alcântara, Sec. de Planejamento, foi o pedido de duplicação da Ponte da Ilha ou a construção de outra ponte para aliviar o fluxo de veículos e de pessoas entre a Ilha de Paulo Afonso e o continente. Nunca se teve resultado dessa visita.
Em outro momento, o Prefeito Anilton Bastos, acompanhado do então Procurador Jurídico do Município, Dr. Flávio Henrique, estiveram, a seu convite, no gabinete do Ministro das Cidades, em Brasília, Mário Negromonte, que possui casa na Avenida Apolônio Sales, em Paulo Afonso. O motivo da visita foi pedir que o Ministério das Cidades construísse uma segunda ponte em Paulo Afonso. Isso também não aconteceu.
Mais recentemente o assunto foi levado ao Governador da Bahia, Rui Costa que, em uma de suas vindas a Paulo Afonso se disse sensibilizado com o problema e chegou a anunciar a abertura de uma licitação para se fazer o projeto dessa nova ponte e chegou a ser anunciado os nomes do ganhador dessa licitação. Já faz alguns anos e não mais se falou no assunto.
Ainda na legislatura da Câmara Municipal de Paulo Afonso que se encerrou no ano de 2020, algumas vozes se levantaram – talvez com um olho no problema e outro nas eleições de outubro – pedindo soluções para a situação da ponte.
Em 2021, outras vozes, especialmente de vereadores da oposição como Marconi Daniel e Evinha Oliveira têm mostrado problemas como a proteção lateral muito baixa, o elevado número de suicídios nessa ponte, além da possibilidade de quedas naturais de crianças ou adultos por conta dessa proteção lateral ser muito baixa.
Talvez esperando que apareça uma ponte nova, ou porque a reclamação é de vereadores da oposição, nada se tem feito nesse sentido.
Agora, a Embasa, empresa do Governo da Bahia responsável pelo abastecimento de água para a cidade de Paulo Afonso, que já tem mais de 120 mil habitantes, mais de 80 por cento deles na zona urbana, realiza uma grande obra nessa ponte da entrada da Ilha de Paulo Afonso, instalando tubulações para levar a água para seus consumidores.
A obra, que segundo apuramos levará cerca de 2 meses para ser concluída em cada lado da ponte, portanto terá uma duração de cerca de 4 meses.
Com isso, interditou-se, por enquanto, o já estreito e inseguro passeio dos pedestres em um dos lados, obrigando que as pessoas transitem disputando espaços com as motos, sempre velozes, e todo tipo de veículos que tem essa única ponte para entrar e sair da Ilha, ou que os pedestres se imprensem juntos – mão e contra-mão – na estreita faixa de pedestres do outro lado da ponte.
A situação tem levantado mais gritos de vereadores que aproveitam para sugerir que, “uma vez que faz essa obra na ponte porque não se aproveitar o transtorno já criado e se eleva os corrimões dos dois lados?” Foi o que perguntou a vereadora Evinha Oliveira na última sessão da Câmara, realizada na quinta-feira, dia 14 de outubro, como já havia feito na sessão do dia 7 de outubro.
Uma fonte da Prefeitura me assegurou que a Embasa teria firmado em documento que estaria em poder do Secretário de Infraestrutura da Prefeitura, que faria sim esse melhoramento na ponte e que os transeuntes teriam um corredor seguro, com proteção elevada nos dois lados em cada um dos lados da ponte.
Se isso de fato acontecer, o que só saberemos no final da obra, menos mal para os pedestres.
As duas fotos feitas às 6:30 da manhã do dia 14/10/2021 mostram o movimento de pedestres na ponte.
Por enquanto é esta a situação dos que precisam chegar ou sair da Ilha de Paulo Afonso, a pé pela ponte, o único caminho. Estas fotos são do dia 14 de outubro, pouco depois das 6:30 da manhã quando muitas pessoas se deslocam dos bairros para trabalhar no comércio de Paulo Afonso.
Segundo informa representante da Prefeitura, "a responsabilidade de fiscalizar o transito, fluxo de pedestres em obras desse tipo é de quem faz a obra, no caso, a Embasa".
Mas a inquietação continua. E alguém me questiona e eu passo a dúvida para os especialistas da área.
A pergunta foi: “Se a obra do prefeito Caires não foi realizada porque poderia trazer riscos até de derrubar a ponte, como saber se essa obra da Embasa não traz os mesmos perigos?”
Outro questionamento que continuamos a fazer é sobre a construção da nova ponte da Ilha. Quando?
Quando os moradores da Ilha de Paulo Afonso, onde funcionam todos os órgãos públicos da Prefeitura, Câmara, Justiça, as universidades e grandes colégios, municipais, estaduais e particulares, hotéis, restaurantes, e os grandes atrativos turísticos, inclusive o Núcleo de Atendimento ao Turista, um grande comércio, grandes supermercados, as instalações do Batalhão de Polícia Militar, dos Bombeiros, do Exército, a Vila Militar, muitas igrejas evangélicas e católicas, os clubes sociais, milhares de residências...
Quando tudo isso será contemplado com uma nova ponte para a Ilha de Paulo Afonso?.
Com toda certeza, esse assunto voltará aos palanques na campanha política para as eleições de 2022 quando os quase 90 mil eleitores de Paulo Afonso serão amavelmente visitados, o que aliás, já começou, por candidatos a deputados estaduais e federais, governador, senadores, presidente da República que, como vem acontecendo há dezenas de anos, desde a emancipação política de Paulo Afonso não têm nenhum receio de prometer tudo que a população pede – UTI, Hospital melhor, mais para o turismo deslanchar, uma nova ponte... TUDO é prometido e, tanto não têm sido as promessas cumpridas que estamos aqui, cobrando, de novo, pela enésima vez.
Ficam no ar duas perguntas que não querem calar.
Porque todos os vereadores, eleitos para defender os interesses da população de Paulo Afonso não se unem em torno de uma causa como esta que vai beneficiar a todos, igualmente?
2022 tá vindo aí, e virão mais promessas e nada de cumpri,-las.Acho que estão esperando acontecer uma tragédia,Deus nos livre, para só então pensar na segurança do povo.
Tempos atrás também fiz uma carta pública direcionada ao prefeito de Paulo Afonso, questionando sobre a segurança desta ponte.SUGIRO TORNÁ-LA MAIS SEGURA COM UMA SINALIZAÇÃO SEMAFÓRICA DE UM LADO E DO OUTRO ONDE SOMENTE UMA MÃO DE VEÍCULO TERIA ACESSO INDO E VINDO, OU SEJA, NÃO TERIA O FLUXO DA MÃO DUPLA FUNCIONANDO NOS DOIS SENTIDOS AO MESMO TEMPO.Manuel Reis Técnico em segurança do trabalho.