Há pessoas que conseguem nos cativar e nem a conhecemos pessoalmente. Mas, pelas suas histórias de vida, pelas atitudes que tomou em certos momentos da caminhada, parece até que somos bem próximos, quase família.
É o que acontece em relação a D. Maria Fernandes, mãe de grande prole, dentre eles o filho Leônidas Marinho.
Tive a honra de fazer uma reportagem no jornal Folha Sertaneja quando D. Maria Fernandes, sergipana de Canindé do São Francisco, completou 100 anos e conseguiu reunir grande número de familiares em sua casa para agradecer a Deus por essa longa idade.
Me contou o filho Leônidas que, quando ela completou 99 anos e estava comemorando, rodeada de filhos, netos, bisnetos, ela, muito católica, disse aos familiares:
- Para o ano, completo 100 anos, pela graça de Deus. Se eu não chegar até lá, no dia do meu aniversário – 19 de janeiro – quero que mandem celebrar uma missa aqui na roça.
Em 19 de Janeiro de 2018, D. Maria Fernandes, a filha de D. Delfina que foi coiteira de Lampião, vê o mundo passar à sua frente, em um século de caminhada.
E a família não só mandou rezar uma missa especial pelos cem anos da matriarca da família mas fez também realizar uma dança de São Gonçalo que era a sua paixão. Contam os familiares que ela, já limitada em seus movimentos, sentada numa cadeira, acompanhava a dança com o pé marcando o compasso e ainda cantando como sua voz já miudinha o refrão da música...
D. Maria Fernandes teve treze filhos, doze deles nasceram na Fazenda Brejo, no município de Canindé de São Francisco/SE, e os partos foram acompanhados pela mesma parteira. O filho caçula nasceu em Paulo Afonso. Chamava-se Marinho Fernandes dos Santos, trabalhava na Usina de Xingó e faleceu em Agosto de 2017, após um processo cirúrgico.
Nesses 100 anos de tanta vida, intensa e marcante, os 13 filhos que ela gerou, lhe deram netos, bisnetos, trinetos, muitas gerações de descendentes.
A mãe de D. Maria Fernandes, D. Delfina, como se disse, foi coiteira de Lampião e o Rei do Cangaço sempre tratou muito bem a todos da família.
Em meados deste ano de 2021, Leônidas Marinho decidiu relatar a história da vida de D. Maria Fernandes e a sua própria história em um livro que tive a honra de organizar e que se chamou Maria Fernandes e Leônidas – histórias de vidas sertanejas. Foi o registro histórico para a família guardar e os mais novos aprenderem muito sobre a vida com os ensinamentos dos seus antepassados.
Ontem, dia 22 de outubro, já no finalzinho da tarde, recebo de
Leônidas Marinho esta triste nota pelo Whatsapp:
- É com muita tristeza que anuncio, neste momento, o falecimento de D. Maria
Fernandes, minha mãe, no Hospital Primavera, em Aracaju. Ela nasceu dia
19/01/1918. Ia completar 104 anos. Descansou após alguns anos de sofrimento e
Deus, em sua infinita sabedoria, a chamou para o Reino do Céu”.
D. Maria Fernandes foi chamada para morar no Lar Celestial. Era a hora do descanso dela que, pela graça de Deus, permaneceu entre nós, e foi amor intenso para sua grande e honrada família durante mais de 103 anos. Exatos 103 anos, 9 meses e 3 dias.
Viva ela estará sempre no seio de sua família e amigos, no sangue de numerosos descendentes de várias gerações como quis o Deus todo poderoso!
Todos sentirão a sua ausência física, mas o legado de sua vida será eterno!
Meus sentimentos a todos por tão grande perda.
Meu abraço fraterno pelo imenso tesouro que Deus lhes deu, com quem tiveram a oportunidade de aprender muito, até com o seu silêncio, durante mais de um século de convivência.
Acho que essa Sra. Delfina era irmã de meu Pai, Leônidas Fernandes dos Santos
Linda mulher que descansa com Deus D. Maria Fernandes presença viva da história Segipana ,obrigada por me contar das hospedagem do cangacero Lampião na sua roça