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Professor Galdino

A solidão do escritor

Publicada em 30/10/21 às 01:15h - 888 visualizações

Antônio Galdino


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A solidão do escritor
 (Foto: Acervo do autor)

Acabo de lançar mais um livro, o sétimo, sobre histórias e memórias de gente e de instituições no entorno de Paulo Afonso, cidade que me acolheu ainda nos idos de 1954.

O foco, agora, ao criar Os Caminhos da Educação – de Forquilha a Paulo Afonso, foi a vida escolar nestas terras sertanejas, as grandes dificuldades dos primeiros tempos, ainda nos anos da década de 1940 nesta região até se chegar, nesse primeiro quinto do século 21, quando Paulo Afonso chega à condição de ser chamada de Polo Educacional da Região.

Um leitor desse livro, ao se deparar com algumas histórias que também vivenciou me perguntou como eu consegui dar vida a essas narrativas. Respondi como segue, o que que imagino acontecer com todos os escritores.

Quando você tem um livro em suas mãos e se deleita com as palavras ali organizadas, dando sentido às ideias do autor, promovendo esse encontro mágico autor/leitor, não faz ideia do que esteve por trás desses escritos, como se dizia antigamente nas cartas familiares, “dessas mal traçadas linhas”...

Se é uma história grande, cheia de mudanças de cenários e ambientes, envolvendo vários personagens, como as novelas de televisão, ali, no papel, elas também conduzem o leitor a esse ambiente, às luzes ou sombras da paisagem, às falas e gestos, expressões faciais, vestimentas, móveis dos ambientes apresentados pelo autor.

Se é um livro de poesias, com certeza o leitor vai encontrar o universo real ou imaginário do poeta, homem ou mulher, que desnuda ali o seu pensamento sobre temas que mexem com o seu eu interior...

Em todos os casos, mesmo numa crônica diária, numa reflexão de momento, por um tempo, o escritor viveu em intensa solidão diante da folha branca de papel à sua frente...

E falando nisso, eu me lembrei das músicas Aquarela e Caderno, de Toquinho, onde ele mostra, como num passe de mágica, a importância do toque do homem, ser vivente que consegue fazer saírem desses espaços vazios figuras, rabiscos, desenhos, letras, que, aos poucos vão contando uma história cheia de risos e cores ou de dúvidas, sombras, questionamentos, expectativas...

A solidão é a companheira ideal para o escritor, o poeta, o pensador.

É ali, às vezes no absoluto silêncio das madrugadas que ele consegue ir juntando as letras, formando palavras e com elas frases, textos, poemas, livros, que têm o poder de, ao serem lidos, também mexerem com a imaginação dos leitores...

Certamente foi dessa convicção que nasceu a frase de Monteiro Lobato: Quem escreve um livro cria um castelo, quem o lê mora nele”.

É nessa solidão do escritor que se questiona o mundo como ele está e se cria um mundo novo, sem os desencontros atuais.

O escritor, o poeta, têm o poder de, nesta sua solidão criativa, de fato criar universos ideais para o correr da vida, o amor sem medida, o universo desejado.

Como a pintura de um quadro ou um delicado trabalho artesanal, os livros nascem assim, aos poucos, juntando os fiapos de memória e unindo-os, costurando-os delicadamente com os fios da observação, das vivências, das caminhadas, da imaginação.

Daí também a afirmação de Rubem Alves, que escreveu e publicou mais de cem livros. Para ele,  “Escrever é meu jeito de ficar por aqui. Cada texto é uma semente. Depois que eu for, elas ficarão. Quem sabe se transformarão em árvores! Torço para que sejam ipês amarelos.”

Assim, quando você tiver em mãos um livro, trate-o com cuidado e respeito. O seu conteúdo consumiu muitas horas, dias, meses, talvez até anos para chegar a este formato.

Obviamente que você tem todo o direito de não concordar com o que ali está, de pensar bem diferente, de não gostar do que leu...

O livro que você tem nas mãos é o resultado dos muitos momentos de absoluta solidão de quem o escreveu, com o real desejo que algum leitor, em algum tempo, se reencontre nele. E isso já será um grande afago para sua alma de solitário desta criação.

Dia 29 de outubro é considerado o Dia Nacional do Livro. O leitor tem assim mais uma oportunidade de pensar sobre o escritor dos livros que costuma ler e do seu estado de solidão ao escrever cada frase desses livros...

Antônio Galdino da Silva

Paulo Afonso-BA – 27/10/2021




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8 comentários


GRAZIELA

23/11/2021 - 09:19:13

Parabéns como sempre arrasando 👏👏👏👏👏👏, Deus te ilumine sempre 🙏🙏🙏🙏🙏 com muita inspiração dada por Deus e continue escrevendo maravilhosas.


João Cezar Lopes Mascarenhas

31/10/2021 - 14:42:08

Parabéns pelo lançamento do livro que fala sobre a Educação em Paulo Afonso.Quero adquiri-lo para reviver a história dessa querida cidade que tanto amo.Abraços!


Professor Galdino

30/10/2021 - 23:05:56

Alegra-me sobremaneira que esses registros que apresento no livro - Os Caminhos da Educação - de Forquilha a Paulo Afonso, esta viagem ao passado esteja merecendo avaliações tão generosas de pessoas como as que leio aqui e muitas outras que têm deixado comentários brilhantes também no Facebook Antonio Silva Galdino e no meu Whatsapp. São esses reconhecimentos de longa luta e de pouco apoio recebido, que nos impulsiona, nos leva a continuar a caminhada. Esse texto que fala da solidão do escritor é a real situação minha e de outros que entram pela madrugada pensando naquele que vai ler o que se escreve e também, como o leitor, vivendo as emoções que estas lembranças nos trazem. Sempre. Por isso agradeço a Leônidas Marinho a quem ajudei a contar também as histórias dele e de sua mãe, D. Maria Fernandes que faleceu há poucos dias com 103 anos, 9 meses e 3 dias. Obrigado a Marcos Antônio, também escritor, membro da ALPA, Minha gratidão à querida Professora Elenilza, da rede municipal de ensino e da biblioteca de sua escola, uma guerreira cristã, vencedora. Muito feliz por encontrar entre os meus leitores o Dr. João Paulo Aguiar, que muito me ajudou nos tempos da Chesf e de quem me fiz admirador pela sua bela história de vida. E o ex-chesfiano Eliseu Nicácio, também colega de comunicação na Rádio Bahia Nordeste e nos eventos da Chesf, instrutor do CFPPA, a escolinha da Chesf, que também mereceu espaço nesse livro. A todos os leitores, também os anônimos, a minha gratidão. Não há escritor, sem leitores. E são os leitores que orientam os próximos passos. Gratidão imensa, a todos. Professor Galdino.


Eliseu Nicacio

30/10/2021 - 09:33:59

Parabéns!!! Grande Mestre. Mais uma obra prima. Somos abençoados com todas comunicações de sua autoria. Serão eterna para todos.Obrigado.Deus continue te abençoando.AbraçoSeu amigo.Eliseu Nicacio.


joao paulo aguiar

30/10/2021 - 07:47:56

prof. Galdino ATRAVESSA DÉCADAS COMO O ARAUTO DAS LETRAS EM PAULO AFONSO.QUE CONTINUI INSPIRADO ,ESPALHANDO CULTURA NA FORTALEZA DE LETRAS DO SERTÃO BAIANO


Elenilza

30/10/2021 - 07:25:25

Parabéns meu querido Mestre! Meu querido e amado professor , tão carinhosamente chamado pelos mais próximos de Tio Gal. Mais uma linda obra! Mais uma conquista. Eis uma inspiração para mim e para muitos. Essa obra muito enriquecedora será, sem dúvidas, uma relíquia, pois agregará mais conhecimentos aos já existentes. Muito obrigada por contribuir significativamente nas nossas vidas.Grande abraço virtual


Marcos Antônio Pereira de Lima

30/10/2021 - 07:16:14

Ao nobre Guerreiro das Letras, Prof° Antônio Galdino, que se debruça durante horas a fio para nos presentear com essa magnânima obra literária, o meu mais carinhoso PARABÉNS! Ai de mim, se não fosse os livros, ai de nós, se não fosse o escritor, esse carpinteiro literário que nos presenteia com suas obras universais.


Leônidas Marinho

30/10/2021 - 04:34:12

Li o Livro e voltei ao ano de 1960 quando aqui cheguei. Muitos nomes conheci, outros ouvi falar. Uma dúvida que tinha do passado e que a memória apagou foi esclarecida. Vou guardá-lo com carinho em minha biblioteca porque será certamente uma fonte de pesquisa do início e atual estágio da educação em nossa querida Paulo Afonso. Parabéns Galdino pelo seu trabalho no qual exigiu muita paciência e esforço para conclusão. Porém, valeu a pena o sacrifício e será uma riqueza de conhecimento, principalmente, para os estudantes daqui e região.


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