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Professor Galdino

Jânio Soares. 30 dias de saudades!

Publicada em 13/01/22 às 13:45h - 852 visualizações

Antônio Galdino. Participação: Edson Mendes e Francisco Nery Jr.


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Jânio Soares. 30 dias de saudades!
 (Foto: Acervo do autor)

Há exatamente um mês, em 13 de dezembro de 2021, dia em que os amantes do forró festejam o aniversário de Luiz Gonzaga, o Rei do Bahia, Paulo Afonso e Glória, perdiam Jânio Soares, levado por um infarto.

Em todos os lugares surgiram homenagens à sua passagem. No 20º BPM, na Câmara de Vereadores, na Prefeitura, na Academia de Letras de Paulo Afonso - ALPA, Moções de Pesar e muita tristeza.

A ALPA, onde Jânio Soares era o ocupante da Cadeira Nº 20, dezenas de mensagens doídas dos seus colegas acadêmicos com palavras simples de pesar ou textos mais elaborados, reunidos em um Informativo ALPA Especial, de 9 páginas, igualmente mostravam a dor dessa perda.

Este site www.folhasertaneja.com.br e o jornal Folha Sertaneja Online abriram grandes espaços para homenagear o cronista, o secretário de Cultura e Esportes, o cidadão de Paulo Afonso, nascido em 21 de julho de 1958.

Ao completar um mês de sua partida, a Prefeitura produziu um vídeo em sua memória, com narração do seu amigo Silvinho Xavier que reproduzimos no final desta matéria, neste site.

Novamente abraçamos os familiares e amigos e nos associamos a esse sentimento de perda, de saudades de Jânio Soares, e reproduzimos, a seguir duas crônicas escritas por amigos e colegas da ALPA, Edson Mendes e Francisco Nery.

O Professor Francisco Nery Júnior trouxe essas lembranças do ex-aluno Jânio Soares:

 

Em se tratando de Jânio 

Francisco Nery Jr.

 

Nós nos referimos ao passamento prematuro e inesperado de Jânio Soares. Foi-se o nosso Jânio. E, de longe, em recuperação de um procedimento médico, lamentamos. 

Logo cedo, a notícia: perdemos o Jânio filho e descendente de pioneiros que foram parte importante para a criação do nosso parque elétrico e para a sedimentação da cidade. 

E perdemos o dia, ruído negativo para a citada recuperação. Como em relação a qualquer concidadão, pioneiro, colega ou amigo, perdemos o dia que será consumido em lembranças tristes recorrentes de um Jânio que nos soube ser agradável, tolerante e simpático. 

Mas vamos confidenciar que a perda foi maior pelo Jânio ex-aluno do Benjamim Sodré que sempre nos recebeu, na condição de secretário municipal, com um sorriso aberto, embora maroto, de quem sabe compor e tolerar, nos tratando pelo nome no diminutivo. 

Feliz o gestor que tem um Jânio a quem entregar um setor, talvez complexo e problemático, e poder se concentrar em tarefas mais abrangentes. 

Primeiro dia de aula e a chamada – que deve ser respondida: começando na letra A, chegamos à J. E lá estava escrito o nome Juscelino. Página seguinte, o nome Jânio. Na sequência, ou na página próxima, automaticamente, sem olhar para a página, chamei o nome João Goulart. Alguns sorrisos tênues de quem entendeu e uma amizade e uma consideração que duraram até hoje. 

Outrossim, a Academia de Letras de Paulo Afonso perde um dos seus imortais. Os colegas da ALPA estiveram presentes em grupo na cerimônia pública de despedida de Jânio.  

De longe, presente em espírito e em essência, com o grupo a minha parte no lamento geral que deve, a esta hora, estar comovendo toda Paulo Afonso.  (Francisco Nery Júnior)

 

O seu amigo, escritor e poeta Edson Mendes, pauloafonsino que mora no Recife, trouxe numa crônica, no estilo de Jânio, suas últimas histórias e memórias, a que chamou No Céu dos Passarinhos...

 

NO CÉU DOS PASSARINHOS

Janio Soares, Janinho, morreu hoje de madrugada. Com ele se vai um pedaço de nossas vidas. Sem ele, o que nos resta senão chorar e sofrer? Nunca saberei suas últimas palavras, mas ele teve tempo de dizê-las todas. Semana passada, por exemplo: “sempre fui um velho gauche na vida, com pitadas de vagabundo de Glória, cafuneado por oito tias, avós e agregados”. E assinou: o véio do rio. Pois esse véio do rio, que era também um sabiá, chamava Valéria de meu amor e dizia: te amo. Para ele, Juca era um lindo milho verde com boca de cereja, Luiza bochechinhas de amora e Júlia uma pitanguinha. Sobre a finada mas nunca submersa Glória, onde as frutas tinham sobrenome, escreveu: “a campeã em doçura era a manga Ceci, batizada assim por vô Dedé em homenagem a minha mãe, que, voz geral, se não tivesse nascido gente brotaria néctar”.  Mandou certa vez a foto de uma manga-rosa e subscreveu: um pingo de chuva. Quando enfim aderiu ao zap: “eu agora sou moderno!” E quando a Globo cancelou os e-mails, falou: “agora não sou mais global, no máximo um vira-bosta da Poty, com muito orgulho”. Achava que tinha todo o tempo do mundo para ler, “mas mudei de opinião assim que a vida me mandou um recado: ‘Ei, seu velho vagabundo, se desligue um pouco, porque amanhã você poderá ser só tosse, tosse’... Pois é, o destino (ou seja lá o que for) sempre apronta das suas com velhos bardos grisalhos que gostam de entrelaçar palavras igual tia Belica com seus bilros”. Sempre acordava cedo, pra dar milho aos passarinhos e ver o sol nascer. Dizia: “eis-me aqui no meu cantinho protegido pelas rezas das tias que me restam e por entes alados que me amparam toda vez que tentam sabotar as cordas do meu trapézio, ainda sonhando em voltar a viver [...] onde as crônicas que nunca fiz me acordem bem cedinho, tanto faz se no grito duma suindara rasgando mortalhas ou num canto de raro passarinho. Onde o navio de Fellini passe lentamente nesse meu rio, levando no convés Brigitte e Lollobrigida, Django e Cantinflas, Deneuve e Sophia, Glauber e Macunaíma, todos me acenando e gritando: Tchau, bambino, Janio!”. Sobre algumas certas pessoas, disse: “a inveja mata muito mais que a saudade, principalmente aqueles  que se acham vivos!” Sobre uma louvação que lhe fiz na Revista da Academia, respondeu: “Aldinha adorou. Fez 96 semana passada e continua uma leitora voraz, até disse: Aquele Essinho sempre foi namorador”. Sobre certas declarações que fez, o adverti: home, tenha coidado! viver num imenso castelo cercado de papoulas emanando volúpia e ópio pelos canais da velha Amsterdam é mais melhor ou mais peor do que num brete ali na curva da cerca do açude? E não vá na onda de Paulo Vivo nem do finado Raimundo não: nome por nome eu prefiro Deusa... Ele só fez rir. Agora no dia 2 me perguntou: “já viu Vento Vadio de Antônio Maria? Rapaz, o desarmonioso (genial definição de Aldinha quando quer chamar alguém de feio) pernambucano era realmente f*”. Acusado de latifundiário, respondeu: “fazendeiro é muito. Moro numa roça de 12 tarefas”. “Aqui tá um frio da gota. Dizem até que pode nevar lá pras bandas do Juá”. “A propósito, sempre achei que poesia é tudo aquilo que seu olho inventa e o dicionário estraga”. E muitas coisas ainda disse mais, como vocês sabem, mas paro por aqui, meus olhos não conseguem ver... já é quase madrugada de novo do dia seguinte. E ainda o ouço, vivo e buliçoso, dirigindo-se a Valéria mas também a todos nós que o amávamos: "A vida dói, mói, rói, mas é bela, minha velha..." Tengo, lengo, tengo, lengo, tengo, lengo, tengo, lengo, ei, gado, oi...

Edson Mendes

13/14.12.2021

Agradeço a Nilton Alcântara (Negrito) do www.seliganamusica.com pelo apoio na edição do vídeo para o site.

Veja a seguir o vídeo/homenagem da Prefeitura Municipal de Paulo Afonso, com narração de Silvinho Xavier.




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2 comentários


leitor do grande Edson

17/01/2022 - 11:10:11

"Sobre a finada, mas nunca submersa Glória", eu preferiria: Sobre a submersa, mas nunca finada Glória.


Manoel Rozendo Filhom

13/01/2022 - 14:52:22

Acompanhei seu crescimento.Juventude na Velha Glória .Família das mais nobres de Glória.Sitios de fruteiras etcRoça a margem do São Francisco Plantios de canas .batatas .macaxeira.e várias fruteiras .Local de banho e pesca .Sempre fui um garoto servidor ajudava aos seus avós e levava para casa um pouco de tudo .Minha saudosa mãe era comadre da mãe de Janinho dona Ceci uma santa e da sua tia Alda gente mil..Pessoas fervorosas moraram quase vizinhos a Igreja de Santo Antônio .Aqui em Paulo Afonso sempre fui bem tratado por Janinho.Deus lhe der a luz eterna.


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