A imprensa brasileira, emissoras de televisão, jornais e principalmente as redes sociais destacam que em 24 de fevereiro de 1932, há 90 anos a mulher brasileira conquistava o direito de votar.
O estado do Rio Grande do Norte saiu na frente de todo o Brasil. Foi ali que a Professora Celina Guimarães exerceu esse direito sendo a primeira eleitora brasileira a votar e também nesse estado foi eleita a primeira mulher prefeita de uma cidade brasileira, a potiguara Alzira Soriano, eleita prefeita da cidade de Lajes/RN.
Segundo a CNN registra esse fato afirmando que “O dia 24 de fevereiro de 1932 foi bastante comemorado no Rio Grande do Norte. Não de maneira apoteótica, como o carnaval de rua sugere ou a Festa de São João induz, mas sim de forma contida: com pequenas reuniões em jardins, regadas a chás e quitutes.
As celebrações marcavam a sanção do primeiro Código Eleitoral (Decreto nº 21.076), que garantiu oficialmente às mulheres acima de 21 anos os direitos de votar e serem votadas no Brasil. A conquista foi celebrada em todo o país, mas como o estado nordestino foi pioneiro na conquista o chá estava mais doce por lá.”
Hoje, a população brasileira tem mais mulheres que homens e também o eleitorado feminino é maior que o masculino mas a participação da mulher na política brasileira, no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas, nas Câmaras de Vereadores e também como prefeitas, governadoras e presidente da República tem sido muito inferiores ao número de homens que ocuparam esses cargos. Em poucos estados mulheres já assumiram como governadoras.
Em Paulo Afonso/BA, a Câmara de Vereadores foi instalada em 7 de abril de 1959. Atualmente, em sua 16ª Legislatura, possui 15 vereadores, dentre os quais 2 mulheres, Irmã Leda e Evinha Oliveira.
Evinha Oliveira foi às redes sociais e interagiu com sites das cidades para difundir que nesta data, 24 de fevereiro completam-se exatos 90 anos do início do voto feminino no Brasil. Diz a vereadora:
“Hoje comemoramos 90 anos da Conquista do Voto Feminino. São apenas 90 anos que nós mulheres conquistamos o reconhecimento de nossa cidadania através do voto. Um marco histórico de uma luta pela garantia deste direito às mulheres.
Em uma sociedade democrática o voto é uma das formas de exigir que nossas necessidades sejam atendidas e apesar de sermos maior parte da população, ainda ocupamos apenas 15% das cadeiras da Câmara e do Senado.
Por isso é tão importante a representatividade e que mulheres apoiem mulheres, principalmente nas urnas.
Nas últimas eleições vários recordes de mulheres sendo eleitas, mas ainda assim precisamos mais e mais ocupar esses espaços, é importante eleger mulheres. Vamos juntas!”
A propósito desse feito histórico, o jornal Folha Sertaneja volta ao tema das Mulheres no Parlamento da Câmara Municipal de Paulo Afonso.
Em Paulo Afonso, que parecia ser uma quebra de paradigmas já na primeira eleição municipal, em 1958, quando o machismo era fortemente predominante e foram eleitas duas mulheres vereadoras e uma delas assumiu a presidência da Câmara Municipal.
O impacto foi forte porque as mulheres vereadoras correspondiam a um quarto de todo o Poder Legislativo do novo município. Eram 6 vereadores e 2 vereadoras.
Mas essa presença feminina na Câmara de Paulo Afonso não foi muito adiante como podemos ver a seguir. Ao longo dessa história de 63 anos a Câmara Municipal de Paulo Afonso teve 210 vereadores eleitos e mais 20 que eram suplentes e assumiram os cargos que ficaram vagos, por morte, licença ou cassação de mandatos. Desse total de 230 vereadores que atuaram no parlamento municipal de Paulo Afonso, até o ano de 2022, apenas 10 mulheres.
E houve períodos muito longos sem a presença feminina na Câmara Municipal de Paulo Afonso.
Na primeira Legislatura da Câmara, de 1959 a 1963, duas vereadoras estavam entre os 8 eleitos para a Câmara Municipal, como vimos: a Professora Lizette Alves dos Santos (irmã da Professora Lindinalva Cabral, as duas filhas do dentista Severino Alves dos Santos, de estreita relação com a diretoria da Chesf e Dinalva Simões Tourinho que foi também eleita como a primeira presidente da Câmara Municipal de Paulo Afonso, embora estudasse em Salvador. Vereadores da época com José Rudival, Manoel Pereira Neto e Diogo Andrade Brito asseguraram que a sua eleição foi pela influência do pai, Enoch Pimentel Tourinho que exercia cargo importante na Chesf. Como precisava concluir os seus estudos, Dinalva se licenciou da Câmara e logo em seguida, em outubro de 1959 renunciou ao cargo.
Ao longo de sua história de 53 anos, a serem comemorados no dia 07 de abril, a Câmara Municipal de Paulo Afonso teve oito mulheres como vereadoras, duas delas ainda na primeira Legislatura: Dinalva Simões Tourinho e Lisette Alves dos Santos.
Somente 24 anos depois, na 7ª Legislatura, de 1º de janeiro de 1983 a 31 de dezembro de 1988, a Câmara de Paulo Afonso voltou a ter mulheres entre os vereadores, quando foram eleitas, em outubro de 1982 e empossadas em 01/01/1983, as vereadoras Maria José Barros Lins e Francisca Barros de Sousa Siebert, num quadro de 13 vereadores.
Como Dinalva, a médica Francisca Barros também exerceu a presidência do Legislativo Municipal de Paulo Afonso, no período de 01 de março de 1984 a 31 de dezembro de 1985. Tendo sido eleita Vice-Prefeita na chapa do também vereador José Ivaldo de Brito Ferreira, assumiu este cargo no Executivo Municipal em 1º de janeiro de 1986.
Em 1989, na 8ª legislatura municipal que foi até 31 de dezembro de 1992, ainda com 13 vereadores, ocupa uma cadeira na Câmara outra médica, Nélia Correia da Silva Souza que teve uma atuação destacada na Câmara Municipal Constituinte, instalada em 10 de novembro de 1989, cujos trabalhos resultaram na criação da Lei Orgânica do Município de Paulo Afonso, promulgada em 21 de junho de 1990. O presidente da Câmara Constituinte foi o vereador Luiz Carlos de Carvalho.
Na 9ª legislatura, de 1º de janeiro de 1993 a 31 de dezembro de 1996, agora com 15 vereadores, a suplente de vereadora Ivanete Avelino Bento assume a cadeira deixada pelo vereador Orlando Carvalho Lima, cassado pelo Poder Legislativo em 4 de julho de 1994.
Ivanete Bento é reeleita nas duas legislaturas seguintes, a 10ª, de 1º de janeiro de 1998 a 31 de dezembro de 2001, com 15 vereadores e a 11ª legislatura, de 1º de janeiro de 2002 a 31 de dezembro de 2004, com 17 vereadores.
Na 11ª legislatura, com 17 vereadores, também se reelege Francisca Barros de Souza Siebert, para outro mandato na Câmara de Paulo Afonso e elege-se Risalva Maria de Toledo, pioneira da emancipação política de Paulo Afonso que havia sido vice-prefeita na gestão do prefeito Luiz Barbosa de Deus (1989/1992).
Esta 11ª legislatura da Câmara de Paulo Afonso, com 17 vereadores, teve três mulheres: Ivanete Bento (em seu terceiro mandato), Francisca Barros (no segundo mandato) e Risalva Toledo.
Para a 12ª legislatura, de 01 de janeiro de 2005 a dezembro de 2008, com 11 vereadores, foi eleita Vanessa Rodrigues Barbosa de Deus.
Somente na 14ª legislatura, de 1º de janeiro de 2013 a 31 de dezembro de 2016, no dia 5 de dezembro de 2014, a suplente de vereadora Leda Maria Rocha Araújo Chaves (irmã Lêda) assume a vaga deixada pelo vereador Juvenal Teixeira Lima, falecido no dia 28 de novembro de 2014.
Irmã Leda foi eleita para a 15ª Legislatura (2016/2020) e reeleita para a 16ª Legislatura (2021/2024).
Para esta 16ª Legislatura, além da reeleição de Leda Maria Rocha Araújo Chaves (irmã Lêda), também foi eleita Evanilda Gonçalves de Oliveira (Evinha Oliveira), a 10ª vereadora a atuar no plenário da Câmara Municipal de Paulo Afonso.
Em resumo, estas foram as mulheres no Parlamento de Paulo Afonso:
1959/1963 –
Dinalva Simões Tourinho
Lisette Alves dos Santos.
1983/1988 –
Francisca Barros de Sousa Siebert
Maria José Barros Lins
1989/1992 –
Nélia Correia da Silva Souza
1992/1996 –
Ivanete Avelino Bento - (assumiu em 5/07/1994
1997/2000
Ivanete Avelino Bento
2001/2004 –
Francisca Barros de Sousa Siebert
Ivanete Avelino Bento
Risalva Maria de Toledo
2005/2008 –
Vanessa Rodrigues Barbosa de Deus
2013/2016
Leda Maria Rocha Araújo Chaves (irmã Lêda)- (assumiu em 05/12/2014)
2016/2020
Leda Maria Rocha Araújo Chaves (irmã Lêda)
2021/2024
Evanilda Gonçalves de Oliveira (Evinha Oliveira)
Leda Maria Rocha Araújo Chaves (irmã Lêda)
Galdino nos traz as mulheres empoderadas que fizeram e fazem história em nossa terra; penso que já está na hora de Paulo Afonso ser administrada por uma mulher. Mulheres se apresentem!