Depois de viver quase 100 anos, faleceu neste sábado, 30 de abril, no Povoado Barragem Leste, município de Delmiro Gouveia/AL., o Sr. Cícero Correia da Silva, pai de Cacau, ex-presidente da Câmara de Delmiro Gouveia.
Ele trabalhou na Usina Angiquinho e foi pioneiro da Chesf. Viveu 99 anos, 3 meses e 9 dias e, depois de concluir a sua missão entre nós, voltou à morada celestial.
Aquele senhor, ainda forte aos 90 anos, nos recebeu perto do meio dia de um dia acalorado do mês de abril, na varanda de sua casa, fazendo tarrafas para pescaria, um hobby a que se dedicava há muitos anos. Isso me fez lembrar imediatamente do meu avô Marçal, que também por essa idade, quando chegava em Paulo Afonso ficava lá em casa, na sombra de uma mangueira fazendo suas tarrafas. Ele faleceu com quase 102 anos...
Guardo boas e agradáveis lembranças do Sr. Cícero, quando estivemos em sua casa, eu e João de Sousa Lima, para entrevista-lo sobre a Usina Angiquinho, para a produção do livro Angiquinho – 100 anos de História que fazia para marcar o centenário desta Usina, no ano de 2013. Seu Cícero parou o que fazia para nos atender gentilmente. E contou sua história, com riqueza de detalhes da sua memória privilegiada de pioneiro dessa região.
Como uma homenagem singela, reproduzimos a seguir partes de um capítulo a ele dedicado (páginas 101 a 104) do livro Angiquinho – 100 anos de história, lançado no ano de 2013.
Ele nasceu no dia 21 de janeiro de 1923 no Povoado Gangorra em terras do hoje município de Delmiro Gouveia e em 1948 chegou à Usina Angiquinho que foi construída por Delmiro Gouveia em 1913 e ali trabalhou por muitos anos. A Usina Angiquinho funcionou normalmente até o ano de 1960.
Sr. Cícero casou com D. Maria Emília da Silva e teve nove filhos: José Correia Sobrinho, Gilberto Correia Sobrinho, João Correia da Silva, Maria do Socorro da Silva Barros, Maria Elena da Silva, Francisco Correia da Silva, Carlos Roberto Cacau Correia da Silva Silvana Maria da Silva e Cláudio Correia da Silva.
É um dos, senão o morador mais antigo do Povoado Barragem Leste, do município de Delmiro Gouveia e mora na rua Cícero Correia da Silva, assim nomeada em sua homenagem.
Disse que começou a trabalhar na Usina Angiquinho no dia 17 de junho de 1948 e ali permaneceu por 10 anos e seis meses, até 1958, prestando seus serviços para a geração da energia que movimentava a Fábrica da Pedra em Delmiro Gouveia.
Contou ele que foi levado para trabalhar na Usina pelo seu sogro, Félix Birica e começou a trabalhar como ajudante de serviços gerais. Depois, passou a exercer a função de encanador. E foi lembrando dos nomes dos seus companheiros de trabalho daquele tempo: Félix Birica, Pedro Birica, Chico Furtado, Andrade, Mané Peba e ele. E acrescentou: O encarregado era o Francisco Furtado, conhecido como Chico Furtado, homem de confiança de Delmiro Gouveia desde o começo...
Durante algum tempo, Cícero ficou sendo o responsável pelas tubulações da Usina e encarregado de fazer o pagamento aos outros funcionários.
Com a experiência adquirida dentro da Usina, passou a ser o operador da bomba e por fim chegou a ser o ajudante do maquinista, auxiliando os Srs. Salvador e Mané Joaquim e em pouco tempo já se saía melhor que os chefes como operador de máquinas.
Contou ele que ao lado da usina foi construída uma pequena Vila e os trabalhadores moravam ali com suas famílias. Ali também morava Cícero Correia e ali nasceram alguns dos seus filhos.
Ele narrou que quando mais se trabalhava na Usina era no tempo das cheias do rio São Francisco. Quando o volume da Cachoeira aumentava, as águas deixavam o maquinário da Usina submerso e o gerador sofria danos. Assim, quando estava se aproximando o período das grandes cheias, antes que as águas chegassem, Cícero Birica construía uma proteção de tijolos e cimento cobrindo o gerador e mesmo assim essa proteção não era suficiente e a cheia levava todo o serviço rio abaixo. Durante dias, a Usina ficava parada para manutenção.
Também ele relatou que a comunicação com os técnicos da Usina da Pedra era feita por um telefone movido a corda. Os encarregados dessas manutenções eram os senhores Paulo Pereira, Mário Pereira e Manuel Pereira.
Depois de deixar a Usina Angiquinho, em 1958, que já tinha sido adquirida pela Chesf em 1957, Cícero Correia foi trabalhar na construção da Usina Paulo Afonso II. Trabalhou na Chesf por quase 23 anos (22 anos, 6 meses e dias), quando se aposentou.
O seu trabalho, na área da produção de energia elétrica também continuou com os filhos João Correia da Silva, José Correia Sobrinho e Gilberto Correia Sobrinho, todos trabalhadores nos serviços de operação de instalações da Chesf.
Cícero Correia da Silva, Cícero Birica, que dá nome à rua onde mora há dezenas de anos, nos deixa com 99 anos, 3 meses e 9 dias.
O velório está sendo realizado em sua residência, situada à Rua Cícero Correia da Silva, e o sepultamento será neste domingo, às 8h da manhã, no cemitério da Barragem Leste – Delmiro Gouveia (AL).
A família enlutada agradece a todos que comparecerem a este ato de fé.
Deixamos o nosso abraço a todos os familiares e amigos confiantes que o Espírito Santo irá confortar a todos porque creio que “O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido.” (Salmos 34:18) (Professor Galdino)
Meus pais foram por um tempo, vizinho do Sr Cícero.lembro me que por muitas vezes, fui até sua residência, para comprar leite in natura que ele humildemente vendia .E, algumas vezes, tive muitas "prosas" saudáveis de experiência de vida com o mesmo.Que Deus o tenha de braços abertos.
Externo meu eterno agradecimento ao professor Antônio Galdino e a todos que irmanados pelo sentimento Cristão, solidarizaram com a nossa família, nesse momento de dor, pela passagem para o Oriente Eterno do nosso patriarca Cícero Correia da Silva, popularmente conhecido como Cícero Birica.