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Professor Galdino

Bacia do São Francisco perdeu 50% da superfície natural de água e mais de 7 milhões de hectares de vegetação nativa nas últimas três décadas

Publicada em 13/06/22 às 23:27h - 760 visualizações

Antônio Galdino com matéria do MapBiomas


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Link da Notícia:

Bacia do São Francisco perdeu 50% da superfície natural de água e mais de 7 milhões de hectares de vegetação nativa nas últimas três décadas
Cânion do rio São Francisco  (Foto: Arq. do jornal Folha Sertaneja, Luciano, Redes Sociais)

No dia 3 de junho, dedicado à defesa do rio São Francisco aconteceram vários eventos em municípios ribeirinhos como em Glória e em Paulo Afonso lembrando a grande importância desse manancial para Minas Gerais e os estados do Nordeste, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe que recebiam suas águas originalmente e agora também os Estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará que estão recebendo as suas águas através dos canais da transposição deste rio São Francisco desde 2006.

No momento da largada desse processo de transposição do rio São Francisco, levantaram-se muitas vozes contrárias a esse projeto do governo federal e outras a seu favor. Os que se mostravam contrários a essa transposição argumentavam, principalmente que, antes de haver a transposição era imprescindível e urgente que se promovesse todo um grande processo de revitalização do rio e de seus principais afluentes.

Estudiosos desse rio, políticos, juristas e até autoridades religiosas levantaram suas vozes porque o governo federal manteve o propósito de fazer essa transposição do rio, muito importante para as regiões beneficiadas sem que se fizesse o tão necessário, urgente e imprescindível processo de revitalização desse “rio da unidade nacional”.

Na grande estiagem o rio São Francisco ficou assim. Irreconhecível

Nos últimos anos toda a bacia do rio São Francisco sofreu muito com a intensa estiagem e os grandes reservatórios chegaram a nível perigosos que poderiam comprometer tanto a produção de energia hidroelétrica, cujas maiores usinas ficam no complexo de Paulo Afonso, responsável por cerca de 85% de toda energia de fonte hidráulica produzida pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, como outros grandes projetos como os de irrigação, navegação, turismo e outros.

Os pauloafonsinos e vizinhos sentem bem essa falta de águas porque a bela Cachoeira de Paulo Afonso que atraiu o Imperador D. Pedro II para visitá-la em 20/10/1859 e mereceu vigoroso poema de Castro Alves, outros olhares de Delmiro Gouveia que aproveitou as suas águas para gerar energia e foi copiado por Apolônio Sales que criou a Chesf, essa bela Cachoeira de Paulo Afonso vive sem águas por muitos anos e, ainda 1m 1980, José Carlos Feitosa, Carlinhos da Sala dos Visitantes vaticinava: "A Cachoeira de Paulo Afonso, logo, será apenas um retrato na parede".

Ilha de Paulo Afonso e complexo de Usinas Hidrelétricas da Chesf. Foto: João Tavares

O Complexo Paulo Afonso de Usinas Hidrelétricas compreende as Usinas Paulo Afonso, 1, 2, 3 e 4, todas no território desse município baiano, Usina Apolônio Sales, já do território do município alagoano, na divisa com Paulo Afonso, a Usina Luiz Gonzaga, em Petrolândia/PE e a Usina Hidrelétrica de Xingó, a maior do sistema Chesf, no município de Canindé do São Francisco/SE.

A preocupação com a vida do rio São Francisco de cujas águas, em forma de energia hidrelétrica foi escrito um importante capítulo de desenvolvimento do Nordeste tem sido presente na imprensa local e regional, em debates, seminários, simpósios até grandiosos, mereceu até greve de fome do Bispo de Barra/BA mas, desde 2006 que o processo de transposição foi sendo tocado, por todos os governos sem que houvesse o necessário investimento no processo de revitalização.

Naquele ano de 2006 a turma pioneira do Curso de Política e Estratégia da ADESG, encerrava o seu curso em Paulo Afonso e uma equipe, chamada de Águas Inquietas, resolveu apresentar o seu TCC, em abril/2007, com um estudo mostrando esses prós e contras da transposição do rio São Francisco.

Também a Academia de Letras de Paulo Afonso tem se mostrado preocupada com a situação do rio São Francisco e no ano de 2020 produziu um livro com textos, reflexões, artigos do jornal Folha Sertaneja e poesias chamado Rio São Francisco em Prosa e Versos como um grito de socorro a este rio que, além de não ter tido a revitalização prometida pelo governo federal no ano de 2006, ainda sofre com os esgotos de centenas de localidades jogados diretamente no seu leito e ainda agrotóxicos, metais pesados dos que buscam ouro e outras riquezas no seu leito e os que se estabelecem com enorme fazendas e para isso retiram toda a mata ciliar que lhe protege as margens e o seu leito.

Não é de se admirar que o rio São Francisco, nos últimos anos, esteja frequentado a mídia regional e até a justiça tem sido acionada para que os municípios ribeirinhos não arquem sozinhos com a responsabilidade de erradicar as muitas toneladas que chegam diariamente às suas praias e recantos turísticos.

O período chuvoso do final do ano de 2021 veio intenso e as muitas águas, que invadiram terras e propriedades construídas no caminho do rio fizeram também renascer, por quase três meses, as Cachoeiras de Paulo Afonso e encheram todos os reservatórios construídos ao longo do rio e assegurando tranquilidade quanto ao fornecimento de energia pelas usinas hidrelétricas.

Mas o rio tem muitas utilizações como o abastecimento humano e animal, a navegação, o turismo, a produção de energia hidroelétrica e a irrigação de lavouras. E, pelo que noticia na imprensa e corre nas redes sociais, tem havido um abuso e falta de controle do uso dessas águas, especialmente no tocante aos grandes, imensos projetos de irrigação. Outros asseguram haver um excesso de utilização de criatórios de peixes em gaiolas nas águas desse rio São Francisco.

Ou seja, continuam as polêmicas por conta das águas do rio São Francisco e um dia, todos sabem que a conta vai chegar. E está chegando.

Têm sido bem mais frequentes as notícias que o rio São Francisco e seus afluentes estão morrendo. Há um bom tempo de fala nisso mas os ouvidos se fingem de moucos e para não querer ouvir esses gritos de socorro.

E a conta do descaso, do desinteresse, das vaidades pessoais, dos interesses escusos, chegou. E ganhou a mídia e chega ao Jornal Nacional da rede Globo, com importante participação do pauloafonsino Sérgio Xavier que participa ativamente de ações na área do Clima e recentemente esteve em Paulo Afonso reunido com instituições do município com o objetivo de incluir o município de Paulo Afonso em um grande plano de desenvolvimento regional.

Reproduzimos a seguir a importante matéria veiculada em jornais de Pernambuco, com repercussões em outros estados do Brasil e em outros países com o preocupante título Bacia do São Francisco perdeu 50% da superfície natural de água e mais de 7 milhões de hectares de vegetação nativa nas últimas três décadas.

Também apresentamos o vídeo sobre o assunto, tratado no Jornal Nacional, no final da matéria.

Bacia do São Francisco perdeu 50% da superfície natural de água e mais de 7 milhões de hectares de vegetação nativa nas últimas três décadas

A Bacia do São Francisco perdeu 50% da superfície de água natural entre 1985 e 2020. Considerando as ações humanas que por exemplo trouxeram um aumento artificial de 13% da superfície de água de reservatórios, a redução foi de 4%, com as maiores perdas observadas no Alto e no Baixo São Francisco, 19% e 21% respectivamente.

Os dados são parte de um estudo lançado hoje, 3 de junho, pela iniciativa MapBiomas (www.mapbiomas.org) para marcar o Dia Nacional de Defesa do Rio São Francisco, a pedido do Plano Nordeste Potência, iniciativa de um conjunto de organizações brasileiras que trabalham pelo desenvolvimento verde e inclusivo da região.

Somente a ação humana pode ser insuficiente para manter o recurso na região, especialmente considerando cenários de redução de chuva previstos para os próximos anos. “A criação de reservatórios aumenta a superfície de água, no entanto temos observado uma tendência de perda de água nos principais reservatórios, além da perda de superfície de água natural significativa na bacia do Rio São Francisco, isso favorece um cenário de crise hídrica”, observou Carlos Souza Jr., coordenador do MapBiomas Água.

O estudo mostra como quatro grandes reservatórios apresentam tendência de queda na superfície de água nos últimos 36 anos. A maior das quedas é registrada na hidrelétrica Luiz Gonzaga (antes Itaparica), entre Pernambuco e Bahia, seguida por Sobradinho, Três Marias e Xingó.

“Esses números refletem o que nós podemos ver na prática. A Bacia do São Francisco sofre com o uso intenso e sem planejamento, seja dos recursos hídricos quanto do seu solo. Hoje existem populações que vivem nessa região e que já sofrem com essas variações. Precisamos implementar soluções como a recuperação das áreas degradadas o mais rápido possível, além de promover uma boa gestão dos recursos”, afirma Renato Cunha, coordenador executivo do Gambá (Grupo Ambientalista da Bahia).

A Bacia do São Francisco é a terceira maior do país e corresponde a cerca de 8% do território nacional. Ainda que haja grandes variações entre os anos, a tendência de queda é clara e soma-se a análises anteriores, inclusive do governo federal. Estudo feito em 2013 pela extinta Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, por exemplo, indicava que poderia haver uma perda de até 65% da vazão até 2040, com base no registro de 2005.

“Os preocupantes indicadores do MapBiomas mostram que é urgente a implantação de um profundo programa de revitalização, previsto desde o início do projeto de transposição e nunca realizado. Além das ações de reflorestamento, recomposição de áreas degradadas e obras de saneamento em centenas de municípios, é fundamental um plano de elevação e estabilização da vazão média do rio e incentivos a um modelo de economia que impulsione a regeneração da bacia hidrográfica”, propõe Sérgio Xavier, coordenador do Projeto HidroSinergia, do Centro Brasil no Clima – CBC, que está desenvolvendo o Lab de Economia Regenerativa do São Francisco nas fronteiras dos estados de Alagoas, Bahia, Sergipe e Pernambuco.

Alterações na paisagem

Outros dados do MapBiomas mostram que o uso da terra na bacia se intensificou no período. Atualmente, a cobertura de vegetação nativa nessa área é de 57%, mas chega a somente 30% no Baixo e 37% no Alto São Francisco.

Apesar de haver áreas consolidadas de agricultura e pastagem, a região hidrográfica perdeu 7 milhões de hectares de vegetação nativa nas últimas três décadas para a agropecuária, restando 36,2 milhões de hectares – desses, somente 17% estão em áreas protegidas. As pastagens ocupam 14,8 milhões de hectares e a agricultura, 3,4 milhões. A formação savânica foi a mais atingida, perdendo 4,6 milhões de hectares (14%). Além de Cerrado, outros dois biomas compõem a bacia, Mata Atlântica e Caatinga.

As regiões do Baixo e Submédio São Francisco apresentam as maiores taxas de aumento de áreas de pastagem, 50% e 85% respectivamente. No Médio São Francisco, o destaque é para o aumento de 650% da agricultura, principalmente para a expansão da soja nos últimos anos. Já na região do Alto São Francisco, a silvicultura cresceu 400%.

Esse avanço das atividades agrícolas se manifesta em outros indicadores. O Médio São Francisco registrou quase 2 mil alertas de desmatamento em 2019 e 2020, totalizando aproximadamente 99 mil hectares derrubados. A mesma sub-região mostrou o maior crescimento no número de sistemas de irrigação desde 1985, 1.870%, seguido pelo Alto São Francisco, com 1.586%.

“A bacia do São Francisco está sob pressão, tanto pela agricultura quanto pela geração de energia, que coloca em risco milhares de pessoas que vivem na região”, complementa Washington Rocha, coordenador da equipe Caatinga no MapBiomas.

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Sobre MapBiomas: iniciativa multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil, para buscar a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais, como forma de combate às mudanças climáticas. Esta plataforma é hoje a mais completa, atualizada e detalhada base de dados espaciais de uso da terra em um país disponível no mundo.

Todos os dados, mapas, método e códigos do MapBiomas são disponibilizados de forma pública e gratuita no site da iniciativa: mapbiomas.org

Assessoria de Comunicação MapBiomas: Silvia Dias 11 99191-7456 HidroSinergia: Luciana Nunes 81 99808-1747 e Rachel Motta 81 99924-5344




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