O dia 25 de julho é comemorado no Brasil como Dia do Escritor. “A data teve origem em 1960 com a realização do Primeiro Festival do Escritor Brasileiro, organizado pela União Brasileira dos Escritores sob a presidência de João Peregrino Júnior e Jorge Amado.
O objetivo da data é ressaltar a importância do trabalho desses profissionais, que através da escrita têm o poder de transmitir conhecimento, cultura, contar histórias, criar personagens marcantes e transformar não só as pessoas, mas também o mundo”.
Escrevi uma vez que o escritor é o companheiro da solidão. É mesmo no isolamento, em momentos de busca de respostas ou de questionamentos sobre situações, coisas e pessoas que nascem os poemas, as crônicas, contos, romances, as novelas da televisão, os filmes que nos empolgam, onde se ressalta o ambiente real ou imaginário que dá vida a histórias que, por outro lado, têm o poder de adoçar a vida de outros, instigar sua própria imaginação...
Há dias, recebi do amigo Edson Mendes, confrade da ALPA, o livro de Cecília Prada, escritora e jornalista muitas vezes premiada, chamado Profissionais da Solidão (SENAC-2013) que fala justamente dessa interação entre o escritor e a solidão.
Nesse livro se afirma que “a solidão não anda sozinha. Junto a ela podem estar as vozes da inquietação, da dúvida, do questionamento, da alegria ou da tristeza. Não é fácil entender as ideias que pairam na solidão; mesmo assim, diversos autores conseguiram compreender estas palavras, interpretar a densidade de um pensamento ou momento e registrar tudo isso em uma folha de papel. São eles os verdadeiros profissionais da solidão, aqueles que, de fato, encontraram na solidão a força para abranger a complexidade do mundo.”
Um dos grandes educadores e escritores contemporâneos, Rubem Azevedo Alves, psicanalista, educador, teólogo, escritor e pastor presbiteriano brasileiro, foi autor de livros religiosos, educacionais, existenciais e infantis, tendo escrito 160 obras. Ele viveu 80 anos e nos deixou há 6 anos, em 19 de julho de 2014.
Dele colhemos uma das mais preciosas definições do que é ser escritor. Ele disse: “Escrever é meu jeito de ficar por aqui. Cada texto é uma semente. Depois que eu for, elas ficarão. Quem sabe se transformarão em árvores! Torço para que sejam ipês amarelos.”
A Academia de Letras de Paulo Afonso, fundada em 5 de novembro de 2005, reúne no seu quadro 40 membros. Nem todos são escritores, no sentido de terem livros editados mas todos têm em comum o gosto pela leitura e pela escrita que se apresenta de várias formas, seja na criação de crônicas, publicadas regularmente em jornais, sites, blogs, ou na elaboração caprichosa de monografias, teses de mestrados, doutorados e pós-doutorados, sendo destacados pesquisadores, professores universitários, educadores de jovens e adolescentes.
E, em pesquisa realizada pela ALPA, descobriu-se que em Paulo Afonso, desde os seus primeiros tempos de vida já nasceram ou viveram por estas terras sertanejas cerca de 100 escritores, sendo o primeiro deles, quando Paulo Afonso ainda era Distrito do município de Glória, o primeiro presidente da Chesf, Antônio José Alves de Souza que resolveu apresentar um relatório da empresa no formato de livro chamado Paulo Afonso, publicado pela Serviço de Documentação do Ministério de Obras Públicas, no Rio de Janeiro, onde era a sede da hidrelétrica, no ano de 1954.
De lá para cá, muitos outros pauloafonsinos têm escrito e publicado livros, de poesias ou de relatos sobre pessoas e instituições de Paulo Afonso e região.
Todos esses escritores se ressentem da falta de apoio dos órgãos públicos e de empresas no apoio à publicação de suas obras. Ainda assim, com investimentos próprios e pequeno apoio de um ou outro empresário, também amante da leitura e da escrita, têm publicado seus livros.
A própria Academia de Letras, também sem esse apoio, tem feito grande esforço para publicar, com a contribuição dos próprios membros da ALPA um livro anual com artigos, homenagens, dedos de prosa e poesias de autores desta Academia e já produziu duas antologias com poesias de autores da ALPA e outros pauloafonsinos e um livro bem especial sobre o rio São Francisco porque a sua revitalização, por inteiro, como deve ser, sempre adiada, tem sido uma das lutas da ALPA, através dos seus escritores.
O livro/Revista da Academia de Letras de Paulo Afonso Nº 4, do ano de 2022 foi produzido com o apoio da Galcom Comunicações que fez a diagramação sem ônus para a ALPA e a sua impressão foi paga pelos próprios membros da ALPA.
A partir do ano de 2019, a Academia de Letras de Paulo Afonso já produziu sete(7) livros sendo quatro livros/Revista da ALPA, dos anos de 2019, 2020, 2021 e 2022, duas Antologias de Poetas de Paulo Afonso (e Convidados) e um livro sobre o rio São Francisco em prosa e versos.
Todos os livros produzidos pela ALPA têm suas capas com imagens da cidade e município de Paulo Afonso/BA.
Outra luta da Academia de Letras de Paulo Afonso que renovamos todos os anos e durante o ano em várias oportunidades é pelo apoio mais efetivo dos órgãos públicos, especialmente da gestão municipal no sentido de ser criada uma política para apoiar os escritores de Paulo Afonso, através de incentivos tanto às escolas, em todos os níveis e grupos de leitura e escrita que já existem na cidade ou através de instituições porque os custos gráficos são elevados e muitos se ressentem dessa falta de incentivo e apoio para publicar os seus escritos que acabam amarelando e morrendo nas gavetas...
A ALPA, nesse Dia do Escritor de 2022 formula esse apelo a cada um dos vereadores da Câmara Municipal de Paulo Afonso, assim como à Prefeitura Municipal de Paulo Afonso, nas pessoas do Sr. Prefeito Municipal e dos Secretários de Cultura e Esportes e de Educação para que seja estudada uma forma, a nível municipal, de maior incentivo à leitura e à escrita e apoio àqueles que desejarem publicar seus livros.
Ao abraçar a cada um desses “profissionais da solidão”, no Dia do Escritor, como temos feito ao longo de toda a sua história, continuamos disponibilizando os espaços no site www.folhasertaneja.com.br, assim como no Jornal Folha Sertaneja online para divulgar, sem custo, as produções de todos os escritores paulofonsinos e da região.
Parabéns a todos os escritores. E que, apesar das dificuldades, possamos continuar contando histórias de pessoas, das instituições, da vida, que permanecerão como legado e fonte de pesquisa para as gerações futuras.
Antônio Galdino da Silva
Presidente da ALPA
Viva o Dia do Escritor. Vida longa a ALPA.