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Professor Galdino

As dores e os lamentos do rio São Francisco e as promessas de revitalização que nunca chegam

Publicada em 08/10/22 às 00:03h - 373 visualizações

Antônio Galdino


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As dores e os lamentos do rio São Francisco e as promessas de revitalização que nunca chegam
 (Foto: Acervo de Antônio Galdino e Arq. Jornal Folha Sertaneja)

Entristeço-me quando vejo jovens, ainda em formação, com um nível de conhecimento sobre o rio São Francisco e a região muito limitado mas, botando fogo pelas ventas, instigado por ideologias político-partidárias e endeusando candidatos, associando questionamentos sobre o descaso para com o rio São Francisco com se gestos de atitude partidária fosse...

E, na minha adiantada idade, fico me questionando sobre o amanhã do Brasil, dos seus valores, do seu rio São Francisco, sob o olhar míope desses...

E lembro do refrão de uma música que levanta essa questão – Como será o amanhã?

Em artigo recente que é o Editorial do Jornal Folha Sertaneja Nº 213, de setembro/2022 mostrei, a partir de estudo feito ainda em 2006 com o TCC em grupo, do Curso da ADESG, como, ao longo dos anos vem se protelando as ações de revitalização do rio São Francisco, agredido todo o tempo pelos mais variados tipos de abuso do “ser racional”, o homem, ao longo da vida do rio.

O que se fez, em todas essas últimas décadas foi uma ação isolada aqui, outra ali, de pouco ou nenhum valor para a grandeza do problema e isso tem sido usado como resposta aos questionamentos que se acumulam pelos anos...

A modernidade, ao invés de trazer, pelo avanço das ciências, mais recursos e oportunidades para que este nosso rio São Francisco, responsável direto pela nossa existência nessas suas margens e pelo surgimento de centenas de grandes povoações ao longo do seu leito de quase 3 mil quilômetros tem produzido o descaso, o desinteresse e, sobretudo nos anos de eleições, uma enxurrada de promessas vãs de ações, nunca realizadas da revitalização de suas águas.

A irracionalidade do homem burla a vigilância quase nula dos órgãos de proteção da natureza e as doces águas do rio São Francisco, de onde se tirou, ainda a partir dos anos de 1950, a energia hidroelétrica para promover a redenção do Nordeste, vêm ficando poucas a cada ano... Estudos recentes mostraram que mais de 40 por cento dessas águas já foram perdidas.

E como a fiscalização dos órgãos de proteção da natureza é nula, pouca ou conveniente aos interesses de uns, vê-se, a cada dia, o rio São Francisco agonizando...

Como disse em artigo recente publicado nesse site, os grandes reservatórios de Três Marias, Sobradinho, Itaparica e Paulo Afonso, assim como os mais de três bilhões de metros cúbicos de águas existentes entre os paredões do cânion, em seus 65 quilômetros de Paulo Afonso a Xingó, são uma grande ilusão. Entre eles, em algumas épocas, atravessa-se o rio de uma margem a outra, a pé.

E, nas grandes estiagens isso é comum.

O rio já perdeu tanta força que há décadas os ribeirinhos que moram próximo à sua foz precisam subir o rio, de canoas ou outros meios de transporte, para conseguir a água doce para o seu consumo.

Espécies marinhas, como o tubarão martelo, de áreas temperadas e quentes de todos os oceanos em zonas de plataforma continental viraram notícia ao serem vistas em Propriá/SE, cerca de 80 quilômetros da foz do rio São Francisco.

Houve quem entranhasse quando afirmamos que em nosso estudo da ADESG dissemos que "o governo federal havia se comprometido a desenvolver o processo de revitalização do rio São Francisco, em 2006/2007, envolvendo nesse processo 14 ministérios".

Fizemos nova pesquisa sobre estas ações federais em relação ao rio São Francisco e descobrimos rapidamente que esse nosso modesto Jornal Folha Sertaneja, num trabalho primoroso da jornalista Lúcia Reinaldo para esse mensário, mostrou que ainda dois anos antes desse estudo para a ADESG, o tema foi abordado, com o envolvimento de vários ministérios do governo federal, em um Seminário Internacional, realizado de 19 a 21 de abril de 2004, no Instituto Xingó, que tratou justamente do Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do São Francisco.

Também a Academia de Letras de Paulo Afonso, formada por escritores, mestres, especialistas, doutores, pós-doutores já se posicionou em várias oportunidades sobre esses gritos de socorro do rio São Francisco e, no ano de 2020, publicou um livro com artigos, textos, crônicas, poesias chamado Rio São Francisco em Prosa e Versos (à venda na Suprave ou direto com a ALPA através do WhatsApp 75-99234-1740) falando apenas desse rio considerado o rio de integração nacional

A sua bacia hidrográfica é a mais extensa entre as bacias exclusivamente nacionais e possui uma área total de 639.219,4 km2, sendo que: 62,5% dessa área localiza-se na região Nordeste do Brasil; 36,8%, na região Sudeste; e 0,7%, na região Centro-Oeste. A bacia abrange os estados de Goiás (e o Distrito Federal), Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas, e Sergipe.

Assim, senhores e jovens mal informados, o que existe, de fato, em todos os governos, desde o século passado, é um total descaso, desinteresse em se investir muito e a cada ano num projeto de total revitalização do rio São Francisco, para que ele não morra.

E como as coisas estão andando e os abusos têm sido cada vez maiores, imensamente maiores serão os recursos necessários para que o rio São Francisco, já chamado de rio da unidade nacional, caminho da civilização brasileira e de outros nomes pomposos, seja, tão somente o majestoso rio que tanta riqueza continua trazendo a parte do Sudeste e ao Nordeste brasileiro.

Quanto à majestosa Cachoeira de Paulo Afonso, que atraiu os olhares do Imperador D. Pedro II, e foi inspiração para Castro Alves, Luiz Gonzaga, Zé Dantas, Diogo Brito e um sem número de poetas e prosadores, de tempos em tempos, nas grandes cheias do rio, retoma a sua beleza e encanta a todos para, pouco tempo depois voltar a ser “apenas um retrato na parede", como já escrevia o historiador e poeta José Carlos Feitosa, o Carlinhos da Sala dos Visitantes, ainda nos anos de 1980.


O grito do Velho Chico

José Carlos Feitosa


Rio São Francisco,
Rio da integração,

Fazer desse torrão teu caminho

É o grande presente do Criador.

Como criatura te agradeço,
O Nordeste de abraça e reverencia,

Te admiro velho guerreiro,
Tu, destemido e generoso nos trazes alento,

Tu nos fazes esperançosos e corajosos
Rasga teu leito neste chão árido,

Suavizas nossas agruras,
E com força empurras o mar.

Escuto teu grito perdendo forças,
Quem dera perpetuar o teu curso,

Eternizar o véu da noiva...

Choro contigo meu Velho,
Sei que as quedas da cachoeira
Serão, em breve, apenas um retrato na parede.


Paulo Afonso, março de 1980.

Repito aqui o que afirmei no final do outro artigo: o nosso grande e importante rio São Francisco vem gritando por socorro mas parece que todos estão surdos, porque não querem ouvir e ainda mudos, porque se calam e, com certeza, cegos, porque não querem ver... Desde décadas atrás...

Até quando?

Veja mais sobre "Rio São Francisco" em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/rio-sao-francisco.htm




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1 comentário


Marcos Antônio Lima

08/10/2022 - 07:57:58

Infelizmente, esse descaso para com o Rio São Francisco é uma triste realidade, que pode ser mudada a partir de ações de revitalização, nas, agiremos a tempo?


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