Muito antes do escritor Euclides da Cunha espalhar pelo Brasil, em seus escritos e no seu livro mais famoso, Os Sertões, que só foi publicado em 1902, que o “sertanejo é, antes de tudo, um forte”, a fortaleza desse povo sertanejo já fazia história... Há muito tempo...
Sabia não? Oxente! Pois aprenda, cabra e deixe de ser desavisado.
E olhe, não quero me esticar muito que o assunto dá pra fazer um monte de livros.
Não se avexe não, esse pequeno texto é só pra lembrar que o nordestino é mesmo gente de uma nação guerreira, vencedora, que costuma tirar leite de pedras, mas não se entrega não.
Como diz Patativa do Assaré, ele até pode arribar prás terras do sul, tentar melhorar de vida, mas tá sempre com um olho lá e outro aqui, doidim pra voltar, visse?
Nascido nestas terras abençoadas, em Zabelê, na Paraíba, no tempo em que nem era cidade e era ligado a Monteiro, há mais de 70 anos, me associo a todo nordestino, gente do bem, nesse dia que é de todos nós, da Nação Nordeste, orgulho do Brasil!
O Dia do Nordestino foi oficializado, na cidade de São Paulo, por meio da lei nº 14.952, de 13 de julho de 2009, onde há a maior concentração de nordestinos fora da região em todo o país. A data marca a celebração da cultura do Nordeste, rica em costumes, tradições, gastronomia e expressões encantadoras do vocabulário regional, o ‘nordestinês’.
Mas é também uma homenagem ao poeta cearense Antônio Gonçalves da Silva, conhecido como Patativa do Assaré (1909 – 2002), em comemoração do seu centenário de nascimento que foi no dia 5 de março de 2009.
Interessante que outros municípios brasileiros também procuraram homenagear os nordestinos, como reconhecimento da sua contribuição para o desenvolvimento de regiões inteiras do país.
Bem antes do que fez a Câmara Municipal do município de São Paulo, a Câmara Municipal do município do Rio de Janeiro, já havia criado o Dia do Nordestino pelo Projeto de Lei Nº 312/2005, de 09 de junho de 2005, de autoria da Vereadora Suely, Líder do PRONA, mas considerando esse dia como 13 de dezembro, em homenagem ao nascimento de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.
Não vai ser por falta de data no calendário que não vai se comemorar o DIA DO NORDESTINO.
Aliás, nem precisava dessas formalidades que o nordestino nunca pediu esse tipo de reconhecimento. Todos, mesmo os que não falam bem desse povo trabalhador, reconhecem o seu valor. São Paulo e Rio de Janeiro, e outros municípios e regiões do país sabem do peso da presença dos nordestinos no desenvolvimento destas regiões. Assim como na região Norte e no próprio Nordeste.
Não tem como não lembrar e aplaudir muito e sempre que foram os “cassacos” nordestinos, homens iletrados mas determinados e trabalhadores, que construíram as primeiras usinas da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, ainda na década de 1950 e continuaram construindo outras usinas e grandes reservatórios ao longo de quase cinquenta anos.
E a Chesf, pelo trabalho desses homens e mulheres sertanejas promoveu a redenção do Nordeste e continua sendo, mais de 70 anos depois, a maior empresa do Nordeste.
Em cada estado da região Nordeste há expoentes na cultura, na literatura, nas artes, nas ciências, na engenharia, na medicina, em todas as vertentes do conhecimento do ser humano e estes homens e mulheres tiveram uma vida dura, trabalho pesado, condições precárias de estudos mas hoje, para onde se olhar, no Brasil e em outros países, vai-se encontrar um nordestino no topo de grandes e respeitadas empresas e instituições.
Do inspirador para a homenagem do município de São Paulo, Patativa do Assaré, pode-se dizer ser ele um dos maiores senão o maior poeta nordestino que cantou as mazelas e o sofrimento do seu povo como ninguém.
Em uma de suas obras, Triste Partida, gravada por Luiz Gonzaga e depois por muitos outros cantores, ele relata a tristeza do nordestino ao ter que abandonar a sua terra, como fizeram milhões, para ir sofrer, como escravo, em outras terras, expulsos que foram pela agressão da seca e o abandono dos governantes que só costumam aparecer naquelas brenhas somente no tempo de eleição...
Algumas estrofes de Triste Partida, de Patativa do Assaré.
Setembro passou
Oitubro e Novembro
Já tamo em Dezembro
Meu Deus, que é de nós,
Meu Deus, meu Deus
Assim fala o pobre
Do seco Nordeste
Com medo da peste
Da fome feroz. (...)
Agora pensando
Ele segue outra tria
Chamando a famia
Começa a dizer
Meu Deus, meu Deus
Eu vendo meu burro
Meu jegue e o cavalo
Nós vamos a São Paulo
Viver ou morrer
Ai, ai, ai, ai
Nós vamos a São Paulo
Que a coisa tá feia
Por terras alheia
Nós vamos vagar
Meu Deus, meu Deus
Se o nosso destino
Não for tão mesquinho
Cá pro mesmo cantinho
Nós torna a voltar.
No Dia do Nordestino e todos os outros dias, tiro o meu chapéu e rendo a minha maior homenagem aos nordestinos pioneiros de Paulo Afonso, os "cassacos" que, como essa espécie de animais sertanejos, se embrenharam escavando as rochas dos paredões de granito para lá embaixo, mais de 80 metros no ventre da terra, construir os ninhos para os geradores que produziram a energia hidroelétrica.
A partir desse seu trabalho heróico, a "luz de Paulo Afonso", mudou a história da vida do Nordeste que é escrita em dois grandes capítulos: Nordeste AC - Antes da Chesf e Nordeste DC - Depois da Chesf.
E tudo começou com o trabalho duro desses sertanejos, nordestinos.
Como já dizia o nordestino paraibano Ariano Suassuana, “não troco o meu OXENTE, pelo OK, de ninguém”.
E para falar como mais maestria sobre esse tema, andei futucando pela internet e achei essa preciosidade do também sertanejo, Bráulio Bessa, cearense como Patativa do Assaré. Veja o vídeo aí embaixo, seu menino!
Ah! E Feliz Dia do Nordestino. Todos os dias!!!
Algum da foto vivo?????????