O Memorial Chesf, que completou 25 anos de sua inauguração em 25 de outubro de 2022, foi enriquecido desde a sua construção pelas obras de artes dos chesfianos que ali estão, como os grandes painéis e quadros de acrílico sobre tela, de Hilson Costa, os aramados de OLIVEIRA e uma parede de 10,60m por 3,10m, no estilo xilogravura, de Marcel.
Em depoimento Hilson Costa, hoje aposentado da Chesf e arquiteto com escritório montado com os filhos em Aracaju, esclarece esse momento e como desenvolveu o seu trabalho para o Memorial Chesf de Paulo Afonso, no final dos anos de 1990.
“Quando o Memorial Chesf estava na fase final de sua construção, já nos acabamentos, fui procurado pelo Professor Antônio Galdino que me perguntou da possibilidade de serem feitos por mim alguns painéis de pintura para o salão do auditório e alguma coisa, quadros com motivos da Chesf, de Paulo Afonso, de personagens da história da região e eu disse que toparia fazer esse trabalho mas, como eu era funcionário de outra área da Chesf, a Gerência de Operação, que tinha o Engenheiro Zanyl como gestor, pedi que o Professor Galdino pedisse a minha liberação a ele para me dedicar inteiramente a esse trabalho e o Engenheiro Zanyl liberou sem nenhum problema.
Disse ao Professor Galdino que precisava de liberdade para escolher as ilustrações e o material para elas e assim aconteceu. E me dediquei especialmente a duas áreas do Memorial Chesf: a recepção e o auditório Graciliano Ramos.
Na recepção, foi pintado, no teto, um afresco que procura contar a história da vitória da inteligência do homem sobre a força do rio, ali representados pelas figuras da cobra e do touro, lembrando o monumento do Touro e Sucuri, obra do escultor baiano da cidade de Barra, Diocleciano..., que foi colocado no lago do mesmo nome em 1968 pelo Dr. Amaury Menezes.
O afresco mostra também esses elementos associados às ensecadeiras que foram construídas para permitir o desvio do rio para se construir a Barragem Delmiro Gouveia que alimenta as três primeiras usinas da Chesf em Paulo Afonso, diz Hilson Costa.
Na versão original, as paredes laterais da Recepção do Memorial receberam quadros, acrílico sobre tela, em homenagem a Delmiro Gouveia que deu a ideia do aproveitamento das águas do rio São Francisco e sua Cachoeira de Paulo Afonso para gerar energia hidroelétrica, ao construir a Usina Angiquinho em 1913, na margem esquerda deste rio, lado alagoano.
Em um quadro, Hilson Costa transportou uma foto tradicional de Delmiro Gouveia, como fotografado na varanda de sua casa, na Vila da Pedra, lendo o jornal do dia, para a margem alagoana do cânion do rio São Francisco, de onde observa a Usina Angiquinho, ao lado da Cachoeira de Paulo Afonso.
Em outra pintura, o homenageado é o Engenheiro Amaury Alves de Menezes que foi diretor técnico da Chesf por muitos anos e presidente por cerca de seis meses, pois assumiu a presidência da hidrelétrica após a morte de Dr. Antônio José Alves de Souza, de infarto, em 18 de dezembro de 1961 e passou o cargo para Apolônio Jorge de Farias Sales, em maio de 1962.
O Engenheiro Amaury Menezes teve uma fantástica visão ecológica na época, o que não era comum, mandando construir cerca de 20 pequenos lagos e arborizar todo o Acampamento da Chesf, hoje Bairro Chesf e, com isso, conseguiu melhorar o clima de quase deserto em toda a área administrada pela Chesf, tudo construído no meio da caatinga sertaneja. Amaury Menezes foi retratado ao lado do Mirante do Cogumelo, no alto do qual montou o seu escritório e dali tinha uma visão panorâmica da barragem Delmiro Gouveia, das cachoeiras e do leito do rio São Francisco, no início do cânion de 65 quilômetros, que vai até a Usina Hidrelétrica de Xingó.
Um terceiro quadro pintado por Hilson Costa mostra uma das visitas do presidente Eurico Gaspar Dutra à Chesf. O hangar da Chesf era instalado no início da hoje Avenida Apolônio Sales, no atual Centro de Cultura Professora Lindinalva Cabral. Toda a Avenida Apolônio Sales foi a pista de pousos e decolagens de aeronaves, inclusive de voos comerciais, por dezenas de anos e foi muito importante no apoio às atividades de construção das primeiras usinas da Chesf.
Sobre os painéis do auditório Graciliano Ramos, do Memorial Chesf, diz Hilson Costa:
“Escolhi 4 fotos que me foram muito fortes e têm muita poesia. Pode-se dizer que a arte é a poesia pintada. Em cores. Desde o começo, algumas fotos me chamaram a atenção destacando situações e personagens das obras da Chesf e da cultura local, nos primeiros tempos da Chesf, tais como o “cassaco”, o homem carregando pedras, o difícil acesso de trabalhadores e encarregados ao fundo do túnel de 80 metros de profundidade, o fechamento com as ensecadeiras que permitiu o desvio do rio e o pastoril que se realizava todos os anos nos festejos natalinos na povoação chamada Vila Poty e ainda nos primeiros anos da cidade de Paulo Afonso”.
Ressalta o artista Hilson Costa que, ao ser convidado para criar esses grandes painéis do Memorial Chesf de Paulo Afonso ele levou em conta que esse trabalho precisava ser feito como um registro documental destacando valores culturais, tanto no amor envolvido pelo empregados ao realizarem as suas tarefas como, sempre com total disposição e disponibilidade e até demonstrando bom humor em situações de risco, como mostra a figura do empregado pendurado no improvisado elevador, como na essência da valorização da cultura regional, retratado nas figuras dos partidos azul e encarnado do Pastoril Juvenil de Natal que era realizado todos os anos no período natalino.
Para imprimir maior resistência a esses painéis que estão no Auditório Graciliano Ramos, do Memorial Chesf de Paulo Afonso já há 25 anos, Hilson Costa preferiu utilizar acrílico sobre tela.
Todos os painéis têm quatro metros de altura, sendo dois deles, o Pastoril e o Homem carregando pedra, com dois metros de largura e os outros dois, Homens da Caverna e O grande desafio, com três metros de largura.
Hilson Cordeiro Costa (assina Hilson Costa), nasceu em 1964, na cidade de Paulo Afonso- BA. Filho de Severino Cordeiro Costa e Hilda Cordeiro Costa.
Frequentou oficinas de artes plásticas em escolas do Estado e em movimentos de secretaria do Estado da Bahia e Sergipe, dos 12 aos 18 anos.
Posteriormente, passou a estudar sozinho explorando as paisagens da região e participando de exposições coletivas e individuais realizadas no Clube Operário de Paulo Afonso / Espaço Cultural PMPA / Hall Banco do Brasil / Memorial CHESF / Hall da Usina Hidroelétrica PA IV / Hall da Usina Hidroelétrica de Xingó / Espaço Cultural Raso da Catarina e Galeria do Centro Cultural Maurice Ravel em Paris/França.
Aposentado da Chesf, é Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Tiradentes Arquitetura & Urbanismo - SE – Brasil.
Em outubro de 2018 participou da Amostra Brasileira Coletiva dos 12 discípulos das artes em Paris, na fundação Maurice RAVEL, quando divulgando a cidade de Paulo Afonso e a região Nordeste através da CULTURE BRESIL EUROPE.
Para completar o acervo do auditório, foram feitas duas esculturas em ferro, aramado, pelo funcionário que assinou suas obras como OLIVEIRA e que trabalhava na serralharia do SPOM. Um desses painéis representa os personagens Flaviano, a cadela Baleia e o sol inclemente do Nordeste, do livro Vidas Secas, e o outro, personagem do livro São Bernardo, ambos do escritor alagoano Graciliano Ramos, nome sugerido pelo ex-presidente da Chesf, Sérgio Moreira, também alagoano, que autorizou o início do processo de construção do Memorial Chesf de Paulo Afonso”.
Além dessas obras de arte, no Auditório e na Recepção do Memorial Chesf, foi construída, ao lado do auditório Graciliano Ramos, toda uma parede com desenhos em alto relevo no estilo de xilogravura, numa extensão de 10,60 metros de comprimento por 3,10 metros de altura, com elementos que contam a história do rio São Francisco e suas usinas hidrelétricas ao longo do seu percurso.
Esse painel fica diante de uma passarela sobre um pequeno lago ou fundo na cor de águas e dentro desse espaço há um nicho com uma imagem de São Francisco de Assis. Na passarela, os visitantes são informados sobre o rio São Francisco e o seu potencial das usinas hidroelétricas e a cultural regional.
Esse gigantesco painel foi construído pelo funcionário do SPOM chamado Marcel, que morava em Itaparica e foi concluído no dia 17/10/1997, uma semana antes da inauguração do Memorial Chesf que foi em 25 de outubro de 1997. Marcel faleceu poucos meses depois da inauguração do Memorial Chesf.
VEJAM MAIS sobre a história do Memorial Chesf de Paulo Afonso vendo os CAP I e CAP II já publicados nesse site. Para isso é só acessar os links abaixo. O assunto se encerra com o CAP IV em preparo. Obrigado.
https://www.folhasertaneja.com.br/noticias/colunistas/659960/1
https://www.folhasertaneja.com.br/noticias/colunistas/659994/1
Trabalhei em Paulo Afonso e tive a honra de ter o Prof. Galdino como chefe e Hilson comoamigo.Aproveito a oportunidade para exaltar as qualidades artísticas do amigo Hilson.