Para o calendário turístico do Brasil são considerados os meses de dezembro e janeiro e também julho da chamada alta estação, quando aumentam significativamente as viagens, tendo em vista as férias escolares.

No Nordeste, particularmente, esse período já começa com bastante intensidade a partir do mês de novembro, tendo em vista o clima na região. E já estamos em novembro.

Assim, resolvemos fazer um pequeno diagnóstico sobre a situação das três praias de Paulo Afonso.

Muito embora o foco seja direto para a principal praia de Paulo Afonso, conhecida como Prainha, onde aconteceu a Copa Vela durante cerca de 30 anos, a observação também alcança outras duas praias de Paulo Afonso: a Praia Airton Sena, no Lago de Moxotó, Bairro Centenário e a Prainha do Candeeiro, próxima da Usina Paulo Afonso 4, no mesmo Lago onde também está a Prainha de Paulo Afonso. 

Todas elas, por receberem um grande fluxo de pessoas, merecem atenção urgente da Prefeitura de Paulo Afonso. Para a preservação desses espaços como atrativos turísticos e patrimônio natural e adequação necessária para a preservação de vidas.

A Prainha de Paulo Afonso –

Ela nasceu depois que a Chesf construiu o Canal da Usina PA-4, com seis quilômetros de extensão levando por ele as águas do Lago Moxotó para formar o Lago da Usina PA-4 e com estas águas alimentar essa grande usina hidrelétrica, uma das cinco instaladas em terras pauloafonsinas, sendo que a Apolônio Sales está na divisa deste município baiano com o município de Delmiro Gouveia/Alagoas.

Assim era o Balneário Encantos Mil, como o batizou o Prefeito Abel Barbosa

A Prainha de Paulo Afonso nasceu na gestão do Prefeito Abel Barbosa (1979/1985) quando a Chesf passou para o município o espaço da prainha formada no início do Lago da Usina Paulo Afonso 4 que Abel Barbosa batizou de Balneário Encantos Mil e que logo passou a atrair grande público para suas áreas de banho.

Anos depois, na gestão do Prefeito Luiz Barbosa de Deus (1989/1992) foi criada a Copa Vela que se transformou então no maior evento turístico de Paulo Afonso e nessa praia foram realizadas várias etapas de competições de velas, tendo atraído para Paulo Afonso grandes velejadores, medalhistas de Olímpiadas nesse tipo de esporte, como Grael.

A localização da Prainha de Paulo Afonso faz com que os ventos sejam muito favoráveis para essa prática de esportes, e isso foi muito elogiado por velejadores que aqui participaram dos primeiros eventos.

À Copa Vela, dos esportes, foi associado um carnaval fora de época e o evento passou a atrair grandes multidões para as festas nas avenidas centrais da cidade-ilha.

A importância da Prainha de Paulo Afonso fez com que a Prefeitura de Paulo Afonso ali construísse, inicialmente de forma padronizada, vários boxes em alvenaria que passaram a ser explorados comercialmente por pequenos empresários que receberam esses lotes no regime de comodato.

Mas, a Prefeitura foi, ao longo dos anos deixando as coisas acontecerem na Prainha sem o acompanhamento e a fiscalização devidas e os pequenos boxes começaram a ser ampliados a gosto de cada um dos que o administravam e alguns foram passando de um para outro, a seu bel prazer. Começaram os abusos do uso de som e da descaracterização original dos boxes que, tanto cresceram desordenadamente como passaram a estampar em suas fachadas todo tipo de visualização numa poluição visual terrível.

O pior ainda viria. Os administradores dos boxes, agora enormes, se acharam no direito de também se apropriarem das áreas de areia destinadas aos banhistas e criaram ruas de enormes coberturas eliminando totalmente a área de praia.

Embora seja essa prainha, como as outras duas, frequentada por grande público e possuam muitos bares nunca se teve um serviço regular de salva-vidas, o que acontecia apenas nos dias de Copa Vela, já em suas últimas edições.

A Copa Vela, por seu turno, nas últimas gestões municipais, passou a priorizar o carnaval fora de época e o esporte no Lago da Usina PA-4 passou a ser apenas um pequeno apêndice do evento.

Durante muitos anos a Prefeitura e a Chesf foram parceiras em vários eventos. A Copa Vela foi um deles pois era apoiado pela Chesf em Sobradinho e foi trazido para Paulo Afonso pela hidrelétrica do São Francisco e por ela apoiado durante várias edições.

Nas últimas gestões municipais, especialmente quando se discutia a transferência do Hospital da Chesf para o Governo do Estado da Bahia ou para a Univasf, a Chesf e a Prefeitura começaram a se distanciar e muitas ações passaram a ser resolvidas com intervenções judiciais, como aconteceu recentemente quando a hidrelétrica foi obrigada a retirar as plantas baronesas da Prainha de Paulo Afonso por decisão da justiça, o que já tinha feito a Prefeitura várias vezes com grande custo.

Em 11 de outubro de 2022 a Chesf encaminha nota para a imprensa informando a conclusão da retirada das baronesas por determinação judicial mas afirmando que também está na justiça para mostrar que essa não é uma responsabilidade da empresa hidrelétrica.

Vem à lembrança que em agosto de 2016, quando em campanha para o seu primeiro mandato dos dois últimos, o então candidato a prefeito Luiz de Deus recebeu um pré-projeto de total revitalização da Prainha de Paulo Afonso que, pela proposta seria transformado num moderno Terminal Turístico de Paulo Afonso.

O candidato se empolgou com a proposta e chegou a anunciar que, se fosse eleito, como foi, essa seria a primeira grande obra de sua gestão. Não foi. E já se passaram seis anos e estamos no final do segundo ano do seu segundo mandato consecutivo.

É de se perguntar se algum dos deputados estaduais ou federais que se dizem representantes de Paulo Afonso tem algum interesse em destinar alguma verba, de emenda parlamentar, para tal finalidade?

Ademais, com a última atuação da Chesf para fazer a limpeza das baronesas na Prainha de Paulo Afonso, concluída, segunda a hidrelétrica em 11 de outubro, e para isso utilizando grandes e pesadas máquinas, há outra pergunta que não quer calar: porque estas máquinas ainda estão lá, interditando as áreas de banho da Prainha de Paulo Afonso, quase um mês depois de concluído o serviço? (A foto acima é de 01/11/2022).

Há outros aspectos que devem preocupar a gestão municipal e, especialmente a Secretaria de Meio Ambiente. Vejam a foto acima.

Não se pode esquecer que a Prainha de Paulo Afonso já sediou a Copa Vela, aliás iniciada na primeira gestão do atual prefeito Luiz de Deus e ali foi realizada por 30 anos. E isso deixou de acontecer este ano, por conta das plantas baronesas e os empresários ali estabelecidos e outros do comércio local fizeram investimentos com o olho na Copa Vela que não aconteceu.

Também a Prainha é cenário para o encerramento da Procissão Fluvial de São Francisco e este ano, pelo mesmo motivo, isso não aconteceu.

Por fim, é lamentável ver-se o estado em que ficou parte da área de banho da Prainha de Paulo Afonso com o uso de máquinas e veículos pesados no processo de limpeza das baronesas, o que, para voltar à condição de uso, pelo menos parecida com o que era vai exigir outra trabalheira e demandar grande custo para o município de Paulo Afonso.

Repetimos a foto acima, para lembrar que temos a esperança e a expectativa de nossa Prainha de Paulo Afonso voltar a ser como na foto abaixo. Ou pelo menos próximo disso...

É então, talvez a oportunidade de chegarem as emendas parlamentares dos senhores deputados e dos vereadores e, de uma vez por todas, que se dê à Prainha de Paulo Afonso a importância que tem para o turismo no município que costuma receber grande número de visitantes nesses meses de verão e de calor intenso.

A Prainha Airton Sena e a Prainha do Cadeeiro

A Prainha Airton Sena, localizada no Bairro Centenário oferece uma área de banho agradável e a proximidade com o espaço conhecido como Bico da Pedra, tem atraído muitos banhistas.

Entretanto, a total falta de fiscalização da Prefeitura e também da Chesf, possibilitou que fosse totalmente descumprida a norma que assegura que nenhuma construção pode ser feita a menos de 30 metros de lagos, lagoas, rios, da borda dos cânions...

Na Prainha do Candeeiro (foto 15º GBM in Grupo WhatsApp)

Aliás, essa tem sido regra comum em Paulo Afonso. Na prainha Airton Sena e também na Prainha do Candeeiro, como tem alertado seguidamente o comandante do 15º Grupamento de Bombeiros Militar num excelente serviço de prevenção que essa guarnição militar tem feito em Paulo Afonso e região, além da falta de sinalização indicativa de áreas perigosas para banho.

Há o grande agravante que os bares estão construídos dentro da água e também o fato de não se ter a presença permanente de salva-vidas, tendo sido inclusive sugerida a contratação pela Prefeitura de bombeiros civis para essa atividade nas prainhas de Paulo Afonso. Especialmente nessas praias e outras áreas de banho, muito procuradas por banhistas e até por visitantes que desconhecem os riscos dessas áreas de banho.

Prainha Airton Sena

Sobre a Prainha Airton Sena, chegou a ser anunciado por um secretário da Prefeitura, tempos atrás, que há um grande e, certamente, bem oneroso, projeto de retirada das construções de dentro da água para serem reconstruídas em espaço mais acima, deixando a área de 30 metros da margem do lago livre de construções.