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Professor Galdino

Junto às águas, aliviando a bagagem...

Publicada em 19/11/22 às 00:57h - 491 visualizações

Antônio Galdino


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Junto às águas, aliviando a bagagem...
 (Foto: Antônio Galdino e acervo do autor)

Nos pesados tempos da pandemia que ceifava vidas e trazia inquietação às pessoas, escrevi e republiquei umas duas vezes, neste site e também no Facebook, um texto que procurava trazer paz aos leitores, com esse título: Junto às águas, aliviando a bagagem...

Eu me inquietava com a força que as estatísticas ganhavam nos horários nobres da televisão, onde, parecia que cada emissora de TV ficava mais feliz em anunciar primeiro quantos morreram da Covid-19. As pessoas eram, agora, apenas números, estatística e parecia haver prazer em se anunciar o choro, o desespero, a falta de fé, a desesperança.

Escrevi esse texto depois de ler o livro Aliviando a Bagagem, de Max Lucado.

Hoje, sem o peso enorme dessa carga da pandemia, bem aliviada, há a inquietação das pessoas que se agridem, se desrespeitam porque pensam diferentes uns dos outros.

Há grupos nas redes sociais em que parece haver especialistas em tirar o sossego de outros.

Assim, como uma reflexão para os nossos dias, resolvi republicar, com alguns ajustes e mudanças necessárias, o conteúdo que segue, citando, nesse desenvolvimento, pensadores, poetas que também refletiram sobre aliviar a grande bagagem que nos permitimos carregar sobre nossos ombros.

E, contrariando tantos que pregam a desesperança e a falta de paz, fui reler versículos bíblicos, Max Lucado, Dedé Monteiro, Cora Coralina, Almir Sater,...

E, diferente de outros, de pensamentos tão negativos, decidi mexer no fundo do baú e ali encontrei o que publiquei no Facebook há uns seis anos atrás, quando a vida era só abraços e sorrisos. Publiquei-o lá, com muitas fotos. Ali, escrevi:

“Hoje, abri a janela e me encontrei com um lindo dia. E pensei nas correrias dos que querem se eleger nas próximas eleições e dos que correm tanto para juntar fortunas para deixar para os herdeiros brigarem por ela.

Decidi que devo continuar sendo grato a Deus por tudo que ele me tem dado, suprido às necessidades para a minha caminhada e da minha família.

E lembrei que o melhor é mesmo pensar nos ensinamentos bíblicos que dizem que "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu." (Ec.3:1) e também afirmam que A cada dia basta o seu cuidado" (Mt 6,34)

Talvez tenham sido essas reflexões que inspiraram Almir Sater a escrever a canção Tocando em Frente, quando diz: “Ando devagar, porque já tive pressa, e levo esse sorriso...”

Hoje, como antes, lembrei que reflexões como estas talvez tenham também inspirado Cora Coralina, a jovem poetisa do alto de sua sabedoria de mais de 70 anos, que escreveu:

"Pedi um favor ao vento:

Leve tudo que for desnecessário.

Ando cansada de bagagens pesadas...

Daqui para frente levo apenas o que couber no bolso e no coração"...

Ah! E sobre esse tema, Max Lucado escreveu todo um livro chamado Aliviando as Bagagens.

E nesse livro ele nos mostra e reflete à luz do Salmo 23 da Bíblia, que, ao longo da nossa caminhada, vivemos carregando fardos, muitos deles muito pesados para os nossos ombros já tão cansados. Carregamos os fardos da autoconfiança, do descontentamento, do cansaço, da preocupação, do desespero, da culpa, da arrogância, da aflição, do medo, da solidão, da vergonha, do desapontamento, da inveja, da dúvida, da saudade, até da pequena fé que não nos faz enxergar um Deus grande e poderoso o suficiente para nos aliviar de todos esses fardos.

Quem puder, leia esse livro...

Nesse cenário de intranquilidade dos dias atuais em que a paz, a fé, o amor, parecem sucumbir, lembrei do belo soneto de Dedé Monteiro chamado

AS QUATRO VELAS

Quatro velas ardiam sobre a mesa,

E falavam da vida e tudo o mais.

A primeira, tristonha: “Eu sou a PAZ,

Mas o mundo não quer me ver acesa…”


A segunda, em soluços desiguais:

“Sou a FÉ! Mas é triste a minha empresa:

Nem de Deus se respeita a Realeza…

Sou supérflua, meu fogo se desfaz…”


A terceira sussurra, já sem cor:

“Estou triste também, eu sou o AMOR…

Mas perdi o fulgor como vocês…”


Foi a vez da ESPERANÇA – a quarta vela:

“Não desiste ninguém, que a vida é bela!

E acendeu novamente as outras três!

(Dedé Monteiro) 

E me voltei para o Salmo 23 onde está: “...guia-me mansamente às águas tranquilas" e resolvi ilustrar essa reflexão com belas paisagens de águas tranquilas, das águas do Velho Chico, o rio São Francisco em seus lagos imensos, como o de Moxotó ou pequenos e aconchegantes como o lago do Capuxu ou ou do Touro e Sucuri que, na Primavera, se vestem de flores amarelas e das cores das caraibeiras... 

Lagos de Moxotó, do Touro e Sucuri e do Capuxu

Ou revejo as imagens das muitas águas do rio São Francisco, de anos atrás, com a sua Cachoeira bela e suas águas... A Prainha de Paulo Afonso na Copa Vela... As muitas águas emolduradas pelos paredões de granito do cânion desse rio que percorre 65 quilômetros de Paulo Afonso até à barragem de Xingó para, depois, voltar ao seu leito e ir se espalhando rumo à foz, duzentos quilômetros à frente para o último abraço com o mar, em que as águas do rio se transformam.


Fiz essa viagem. Me redescobri passeando e observando as águas aprisionadas do São Francisco pelos paredões do cânion, em Paulo Afonso e olhando, emocionado, o abraço do rio com o Oceano Atlântico sob os olhares dos barquinhos de Piaçabuçu/AL...

Até, pelo meio desse caminho, eu me reencontrei, há muitos anos atrás, relaxando numa rede às margens desse rio tão maltratado e ainda tão importante para todos, numa das muitas curvas do Velho Chico, em terras delmirenses...

A mansidão das águas permite esses devaneios e poesia e um grande alívio das pesadas bagagens que são colocadas sobre nossos ombros todos os dias...

E, se olhar com atenção você vai ver que está cercado de belezas e de muitas águas, remansos do Velho Chico, como um convite ao relaxamento, à paz, à leitura de um bom livro...

Tenham todos um bom final de semana... se possível, no aconchego do carinho dos mais amados, livre, solto na natureza, talvez admirando as águas calmas e que os próximos dias, sejam de alegria e de paz, bem aliviado destas tantas bagagens que te sufocava...

Fraternal abraço.

Professor Galdino.




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4 comentários


Paurílio Barbosa

23/11/2022 - 19:55:56

Caro Galdino, parabéns por mais uma palavra que leva o leitor a refletir sobre tantos valores que a vida nos oferece. Os nossos olhos veem belezas mil, recantos em Paulo Afonso que em outros lugares não vemos, as suas águas, os seus parques, o verde dos seus caminhos... E interessante é que o modo como você descreve tudo, pelo menos a mim, me leva a mente a fazer telas com pinturas espetaculares. Longe que vivo de Paulo Afonso, como quadros, cá dentro de mim, revejo essa beleza ímpar que desde menino conheço. Sim, as águas de Paulo Afonso nos transformam, parece que nos encantam, nos fazem subir a alma em prece sublime ao Criador de todas as coisas. Mais uma vez, parabéns.


Nadja

19/11/2022 - 15:56:46

Lindo texto que nos transpota para mais perto do rio, seus encantos e suas dores . O vemos agonizar sufocado pelas baronesas...Sua inquietude e defesa da nossa natureza está nas lindas fotos


João de Barros Lima Filho

19/11/2022 - 15:16:04

Muito boa essa comparação, aliviando as barragens com o peso da vida real.Belo artigo e lindas paisagens!!!


Anibal Alves Nunes

19/11/2022 - 09:31:59

Excelente texto. Vivo feliz e contente às margens desse rio, aliviando as bagagens que a vida nos presenteia.


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