Os órgãos brasileiros como o INMET estão alertando para grandes chuvas neste mês de dezembro, principalmente nas regiões Sudeste e Sul mas alcançando também a Bahia. As chuvas em Minas Gerais irão aumentar a vazão do rio São Francisco e a depender do volume acumulado de águas em Sobradinho, poderemos ter novamente as muitas águas da Cachoeira de Paulo Afonso, o lado bom da história.
Por outro lado, moradores e comerciantes das ruas centrais de Paulo Afonso mostram-se apreensivos ao lembrar dos estragos trazidos pela chuva forte de 28 de novembro.
No dia 28 de novembro os pauloafonsinos viveram um dia atípico este ano, quando pesada chuva caiu sobre a cidade no final da tarde, embora já tenham visto outras cenas semelhantes em outras chuvas na cidade. (Veja vídeos dessas chuvas, no final da matéria)
Também a prefeitura viveu um dia fora de sua rotina habitual pois as secretarias de Infraestrutura – SEINFRA e de Meio Ambiente – SEMA precisaram mobilizar pessoas e grandes máquinas e equipamentos para limparem as ruas do centro da cidade retirando grande quantidade de lixo trazido pela correnteza das águas.
Tais acontecimentos, explicam os órgãos que administram o assunto, entre elas o G7 Ambiental, foi que esta chuva foi de 70 milímetros de água, grande quantidade para o pouco tempo da chuva e em apenas uma hora muitas ruas foram invadidas por enxurradas que causaram prejuízos a comerciantes, moradores, destruiu acervo cultural e por pouco não fez vítimas humanas como já aconteceu em outras chuvas como a deste 28 de novembro.
Se para os técnicos em meio ambiente e as autoridades do município foi um dia atípico, não foi assim que enxergaram os moradores e comerciantes, principalmente da Rua 31 de março até a Avenida Getúlio Vargas, mas com o começo de problema bem mais acima, nas proximidades da Praça da Criança que fica na parte mais alta da cidade e por onde passa todo o canal emissário que corta a cidade e entra no Bairro Chesf, ao lado da Rádio Bahia Nordeste até chegar ao cânion do rio São Francisco, no Bairro Vila Nobre e alcançar o leito natural desse rio.
Ainda na Av. Otaviano Leandro de Morais, entre a Igreja de Cristo Pentecostal e o Posto Avenida, forma-se um grande lago que este ano chegou até esse posto de gasolina. E seguem as águas, em grande correnteza, por várias ruas até formar outro grande lago ao lado da Casa da Cultura, subindo a Avenida Getúlio Vargas até mais de 100 metros, tendo entrado também na Farmácia SOS.
Nesse trecho, dizem os comerciantes e moradores do local, final da Rua 31 de março e da Av. Getúlio Vargas, que a causa pode ser as construções ali existente, uma, particular e outra da própria Prefeitura que foram feitas no eixo do canal emissário, no trecho de sua saída da Avenida Getúlio Vargas para a entrada no Bairro Chesf e onde os sistemas de comportas ali colocados (em azul ou verde, no centro da foto abaixo) não dão vazão a grande volume de águas, associado com os bueiros entupidos...
Para esses moradores dessas muitas ruas por onde passa o Canal Emissário do centro da cidade de Paulo Afonso, esse drama sempre se repete quando acontecem grandes chuvas e muitos têm colocado nas redes sociais questionamentos à Prefeitura de Paulo Afonso, se já não passou do tempo de se fazer uma reabertura total de todo o canal emissário e uma limpeza também total em todo o seu leito, pois acreditam estes moradores que, se esse canal não está dando vazão a todas as águas das chuvas, certamente, afirmam, deve ter problemas no seu leito, de onde, em outras chuvas, saíram até sofás velhos, o que mostra também a irresponsabilidade de moradores.
E na Casa da Cultura de Paulo Afonso...
Os alagamentos que acontecem em todo esse trajeto do emissário do centro de Paulo Afonso são históricos. Ainda nos primeiros anos de vida de Paulo Afonso quando o prédio da esquina da Avenida Getúlio Vargas com a rua 31 de Março era a sede do Poder Legislativo de Paulo Afonso, tem-se a informação que importantes documentos da Câmara Municipal foram perdidos, mais de uma vez, pelas águas que invadiram impiedosamente todo o prédio.
E isso tem se repetido toda vez que há enxurradas como a que se viu na última segunda-feira (28).
Com a construção do moderno prédio que abriga a Câmara Municipal de Paulo Afonso, esse prédio histórico passou a sediar, por vários anos, a Escola de Artes César Rios. Depois, por um bom tempo, o prédio ficou fechado e entregue, literalmente aos morcegos.
Por se tratar de um prédio histórico, instituições culturais da cidade sugeriram que ali fosse criada a Casa da Cultura de Paulo Afonso para ser um pequeno auditório e ter espaço para abrigar a Academia de Letras de Paulo Afonso - ALPA, o Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso – IGH/PA e o Arquivo Digital Municipal de Paulo Afonso. Em grande festa, o prédio foi reinaugurado pelo Prefeito Anilton Bastos em 29 de abril de 2016 e nesses seis anos de vida já passou por várias situações de prejuízos, perda de documentos, livros e materiais pela invasão das águas nesse prédio.
Assegura Eduardo Cruz que em outra chuva, a água chegou a quase um metro na parede do prédio, mas entrou em menor quantidade pelo salão e salas do prédio. “Desta vez, a força das águas chegou a soltar o ferrolho de cima e a porta escancarou e foi grande o volume de águas dentro de todas as salas”.
No salão auditório a água danificou algumas cadeiras desse auditório que tem parte de suas paredes em madeira, que podem ficar comprometidas.
João de Sousa Lima, que é o presidente do IGH e está sempre na sala desse órgão, informou que foram perdidos muitos discos de vinil e uma coleção de capa dura de livros de Jorge Amado que estavam naquele espaço. Na sala vizinha, também de aproximadamente 3m X 2m. que é da ALPA, a primeira das três salas contíguas, junto ao salão auditório, a água chegou a quase 30 centímetros e invadiu o primeiro espaço de um armário de ferro onde estavam vários livros doados para a Biblioteca Abel Barbosa. Os móveis de todas as salas, em aglomerado, estão estragados.
Na terceira sala, onde hoje ficam os equipamentos, instrumentos musicais, roupas, adereços, das oficinas de música e de dança mantidas pela Secretaria Municipal de Cultura, foi outro grande estrago, tendo os funcionários da Casa da Cultura encontrado na manhã do dia seguinte vários violões nadando no meio da sala e roupas molhadas espalhadas pelo ambiente.
Porque têm ocorrido esses desastres há tantos anos e não se encontrou ainda uma solução para esse problema? Até quando comerciantes precisam fazer contas dos prejuízos que têm toda vez que chove forte em Paulo Afonso? Quantas vezes vai se precisar listar as perdas de mercadorias de comerciantes, móveis de moradores, de livros, documentos históricos, fotografias importantes por causa das chuvas?
Já não é chegado o tempo de se ter uma solução definitiva para esse problema que vem se repetindo todo vez que chove em Paulo Afonso, há décadas?
E não se pode, de forma simplória, apenas responsabilizar o grande volume de chuvas que caiu sobre a cidade. Também não custa lembrar que já estão sendo anunciadas pelo INMET e outros órgãos que monitoram as variações do tempo que novas grandes chuvas estão previstas para o mês de dezembro e, como se sabe, as grandes trovoadas nessa região costumam chegar, regularmente, em janeiro...
Veja o vídeo a seguir.
Parabéns ao JORNAL FOLHA SERTANEJA que ano após ano vêm mostrando o desespero dos nossos munícipes em períodos chuvosos. Não há só o prejuízo material ( de quem tem...e dos que muito pouco ou nada têm ). A chuva é uma benção divina para a nossa região e não há como deixar de vir. Assim sendo, não há outra alternativa... falta o QUERER ADMINISTRATIVO para SOLUCIONAR, vez por toda este desespero social. VIDA já foi ceifada, casas destruídas, registros importantes da história de Paulo Afonso têm descido água abaixo... são incontáveis os prejuízos causados e triste de vê a falta de uma ação política social para tamanha necessidade.
Cidade surgiu sem planejamento, além dos "sugismundos" desvairados. Por isto SEMPRE ficará ao "deus-dará". Parabéns pela relevante matéria.