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Professor Galdino

A ALPA homenageia a memória de Alcivandes Santana em publicação especial

Acadêmicos, imortais, e a saudade de Alcivandes

Publicada em 16/04/23 às 13:00h - 415 visualizações

Antônio Galdino


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A ALPA homenageia a memória de Alcivandes Santana em publicação especial
 (Foto: Poeta de Cristo - Acervo da ALPA)

A Academia de Letras de Paulo Afonso – ALPA - foi criada em 20 de novembro de 2005, começou a sua história com 15 membros e, neste ano de 2023 caminhando para os seus 18 anos a serviço da cultura literária nesse município tinha no seu quadro 40 membros entre os fundadores, efetivos e correspondentes e um Membro Honorário.

Em 1º de abril deste ano, a ALPA perdeu o seu membro correspondente, o pauloafonsino Alcivandes Santana, há anos residente no município de Santa Brígida de onde já foi Secretário de Educação e onde era Professor de um colégio estadual e de uma escola municipal.

Em 14 de dezembro de 2017 o irrequieto Alcivandes foi recebido festiva e solenemente como membro da ALPA e tornou-se um colaborador desta instituição cultural.

Recebeu o Diploma e a Estola, que é a identidade da ALPA, de forma humilde e modesta afirmava, naquele momento, ser apenas um aprendiz e que a sua entrada na ALPA era algo muito elevado, estava além dos seus sonhos...

Nesses anos todos, esteve acometido de um CA que se reapresentava, de vez em quando, cada vez mais agressivo. Nesses pouco mais de cinco anos, contribuiu com esta instituição dentro das limitações que a doença permitiu.

E deixou para a posteridade os frutos do seu conhecimento, estudos vigorosos sobre a história e a memória de Santa Brígida que o acolheu há tantos anos e a quem aprendeu a amar intensamente.

Dois dos seus livros – O Messianismo de Pedro Batista e a Cultura Popular em Movimento, já em duas edições, 2011 e 2018 e Madrinha Dodô – 20 anos de Saudades, com a inclusão de 101 Benditos de Romarias e Penitências, lançado em 2018, são documentos profundos sobre as raízes religiosas do povo santabrigidense.

O livro Cultura Popular e Patrimônio a Serviço do Turismo, uma excepcional contribuição à gestão municipal sobre o riquíssimo potencial turístico, com foco religioso, existente no município.

Esse último trabalho é o resultado dos seus conhecimentos nesta área, adquiridos com o Curso de Turismo e Desenvolvimento Sustentável feito na UNEB.

A Academia de Letras de Paulo Afonso, ao longo de sua história, perdeu, com a morte do Professor Alcivandes, cinco dos seus membros: Lúcia Cordeiro, Abel Barbosa, Fernando Motta, Jânio Soares e, agora, Alcivandes Santana.

A ALPA produziu, em sua memória, uma publicação especial – o Informativo ALPA Nº 05/2023, de que reproduzimos o texto de abertura.

Acadêmicos, imortais, e a saudade de Alcivandes 

Por força de expressão literária os que se irmanam nas lides da Literatura, agrupados, reunidos em células a que chamamos de Academias, de Letras, de Artes, estes todos são chamamos de imortais. 

E todos sabemos que esta imortalidade não se refere ao corpo físico que um dia volta ao pó e dele ficam as lembranças, as memórias de seus gestos, de sua voz, do seu jeito de ser, consigo mesmo e com os outros à sua volta...

Na Literatura, é a força da palavra que nos imortaliza. Nós passamos pela vida e as palavras que deram cor e forma aos textos e livros que fizemos, ficam para testemunhar sobre nós, nossos feitos, nossos sonhos, sobre cada passo da nossa caminhada.

Nas Academias de Letras, são as palavras que dão forma aos pensamentos e à imaginação dos escritores e poetas e permanecem como marcas de suas passagens por esses caminhos. É a palavra que é imortal, a assinatura indelével que fica para os que continuam a caminhada e para as gerações que virão.

E, ao longo dos milênios, sem que se tivesse os meios modernos de comunicação dos nossos dias, ainda assim, as palavras dos princípios dos tempos ecoam nos dias de hoje e acalentam os sonhos e os destinos, os caminhos de bilhões de pessoas.

Há milênios “o verbo se fez carne” e afirmava que “passarão os céus e a Terra mas as minhas palavras jamais passarão...”(Mt.24:35)

Somos, acadêmicos da ALPA e alhures, apenas passageiros, caminhantes por estas estradas que se nos apresentam com as variantes geográficas as mais variadas.

Uma hora, estamos numa planície belíssima, repousando à sombra de uma grande árvore e vendo os pássaros voarem felizes à nossa frente. Em outro momento nos deparamos com pântanos perigosos e cheios de surpresas a nos assustar. E há o deserto imenso, cheio de perigos que precisamos atravessar se quisermos chegar ao topo da montanha que se apresenta bem distante dos nossos limitados olhos...

E o que estamos deixando ao longo dos caminhos percorridos, como orientação, ajuda, aos que vierem depois de nós? O que estamos semeando ao longo desses caminhos percorridos?

Dos escritores, as palavras são essas sementes espalhadas pelo caminho que dirão sobre nós, que contarão a nossa história.

E, enquanto passamos por aqui e um dia não mais nos verão depois da última curva da estrada, são as palavras que deixamos ao longo da caminhada que falarão por nós para as gerações que vierem...

Aí está a imortalidade dos acadêmicos, dos artistas: a sua criação, a sua obra é que poderá se imortalizar e continuar contando histórias aos novos que vierem...

As palavras são o testamento da nossa passagem por aqui...

A Academia de Letras de Paulo Afonso trilha o ano em que completará 18 anos de vida. Nesse tempo, reuniu algumas dezenas de pessoas que se utilizam da palavra todo o tempo para se fazer reconhecido, seja num discurso acalorado, defendendo suas ideias, ou numa sala de aulas diante de seus alunos, na construção de um poema, uma crônica, um romance intenso, na criação de uma história mirabolante, fruto de sua imaginação.

Em todas as situações, a palavra foi o instrumento dessa busca de interação.

E nesses quase 18 anos de vida, alguns chegaram à última curva da estrada e seguiram para outros caminhos, longe da nossa companhia e dos nossos olhos limitados...

Ainda no começo da caminhada dessa Academia de Letras, em 29 de outubro de 2006, a Professora/Coordenadora Lúcia Cordeiro se despediu da ALPA, que ela ajudou a construir. Depois, quem nos deixou foi o também fundador da ALPA, Abel Barbosa, que inventou de fazer jornais mas, sobretudo usou da palavra para, em discursos vigorosos, defender suas ideias de liberdade para a terra que o acolheu ainda muito jovem. Era 26 de abril de 2018 e em 3 de junho ele faria 90 anos.

Depois, em 11 de julho de 2020, outro sonhador, como são todos os poetas, Fernando Mota, nos deixou e dele ficou sua história de vida e seus poemas, acrósticos, exaltando pessoas e a natureza.

Em 13 de dezembro de 2021, somos todos surpreendidos com a notícia que o cronista de lugar cativo no maior jornal do Nordeste, A TARDE, de Salvador, Jânio Soares, um apaixonado pelas águas do rio São Francisco fechou os olhos para a natureza que o inspirava e também nos deixou por aqui...

Dia 1º de abril de 2023 mal terminaram os agitos da 4ª Bienal do Livro, encerrada em 31 de março,e ainda exultantes pelo que ela trouxe ou sinalizou de positivo para a arte literária e outras artes, somos impactados com a notícia da interrupção da jornada de Alcivandes Santana que foi vencido pela doença que o perseguia há tantos anos. Conhecíamos a sua luta e a sua FÉ que trazia, para todos nós sempre uma esperança de novos horizontes mesmo após as curvas mais perigosas da estrada.

E pareceram soar em nossos ouvidos os versos do Soneto da Despedida, de Vinícius de Moraes:

“De repente do riso fez-se o pranto”... Versos que, numa interpretação livre de Bruno Bertoli e Maira Sandri soaram ainda mais doloridos...

De repente, do sol fez-se tempestade

A serenidade do dia ensolarado tornou-se vento violento

E da mesma forma a felicidade se converteu em sofrimento,

Como a segurança de ter-se um amor ao lado, saudade.

Alcivandes, como disse o seu irmão Gilberto, cumpriu a sua missão e voltou aos braços do Pai Celestial.

Assim como todos os outros que encerraram a sua missão por aqui, e assim como todos os outros que continuam na caminhada, o que nos deixa como testemunho de que a sua passagem, seu tempo de vida entre nós não foi em vão, são as suas palavras e os seus livros, registros fiéis dos seus pensamentos, documentos importantes, patrimônio imortal da história e da memória de uma cidade que o acolheu e foi por ele amada, intensamente, até o seu último sopro de vida...

Sabemos que cada um que partiu deixou um vazio imenso, porque cada um é único... Mas, resta-nos o consolo de saber que as suas palavras, os seus escritos, os seus livros, o imortalizam. Que, as sementes plantadas por eles ao longo dos caminhos percorridos hão de gerar os seus frutos na hora certa...E o ser que semeou essas sementes será imortalizado por esses frutos, suas palavras, seus escritos, seus livros...

Assim, neste Informativo ALPA Nº 5, que vem sendo construído há tantos dias, compartilhamos o nosso sentimento de pesar pela perda de mais um membro da ALPA e entendemos ser assim, também o momento de refletir sobre o nosso caminhar, sobre o que iremos deixar como marca da nossa caminhada por estas terras sertanejas para aqueles que virão depois de nós que aqui somos, tão somente, passageiros, caminheiros, por essas estradas da vida...

Saudações acadêmicas. Abraço fraterno.

Antônio Galdino da Silva

Presidente da ALPA




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