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Professor Galdino

Chesf, HNAS, Univasf. Na volta da esperança, vamos entender melhor esta história de muitos anos...

Publicada em 27/06/23 às 15:12h - 845 visualizações

Antônio Galdino


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Chesf, HNAS, Univasf. Na volta da esperança, vamos entender melhor esta história de muitos anos...
 (Foto: Arq. Folha Sertaneja e www.bobcharles.com.br)

Uma reunião que aconteceu no dia 21 de junho entre o prefeito de Paulo Afonso em exercício, Marcondes Francisco e o novo reitor da Univasf, Télio Nobre Leite, que foi vice-reitor na gestão do Professor Julianeli Tolentino quando muito se lutou para que transferência do HNAS para a Univasf acontecesse, nos encheu a todos de alegria e renovou as esperanças da chegada da tão esperada UTI para Paulo Afonso e, ao que tudo indica, as possibilidades de que esse desfecho positivo aconteça logo é, além do empenho do reitor e do prefeito de Paulo Afonso, a presença do ex-governador Rui Costa junto ao presidente da República, no cargo de Ministro da Casa Civil e que, quando governador também muito trabalhou para que essa solução trouxesse sossego para os moradores de Paulo Afonso e grande região. Estamos bem esperançosos!

(Veja a matéria no link: https://www.folhasertaneja.com.br/noticias/local/709349/1).

E, enquanto todos nos alegramos com a possibilidade de, desta vez, a esperada transferência do HNAS para a Univasf para gestão da Ebserh aconteça, é importante que se conheça os muitos passos que já foram dados nessa caminhada e as muitas marchas a ré que também aconteceram com essa transferência desde os primeiros anos deste século 21 que já está no seu 23º ano.

O Jornal Folha Sertaneja ajuda a relembrar essa caminhada... 

Na verdade, a história começa ainda no século passado, porque o assunto vem sendo tratado pela Chesf, desde quando era totalmente estatal, como empresa federal ligada diretamente à Eletrobras e ao Ministério das Minas e Energia ainda na década de 1990 quando a hidrelétrica foi intimada pelo governo do presidente Fernando Collor de Melo a cuidar apenas da missão para a qual foi criada.

Decreto Federal determinava que a Chesf cuidasse apenas da produção, distribuição e venda de energia hidroelétrica, para a qual foi criada e passou a funcionar desde 15 de março de 1948.

Nessas décadas, a Chesf construiu usinas hidrelétricas, grandes reservatórios e com a energia gerada inicialmente e por dezenas de anos, primeiro em Paulo Afonso e depois em outras usinas hidrelétricas, mudou toda a história da região Nordeste que passou a ser contada em dois grandes capítulos: o Nordeste antes e depois da Chesf.

Quando a Chesf se instalou na região, no ano de 1948, todo esse espaço era apenas caatinga, desabitada e sem nenhuma condição de oferecer aos empregados da hidrelétrica qualquer condição de vida saudável.

Tanto que os primeiros engenheiros ficaram morando por um tempo na Vila da Pedra que só em 16 de junho de 1952, passou a ser município de Delmiro Gouveia, desmembrando-se de Água Branca. Os produtos para a alimentação, dos operários e da população do lugar chamado Forquilha, que rapidamente foi se formando no entorno da Chesf, a hidrelétrica mandava seus caminhões irem buscar em Garanhuns.

Para dar o mínimo de assistência aos seus milhares de empregados, a Chesf construiu uma verdadeira cidade, urbanizada, a que chamou de Acampamento Chesf, separada do Povoado Forquilha por uma cerca de arame farpado e depois por um grande muro de pedras.

E, em seu Acampamento, a Chesf construiu clubes sociais, escolas, igreja, uma cooperativa (espécie de supermercado na época) e, naturalmente, um pequeno ambulatório que, com a demanda muito intensa, foi sendo ampliado até se transformar no Hospital Nair Alves de Souza, nome dado em homenagem à Dona Nair, esposa do primeiro presidente da Chesf, Antônio José Alves de Souza.

Com o Decreto Federal do presidente Collor, a Chesf começou a desimobilização de tudo o que não era essencialmente importante para a produção de energia hidrelétrica.

No governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, este Decreto Federal foi mantido e cobrada mais agilidade nesse processo de desimobilização.

A Chesf, que tinha construído e mantido um zoológico no caminho de acesso à Ilha do Urubu, como opção de lazer para os moradores e atrativo de visitação pelos turistas, a quem a Chesf também oferecia todo o apoio do seu receptivo, na Sala dos Visitantes e equipamentos como o teleférico sobre as quedas do Croatá e construiu vários mirantes para deleite desses visitantes. O zoológico foi logo fechado e os animais levados para outros zoológicos. A prefeitura assumiu o controle dos visitantes e o teleférico está sem funcionar há mais de dez anos.

O sistema de ensino da Chesf tornou-se grande e a sua qualidade foi reconhecida, como modelo do Nordeste, pelo Conselho Estadual de Cultura da Bahia. Nas escolas da Chesf, num total de cerca de 10 unidades escolares, chegaram a estudar mais de 8 mil alunos em alguns anos.

Pela exigência do governo federal, a Chesf se desfez do zoológico, porque não tinha autorização para contratar biólogos, veterinários e profissionais para essa atividade. Logo, a Chesf também se desfez dos clubes sociais que passaram a ser administrados por terceiros. E, igualmente, por não poder contratar professores, a hidrelétrica começou a fechar suas unidades de ensino dando aos prédios vazios outros destinos similares. Uns, foram transferidos para o Governo do Estado da Bahia que ali instalou a UNEB (nas antigas escolas Parque e Adozindo Magalhães), o Colégio Carlina (instalado na antiga Escola Murilo Braga), órgão do Meio Ambiente (na antiga Escola Alves de Souza), o IFBA (no antigo Ginásio/Colégio Paulo Afonso), a Escola Rural, passada à Diocese de Paulo Afonso que ali, na gestão do Bispo Mário Zanetta, instalou a Fundame, a escola Boa Ideia transferida para uma cooperativa de ensino que manteve o seu nome.

Também o prédio do Armazém de Subsistência passou a sediar a Justiça Federal. O prédio do restaurante foi derrubado e em seu lugar construído prédio do Ministério do Trabalho. Um outro prédio foi cedido para a Polícia Federal e hoje abriga a Polícia Civil.

Ou seja, aos poucos, a Chesf foi fazendo o dever de casa determinado pelo governo federal. O último bastião de resistência foi justamente o Hospital Nair Alves de Souza pela grande importância do seu trabalho de assistência à saúde, que era estendida a toda a região, atendendo a cerca de 25 municípios dos Estados da Bahia, Alagoas, Sergipe e Pernambuco.

Nos últimos anos, Alagoas criou hospitais em Arapiraca e Delmiro Gouveia. Também foram construídos hospitais em Petrolândia e Serra Talhada, o que desafogou um pouco o Nair, embora continue recebendo pacientes de muitos municípios que são enviados pelos prefeitos da região em ambulâncias que deixam os pacientes e antes deles serem atendidos a ambulância já retorna, ficando a Chesf com a responsabilidade de retransferir pacientes que não tinham como ser atendidos em Paulo Afonso, para outros locais, e para isso disponibilizava assistente social, médicos, enfermeiros e veículos, arcando com todos os custos.

A Chesf, então em processo de privatização, com a lentidão do processo de transferência para a Univasf, decidiu depositar 45 milhões em juízo para ser utilizado na construção da UTI e foi passando a gestão do HNAS aos poucos para o município de Paulo Afonso que desde 2021 passou a gerir este hospital totalmente, o que, segundo a própria prefeitura, se constitui em pesado ônus para o município.

Ainda nos primeiros anos do século 21, já se falava na transferência do HNAS para uma associação de médicos de Paulo Afonso. A ideia não vingou.

A população de Paulo Afonso crescendo muito e já beirando os 100 mil habitantes na virada do século, começou a cobrar melhores condições de atendimento à saúde e a instalação de um UTI no HNAS.

Em 12 de março de 2006 esteve em Paulo Afonso Jacques Wagner, ministro de Relações Institucionais do presidente Lula, para reunião com o diretório municipal e regional do PT e para falar sobre desenvolvimento econômico e regional, na verdade, a sua apresentação como candidato a governador do Estado da Bahia. O prefeito Caires teve uma audiência com o ministro e reivindicou algumas ações como adutora para a zona rural e melhor atenção do governo federal com as estradas que chegam a Paulo Afonso. O ministro prometeu atender.

Em outubro de 2006, Jaques Wagner é eleito governador da Bahia, no primeiro turno, com 3.242.336 votos enquanto Paulo Souto, que concorria à reeleição obteve 2.638.215 votos.

Em 18 de abril de 2008, há 15 anos, a Câmara Municipal de Paulo Afonso, sob a presidência do vereador Ângelo Carvalho, promoveu uma reunião para discutir a urgente necessidade de instalação de uma UTI no Hospital da Chesf, o Nair Alves de Souza. Para essa reunião foram convidados os deputados federais José Carlos Aleluia e Mário Negromonte e os deputados estaduais Luiz de Deus e Paulo Rangel, além do Administrador da Chesf, Gilberto Pedrosa, da Diretora do HNAS, Nancy Coelho e lideranças do município. Dos deputados convidados, apenas Luiz de Deus compareceu. Depois da reunião o presidente da Câmara declarou ao Jornal Folha Sertaneja: “Daqui pra frente, a busca de soluções será mais ágil que em anos anteriores.”

 

Dois meses depois, no final de maio de 2008, em apoio à campanha de reeleição de Raimundo Caires, o governador da Bahia, Jacques Wagner esteve em palanque armado ao lado do Centro de Cultura Lindinalva Cabral (antigo hangar da Chesf), no final da manhã.

O governador Jaques Wagner ouviu muitos pedidos dos populares presentes mas o que ele mais ouviu, principalmente de um grupo de idosos que estavam bem em frente ao palanque foi “uma UTI para Paulo Afonso”, pedido até em faixas levadas por populares.

O governador chamou à frente o Administrador da Chesf, Gilberto Pedrosa, o Prefeito de Paulo Afonso, Raimundo Caires e o Secretário de Saúde do Estado, Jorge Solla e declarou: “A Chesf vai preparar as instalações físicas do Hospital, o Estado entra com os equipamentos e a Prefeitura de Paulo Afonso entra com a equipe médica. Em 60 dias ou tão logo a obra esteja concluída, eu volto a Paulo Afonso para inaugurar a UTI, com 10 leitos". E, voltando-se para os idosos, perguntou: “Tá bom assim?” E recebeu muitos aplausos e votos de “Obrigado!” “Deus lhe abençoe!”

Em outubro de 2008, Caires perdeu a eleição para Anilton Bastos, então apresentado pelo DEM, como candidato do grupo de Luiz de Deus.

Em janeiro de 2010, no fechamento da edição do Jornal Folha Sertaneja chegou a notícia que seria realizada uma grande reunião em Paulo Afonso para definir a situação da transferência do HNAS, agora para a gestão do governo do Estado da Bahia.

Em 4 de fevereiro de 2010 aconteceu a reunião gigantesca, realizada no Memorial Chesf de Paulo Afonso. Dela participaram os deputados federais José Carlos Aleluia e Mário Negromonte, os deputados estaduais Luiz de Deus e Paulo Rangel e até outros deputados baianos, representante da Chesf, Diretor Administrativo Pedro Alcântara, o prefeito Anilton, de Paulo Afonso, a prefeita Ena Vilma, de Glória e outros prefeitos e vereadores de Paulo Afonso e de municípios da região, Jorge Solla, Secretário de Saúde do Estado da Bahia.

A reunião foi tensa e não trouxe os resultados esperados.

Entra em cena então a Univasf, instalada em Juazeiro da Bahia. E a proposta então apresentada parecia atender bem a todos os envolvidos. A Chesf cederia, além do Hospital e da Casa de Hóspedes para a UNIVASF e também um grande terreno para a construção do Campus de Paulo Afonso onde aquela Universidade Federal implantaria o Curso de Medicina e outros cursos na área da Saúde. O HNAS passaria a ser então um Hospital Universitário e, como tal, seria gerido pela EBSERH, órgão ligado ao Ministério da Educação e gestor dos hospitais universitários do Brasil.

Em 14 de março de 2013, depois de muitas reuniões de negociações entre a Chesf, Governo do Estado, Ministério da Educação, Univasf e de que também participou a Prefeitura de Paulo Afonso, a Chesf passou à Univasf uma área de terreno de 96 mil metros quadrados, no loteamento Sal Torrado, ao lado do Bairro Centenário, para que ali a Univasf construísse o seu Campus em Paulo Afonso para oferecer o Curso de Medicina e outros da área da saúde. Na época foi divulgado que o governo federal já estava disponibilizando o valor de 18 milhões para essa obra. Foi também apresentada em outdoor o que seria esse projeto de três prédios.

Como a obra demorou muito para ser iniciada, a Chesf se comprometeu de reformar dois ou três pavilhões da área do Centro de Treinamento da hidrelétrica em Paulo Afonso para ali funcionar o Curso de Medicina. E assim aconteceu embora os alunos precisassem se deslocar para Juazeiro e Petrolina para as aulas práticas. Ainda assim, a primeira turma de medicina da Univasf em Paulo Afonso foi considerada a 2ª melhor do Estado da Bahia.

 

Enfim, a Univasf construiu o seu Campus, embora apenas com um dos prédios inicialmente previstos e ali se instalou o Curso de Medicina, depois de vários anos nos pavilhões do CFPPA, na Chesf.

A criação do Campus Paulo Afonso (BA), foi aprovada em 2012, pelo Conselho Universitário (Conuni) e, com ele, a oferta do segundo curso de Medicina da Univasf. As atividades acadêmicas do mais novo campus da Univasf tiveram início em setembro de 2014.

 

O empenho do reitor da Univasf, Junianeli Tolentino durante muitos anos para que a transferência do HNAS para esta Universidade acontecesse, lhe valeu o reconhecimento da Câmara Municipal de Paulo Afonso que lhe outorgou o título de Cidadão de Paulo Afonso, em Sessão realizada no dia 21 de setembro de 2015. O título, concedido pelo Decreto Legislativo 03/2015, de autoria do médico vereador Luiz Aureliano, foi aprovado por unanimidade pelos vereadores de Paulo Afonso.

A justificativa desta homenagem foi porque “o professor Julianeli Tolentino de Lima tem se destacado pelas ações de expansão da UNIVASF na região, incluindo a instalação do curso de medicina em Paulo Afonso e a construção do Campus Universitário, com início das obras dos primeiros módulos previsto para janeiro de 2016”.

Durante todos esses anos entre reuniões em Paulo Afonso, em Juazeiro, no Recife em Salvador e em Brasília, o processo vem se arrastando.

Tão moroso ficou que em um desabafo o então governador da Bahia, Rui Costa, hoje ministro da Casa Civil do governo do presidente Lula, teria comparado a lentidão desse processo com uma novela mexicana.

Hoje, nessa condição de Ministro do governo Lula, certamente que o ex-governador da Bahia estará empenhado em agilizar essa passagem do HNAS para a UNIVASF e se transformar ali em Hospital Universitário gerido pela EBSERH, outra empresa do governo federal ligada ao Ministério da Educação, como defende o novo reitor da Univasf, Télio Nobre Leite, que foi vice-reitor durante a gestão do Professor Julianeli e acompanhou todo o caminhar dessa história.

 

Esta reunião do novo reitor da Univasf com o prefeito em exercício é um renovar de esperanças para todos nós pauloafonsinos e da região. Espera-se o pronto apoio do Ministro Rui Costa, e também do senador Jaques Wagner, que já foram governadores do Estado da Bahia e conhecem as nossas necessidades nessa área da saúde e também dos deputados Paulo Rangel, na ALBA e Mário Negromonte Júnior, na Câmara dos Deputados, ambos nascidos em leitos deste Hospital Nair Alves de Souza. 

Com esta disposição de todos se poderá por um fim nessa novela mexicana e toda a população de Paulo Afonso – quase 120 mil habitantes, mais de 80 mil eleitores, e moradores de dezenas de municípios dos quatro estados que se limitam com o município de Paulo Afonso poderão ter, enfim, a sonhada melhoria da qualidade de saúde com a criação da UTI de 30 leitos que é parte desse projeto. E todos vão aplaudir. Com certeza!




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2 comentários


Edson Mendes

30/06/2023 - 16:13:54

Uma novela mexicana, mesmo! A Folha é a fonte, onde se pode obter todas as informações sobre esse descaso... Valiosa reportagem, um documento histórico. Daí a importancia da imprensa. O trabalho de Antonio Galdino nos ajuda a lembrar e cobrar dos esquecidos de ontem e de hoje...


Manoel ROZENDO

27/06/2023 - 18:19:21

Quanto tempo rola esta novela ?Será que desta vez resolve .Só Galdino para reviver nestes anos todos promessas e mais promessas o nosso município prejudicado assumindo sozinho as despesas do NAIR.A CHESf tirou o cavalo da chuva e partiu mais o Prefeito Marcondes Correria vai resolver com fé em Deus com o apoio estadual e federal .Fé Marcondes vá em frente.


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