A cidade de Paulo Afonso tem muitos apelidos, nomes carinhosos para falar de sua importância, de sua beleza. Dentre os muitos nomes pelos quais se fez conhecida, dois deles se sobressaíam sempre: Capital da energia e Oásis Sertanejo.
O primeiro, obviamente, por concentrar em seu território as grandes usinas hidrelétricas da Chesf e produzir mais de 85% de toda energia de fonte hidráulica gerada pela empresa. O outro, pela imensidão de águas – rio, grandes lagos, canal, pequenos lagos – que estão no seu território.
As pessoas viajam centenas de quilômetros, em qualquer direção no meio da caatinga árida, sol a pino, vegetação seca e árvores de galhos retorcidos e ao chegar a Paulo Afonso depara-se com muitas águas em todos os lados.
E foi o calor intenso da caatinga, onde nasceu a cidade de Paulo Afonso, que fez com que surgisse essa imensidão de águas de todos lados, justificando o nome de Oásis Sertanejo.
Para suprir de águas as usinas hidrelétricas que construía, a Chesf fez o Reservatório Delmiro Gouveia.
Engenheiro Amaury Alves de Menezes, diretor técnico e presidente da Chesf
Nos anos de 1960, o Engenheiro Amaury Alves de Menezes, nomeado Diretor Técnico da Chesf, embora nascido no Rio de Janeiro (1º/12/1917), estranhou muito o calor abafado que encontrou em Paulo Afonso, construída no meio da Caatinga.
E o diretor teve duas ideias geniais com o objetivo de melhorar o clima da área do Acampamento da Chesf, de jurisdição da hidrelétrica:
1 - Mandou construir muitos pequenos lagos, quase duas dezenas;
2 - Providenciou também intensa arborização das ruas deste Acampamento residencial e comercial da empresa. Conta-se que sempre trazia mudas de árvores em suas viagens para Paulo Afonso.
Bairro Chesf
Bairro de Fátima (Paulo Afonso)
Hoje, do alto da barragem da Usina Paulo Afonso 4, tem-se a visão do Bairro Chesf onde quase não se vê as casas encobertas pelas árvores e o Bairro de Fátima, antiga Vila Poty, onde as poucas árvores estão nos quintais das residências.
Quanto aos pequenos lagos, eles ganharam companhia. Os da área da Chesf (cores verde e amarela no mapa abaixo) estavam alimentados pelo Reservatório Delmiro Gouveia.
Mas, quando foi construído o grande Reservatório do Moxotó, outros lagos também foram criados no Bairro Centenário e suas águas se encontravam no Balneário e, juntas seguiam pelo Canal das Lavadeiras até a pequena barragem da Usina Piloto.
Rotas dos pequenos lagos de Paulo Afonso:
Rota A – Bairro Chesf.
- Em amarelo à direita – Lago do Capuxu.
- Ainda em amarelo: Lago do Belvedere, Lago da Cal 1 e Lago da Cal 2 (atrás do Corpo de Bombeiros).
Rota B – Bairro Chesf
- Em verde: Lago da Piscicultura Chesf, Lagoa dos Patos (Clube dos Velhinhos) Lago do CFPPA, Lago do Touro e Sucuri e Lago Balneário.
Rota C - Bairro Centenário
- Em azul: Lago do Cemitério, Lago Tropical, canal do centenário, Lago Sr. do Bonfim, Lago da Vila Militar e entram no Bairro Chesf.
Rota C - Bairro Chesf
- Em azul: Lago da Boa Ideia, Lago do Hospital, Lago Aurora, Balneário.
Os lagos das rotas B e C se encontram no Balneário, hoje chamado Abelardo Wanderley, e dali seguem pelo Canal das Lavadeiras (em verde) até a pequena barragem da Usina Piloto.
Os lagos da Rota A passam ao lado do Balneário e, como todos os outros, chegam ao Canal das Lavadeiras e Barragem da Usina Piloto.
Lago Capuxu
De todos esses muitos lagos, apenas um, o Lago do Capuxu, permaneceu limpo dos esgotos e plantas aquáticas que invadiram todos os outros, do Bairro Chesf e do Bairro Centenário, nesses mais de sessenta anos.
O Lago Capuxu sempre foi um atrativo para os visitantes. Os peixes Pirarucu que estavam em suas águas vinham às margens para a alegria de adultos e crianças. Um lago para contemplação, que se adorna das flores das caraibeiras, na Primavera e inspira poetas.
Um projeto chamado Quinta dos Lagos, iniciado na gestão do Prefeito Luiz de Deus a partir de 2017 começou a revitalizar alguns desses lagos como o mais famoso deles, o do Touro e Sucuri, o Balneário e o Lago Aurora, ao seu lado e o Lago Capuxu, sempre limpo e procurado para visitação ganhou um projeto de um passeio em sua orla, que foi feito em várias etapas e acaba de ser concluído e entregue à população e visitantes pelo prefeito em exercício, Marcondes Francisco. O trabalho, que foi supervisionado pela Secretaria de Infraestrutura, gerida pelo engenheiro Francisco Araújo, tem encantado os visitantes.
Família do advogado e poeta Isac de Oliveira, ele abraçado com sua mãe. A esposa, à esquerda. Atrás o Secretário de Infraestrutura, Francisco Araújo. À direita, ao lado do poema de Isac de Oliveira, o prefeito em exercício, Marcondes Francisco. (Em 30/07/2023)
Dia 30 de julho, ainda dentro da programação comemorativa dos 65 anos de Paulo Afonso, a obra foi entregue com direito a colocação de um poema chamado Fantasma do Capuxu, de Isac Oliveira, membro da Academia de Letras de Paulo Afonso, sobre esse Lago do Capuxu em um dos seus espaços destacados.
A proposta para a colocação desse poema neste espaço público foi de autoria do Vereador Jean Roubert, também membro da ALPA, aprovada pelos demais vereadores da Câmara Municipal de Paulo Afonso.
O Lago do Capuxu se reveste de grande importância como espaço de interesse turístico e ali já funcionam o Restaurante Capuxu, sorveteria, açaíteria em um extremo do lago e o Arena Beer, no outro extremo, como opções de alimentação e lazer enquanto se contempla a beleza desse belo lago.
O passeio em madeira, com bancos confortáveis para um descanso temporário, com mirantes para o lago, valorizou muito esse atrativo turístico
Ao ver e fotografar esse Lago do Capuxu, o que já fiz incontáveis vezes e sempre encantado com sua beleza, eu me lembrei de uma história atribuída ao grande poeta Olavo Bilac.
Um seu amigo tinha um sítio e queria vender e pediu ao poeta amigo para escrever um anúncio de venda.
Olavo Bilac, que conheci bem o sítio do amigo, escreveu:
“Vende-se encantadora propriedade onde cantam os pássaros, ao amanhecer, no extenso arvoredo. É cortada por cristalinas e refrescantes águas de um ribeiro. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda”.
Meses depois, o poeta encontrou o seu amigo e perguntou-lhe se tinha vendido a propriedade.
- Nem pensei mais nisso”, respondeu ele. “Quando li o anúncio que você escreveu, percebi a maravilha que eu possuía. Desisti de pronto”.
Paulo Afonso é assim. Possui inúmeros lugares de raríssima beleza. E, parece que, pelo fato de vivermos há tanto tempo nestas terras sertanejas, não nos damos conta que estamos mesmo rodeados destas tantas belezas e vivemos num grande Oásis Sertanejo.
O Lago do Capuxu é um desses muitos encantos que talvez só a alma do poeta saiba descrever...
Deleite-se com algumas imagens desse belo Lago do Capuxu e programe um passeio por lá com a família, os amigos...
Caros amigos, confrades, pauloafonsinos, leitores, aproveito-me deste espaço para agradecer ao confrade e político Jean Rubert, por submeter o meu poema, Fantasma do Capuxú aos seus pares (vereadores); para afixação em via pública, no local do Lago. Importa registrar aqui, mais uma vez, a sensibilidade do prefeito em exercício, Marcondes Francisco, por determinar a afixação do poema naquele lugar. Concluo, por dizer, que a demonstração de sua sensibilidade a literatura, cultura e arte, se sobrepõe as diferenças ideológicas, como demonstração de grandeza pessoal, inerente a um grande político e gestor público, assim se afirmando.Obrigado!
Caro leitor “Olhar atento”.Primeiro, agradeço a menção ao meu nome e à minha preocupação em destacar nesse site as muitas belezas de Paulo Afonso, o que faço também nos meus livros e outras publicações, talvez por morar nesta cidade há quase 70 anos (cheguei aqui, menino, em 20/11/1954) e também pela formação acadêmica. Além da área de Letras, especializações em outras como o Turismo.Quanto à sua referência à Academia de Letras de Paulo Afonso – ALPA -, o que também agradeço, essa instituição cultural-literária foi criada em 20 de novembro de 2005. Este ano completa 18 anos. E dela fazem parte professores, escritores, poetas, homens e mulheres, muitos destes com especializações importantes, mestrados, doutorados e alguns pós-doutores. E, contribuir para o desenvolvimento do município e a preservação de sua história e de sua memória, é parte das atividades dos membros desta Academia. Sempre que somos convidados temos dado a nossa contribuição para isso. E também encaminhado à gestão municipal e a outras instituições do município, sugestões e propostas das várias áreas de formação acadêmica de seus membros. Muito obrigado pelo seu comentário! Antônio Galdino da Silva – Presidente da Academia de Letras de Paulo Afonso – ALPA.
Tenho lido o material publicado nesse site e observado sempre o cuidado com o destaque das muitas belezas de Paulo Afonso, onde moro há mais de 30 anos. Verdade! Como temos belezas que são pouco mostradas e divulgadas... Nesse texto do Professor Galdino observei outro detalhe interessante: a presença forte da Academia de Letras. O texto é do Professor Galdino, presidente da ALPA. O Poema colocado em espaço da orla desse lago é de outro membro da ALPA, Isac e a sua colocação foi uma proposta do vereador Jean, também da ALPA. E li em outra matéria que no dia da inauguração o Hino de Paulo Afonso foi cantado por Oscar Silva, o seu autor, que também é membro da ALPA. Viva a Cultura! Viva a ALPA!!!
Isac, alguém que pensa Paulo Afonso. Futuro garantido produtivo para a cidade. Doutor Amaury, pouco lembrado, um dos nossos heróis. Capuxu, que desprezou o acento final, desprezível (o acento), porque a beleza lhe basta. Como o amigo de Olavo Bilac, não desistir de morar em Paulo Afonso porque vale a pena. Falta o retorno dos pirarucus.
Simplesmente fantástico e inspirador. Parabéns, confrade Isac de Oliveira pelo poema: Fantasma do Capuxu. Parabéns, ao confrade Jean Roubert por ter colocado a proposta para a colocação desse poema neste espaço público, que também foi aprovada pelos demais vereadores da Câmara Municipal de Paulo Afonso. Vida longa a ALPA(Academia de Letras de Paulo Afonso).