“Diniz, você deu voz a Paulo Afonso”.
Essa frase do pioneiro mestre das oficinas da Chesf em Paulo Afonso, o mineiro Nicolson Machado Chaves, diz muito sobre a importância do nascimento da Rádio Cultura de Paulo Afonso que, pelo seu grande raio de penetração, levava “a voz” de Paulo Afonso, dos pauloafonsinos, do comércio local, do noticiário do município de Paulo Afonso, que tinha apenas 20 anos de emancipado, por vasta região nordestina.
É de justiça que se diga que, antes da Rádio Cultura de Paulo Afonso, havia a Rádio Poty que prestou grandes serviços ao município de Paulo Afonso e onde Diniz, Galdino, Edemir Rodrigues e muitos outros tivemos a oportunidade de aprender muito no seu modesto estúdio, nos seus microfones, na época sob a direção de Roque Leonardo. Mas como a Rádio Poty não estava registrada, autorizada pelo Ministério das Comunicações, ela foi impedida pelo governo federal de continuar funcionando.
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“Delmiro deu a ideia
Apolônio aproveitou
Getúlio fez o decreto
E Dutra realizou
O presidente Café
A usina inaugurou
E graças a esse feito
De homens que tem valor
Meu Paulo Afonso foi sonho
Que já se concretizou...”
(trecho a composição Paulo Afonso, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, do ano de 1955)
Amanhecia o dia 8 de dezembro de 1978. Os católicos já se preparavam para participar das missas da Catedral Nossa Senhora de Fátima, em comemoração do Dia de Nossa Senhora da Conceição.
Os apaixonados pelo rádio, ao mexerem no botão de sintonia recebiam o som forte da música Paulo Afonso, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, música criada em 1955 evocando a criação da Usina de Paulo Afonso.
O que era estranho para esses ouvintes é que a música ficava repetindo o tempo todo. Como era o tempo dos discos de vinil, aqueles bolachões pretos, os compactos simples, compactos duplos ou Long Plays (LP), certamente que alguém deve ter imaginado que o disco tinha enganchado, estava arranhado e a agulha ficava indo e repetido a mesma música... Será que era isso?
Antônio José Diniz, criador das Rádios Cultura de Paulo Afonso AM/FM
Não! Não era por isso que a música ficava repetindo. Essa foi a estratégia que o comunicador Antônio José Diniz, proprietário da Rádio Cultura de Paulo Afonso, encontrou para anunciar a todos os ventos que a sua emissora, a pioneira de longo alcance da cidade de Paulo Afonso-BA como rádio oficial, liberada pelo Departamento Nacional de Telecomunicações, o DENTEL, órgão do Ministério das Comunicações, estava chegando para levar, música, entretenimento, informações, cultura, pelas ondas dessa rádio para vasta amplidão do Nordeste brasileiro. Esse som, saía daqui, de Paulo Afonso, cantado por Luiz Gonzaga, o Rei do Baião!
E foi assim durante muito tempo todo o dia 8 de dezembro de 1978, há exatos 45 anos atrás.
Dom Jackson Berenguer Prado, 1º Bispo da Diocese de Paulo Afonso (1971-1982)
Depois, nesse dia 8 de dezembro, o primeiro bispo da Diocese de Paulo Afonso, criada em 14 de setembro de 1971, D. Jackson Berenguer Prado chegou à Rádio Cultura e deu a Bênção Episcopal ao início das atividades desta emissora de Rádio ainda AM. Logo, veio a FM e Diniz orgulhava-se de falar sempre no plural – as Rádios Cultura de Paulo Afonso – AM e FM...
Eu estava lá, como colaborador dos primeiros tempos, como estive antes, preparando cartas para ministros, autoridades, pensando junto na “Frequência Inteligente” e agora conduzindo um programa pelas manhãs – Show Demais – com muita música, variedades, horóscopo. Com dificuldades de conciliar essa participação na Rádio Cultura com as atividades da Chesf, deixei o programa que passou a ser conduzido por Altair Leonardo, grande músico.
Lembro também que no espaço do último andar do prédio da Rádio Cultura, eu apresentava um programa com as crianças. Aí nasceu o Tio Gal. Logo depois, veio o Palace de Atrações, no Cine Palace, que já tinha sido Cine Paulo Afonso e Cine Tupi, na Avenida Getúlio Vargas e quando o programa mudou para o Cine Coliseu, passou a se chamar Coliseu Show. Esse programa de auditório durou 6 ou 7 anos e era apresentado por mim, por Nilson Brandão e algumas participações de Rubem Marques e outros colegas.
A Rádio Cultura de Paulo Afonso continuou a sua caminhada com grande audiência regional pelos seus programas jornalísticos, musicais e pelo apoio ao esporte, principalmente ao futebol de Paulo Afonso que teve em Nilson Brandão, Jota Bezerra, Rosalvo Soares, Antônio Carlos Zuca, Toni César e outros como grandes divulgadores do esporte, do futebol em Paulo Afonso.
Em outras áreas havia Carlos Rodrigues, Djalma Nobre que, como Toni César, acordava o povo com os programas de forró da madrugada e levavam os mais velhos às lembranças com as músicas do Tributo à Saudade, logo depois da Ave Maria e antes da Hora do Brasil... Foram muitos os colaboradores ao longo de tantas décadas de comunicação...
Em 20 de julho de 2019, quando as redes sociais celebravam o Dia do Amigo, Antônio José Diniz se despede dos amigos pauloafonsinos, daqueles que acompanharam a sua luta, dura, para manter o sonho do menino comunicador que, desde pequeno, como vendedor de gibis, já levava a alegria para muitos.
Quando Diniz fechou os olhos, as Rádios Cultura de Paulo Afonso AM e FM já estavam com 41 anos.
Hoje, 8 de dezembro de 2023, quatro anos depois de sua partida, o seu sonho incompleto – porque ele queria também um sinal de TV em Paulo Afonso – chega aos 45 anos, sob a administração competente da sua família, sua esposa, Saúde e seus filhos Soraya e Dinizinho, embora as dificuldades continuem grandes.
Aos 45 anos, quantos milhares de cidadãos, políticos, empresários, pessoas simples da comunidade, foram beneficiados pelo trabalho desenvolvido pelos muitos radialistas do seu plantel ao longo de sua história?
E, se antes a Rádio Cultura de Paulo Afonso já invadia os sertões nordestinos com o sinal limpo e puro de sua torre de transmissão, há anos que isso tomou uma dimensão espetacular com a chegada da internet e as redes sociais.
Nunca esqueço que, num início de tarde eu estava no estúdio da Rádio Cultura apresentando um quadro sobre a história de Paulo Afonso quando o meu celular tocou. Era o prezado Professor Francisco Nery, professor de Inglês do CIEPA e do COLEPA que me ligava. Ele estava em Toulouse, na França, fazendo um curso de atualização em Francês e ali, naquela hora, ouvia a Rádio Cultura de Paulo Afonso.
Se o Sr. Nicolson Chaves ainda estivesse entre nós, assim como Diniz, ele certamente estaria dizendo ao criador da Rádio Cultura de Paulo Afonso:
- “Diniz, você deu voz a Paulo Afonso e a voz de Paulo Afonso, Diniz, está chegando do outro lado do mundo, na França, na Europa, no mundo todo...”
Hoje, com toda essa caminhada de 45 anos, a Rádio Cultura continua, como todos os veículos de comunicação precisando de maior apoio de empresários, da Chesf e outras grandes empresas da região, das instituições, das Prefeituras e Câmaras de Vereadores de Paulo Afonso e outras da região, para continuar levando ao mundo inteiro a voz de Paulo Afonso, a pujança do comércio local e as belezas desta região.
Parabéns aos diretores, aos radialistas, programadores, a todos que fazem com que esse Sistema Cultura de Rádio continue dando voz a Paulo Afonso e ao seu povo. Feliz aniversário Rádio Cultura de Paulo Afonso. 45 anos de vida é uma boa caminhada...
8 de dezembro de 1978, como hoje, era uma sexta-feira. E eu estava lá!
Antônio Galdino da Silva
Diretor do Jornal Folha Sertaneja e
Site - www.folhasertaneja.com.br
(Ouça o vídeo abaixo).
Galdino, por favor fale sobre a rádio Miramar...tenho saudades dela.
Obrigada, Tio Gal, pelas memórias, pelas palavras, pelo carinho e o apoio de sempre.Esta história sempre foi escrita com a sua presença.Um grande abraço!