O final da tarde desta quinta-feira, 8 de fevereiro trouxe uma notícia impactante. Faleceu, no Hospital Núcleo Vida, onde estava internada há dias, Dolores Moreira.

Recebo a notícia e com ela me chegam mil lembranças de seus muitos tempos de vida, sua luta contra o CA, mas, sobretudo o seu incansável empenho para levar aos outros a alegria, a reflexão através de sua arte começada há dezenas de anos.

Quero continuar me lembrando dessa guerreira, Dolores Moreira, desde quando acolhi o Grupo GETAPA – Grupo de Teatro Amador de Paulo Afonso – no Clube Operário quando ali estive como seu diretor cultural.

Ela criou o Grupo GETAPA em 1975, quando tinha apenas 14 anos. E nunca mais parou.

Com muito esforço e apoio da família, vai morar em Salvador e ali, entra no Curso de Teatro da Universidade Federal da Bahia – UFBA, onde tem a oportunidade de realizar diversos trabalhos. Por eles, recebe o prêmio dos melhores do Teatro na categoria infantil e como revelação em Direção e Melhor Espetáculo. No ano seguinte, é indicada novamente na categoria adulto, para diversas premiações.

Retornando a Paulo Afonso em 1992, funda a APDT – Associação Pauloafonsina de Dança e Teatro, cria a Escola de Artes César Rios e realiza diversas montagens artísticas das áreas de Artes Cênicas e musical.

Retorna a Salvador e conclui, no Instituto Anísio Teixeira, o Curso de Especialização em Teatro. Em Paulo Afonso realiza grandes espetáculos no Centro de Cultura Lindinalva Cabral, como Alpercatas de Couro Cru, O Nordeste é Lindo e produz e dirige vários espetáculos para a Chesf.

Ao logo de sua vida, participou de vários festivais pelo Brasil e foi indicada ao Prêmio Braskem de Teatro Baiano com o espetáculo Enquanto os Dias São Mortos.

Foi atuante Professora de Artes do Município de Paulo Afonso e, nesta condição, implementou o Programa de Combate à Violência Escolar. Foi palestrante sobre os temas Artes e Cultura.

Senti-me muito feliz ao indicar e ver o seu nome aprovado pela maioria dos membros da ALPA para ocupar a Cadeira Nº 20, como Membro Efetivo desta Academia de Letras de Paulo Afonso, na vaga de Jânio Soares, falecido em 13 de dezembro de 2021.

No dia de sua posse, 2 de setembro de 2022, ela, que já estava em tratamento quimioterápico, não pode comparecer à sua solenidade de posse, sendo representada pela filha Alexandra.

Na ALPA, a notícia trouxe grande consternação aos seus membros que no grupo de WhatsApp externaram o seu sentimento de pesar. O presidente da ALPA, Isac Oliveira está programando a ida da diretoria e membros desta Academia de Letras ao velório, todos com a estola da ALPA, como uma homenagem póstuma à colega acadêmica que nos deixa. Também apresentou uma mensagem pública de pesar, com a arte de Aníbal Nunes.

Antes, naquele ano de 2022, no dia 27 de fevereiro, o Jornal Folha Sertaneja lhe fazia uma homenagem pelo seu trabalho mostrado na capa e nas páginas internas do Caderno Cultural Domingo, como já havia destacado o seu trabalho em outras oportunidades.

Nadja Maria também destacava em sua coluna Nuances, deste Jornal, o trabalho de sua cria, Alexandra, no teatro e na música, 

A sua partida, no crepúsculo desta quinta-feira, 8 de fevereiro, provoca em todos nós uma estranha sensação de vazio, de impotência...

Quero trazer à memória e à lembrança de todos a Dolores Moreira, que nasceu em 14 de junho de 1961, filha do pioneiro chesfiano Joaquim Alexandre Silva e de Maria Moreira Silva, de quem sempre se orgulhava. “Sempre tive orgulho de ser filha do cassaco, seu Joaquim Alexandre.” Dela, fica sua arte eterna, o riso, a alegria e o som dos aplausos pela magia de tudo que criou...

E abraçando a Edilson, suas filhas, seus familiares, embora muito triste quero buscar forças e trazer uma palavra de conforto porque como afirma o Salmo 34:18 que nos fortalece: “O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os que têm o espírito abatido”.