Ontem à noite, recebi de João de Sousa Lima, escritor, pelo WhatsApp, a notícia do falecimento de Dulcinete Freitas, conhecida como Dulce, do Roda Viva.
Ela chegou em Paulo Afonso no começo das obras da Chesf quando o povoado Forquilha vivia a efervescência, o agito natural de milhares de pessoas que iam chegando à busca de trabalho na hidrelétrica.
Nas noites, especialmente nos finais de semana, essa efervescência dos trabalhadores da Chesf se transferia para a região da Feirinha e do começo da cidade onde funcionava a zona de meretrício da cidade. Ali estavam meretrizes cujos nomes foram associados à própria história da povoação que logo se tornou município de destaque no cenário regional: Paulo Afonso.
Na Zona, Cabaré, Chimba e outros tantos nomes, eram famosas Maria Cavalcante, Coca-cola e, mais afastado do centro na entrada do hoje Bairro Tancredo Neves, Dulce do Roda Viva.
E Dulce resistiu às asperezas da vida nada fácil destas mulheres que usavam o seu corpo como forma de sobrevivência nessa selva de pedra em que se transformam as cidades.
E Dulcinete, conhecida apenas como Dulce, passado o fulgor da juventude, acabado o negócio do Roda Viva, saiu em campo vendendo sapatos e fazendo amizades.
Dela já falava o Dr. Manoel Barros de Freitas que foi vereador, escritor, juiz de Direito e com ela conversou muitas vezes o escritor João de Sousa Lima.
Dulce se tornou uma pessoa carismática, querida de todos. Nos comícios, campanhas políticas, lá estava ela, abraçada com candidatos a vereador, a prefeito, a governador.
E tanto se achegou a estes que foi incentivada a concorrer a uma cadeira na Câmara Municipal de Paulo Afonso. E não é que ela topou o desafio?
E, narra João de Sousa Lima em seu livro “Paulo Afonso e a Vila Poty, a História não Contada” (Editora Fonte Viva, 2017) que Dulce tinha uma frase que utilizava muito na campanha. Ao pedir os votos da população mais jovem, ela dizia: “Você não me conhece, mas pergunte ao seu pai, que ele me conhece".
Lembro da figura de Dulce, sempre vestida com roupas coloridas, passeando com seus cachorrinhos, todos vestidos, nos desfiles da Emancipação Política de Paulo Afonso, sempre sorridente e recebendo o carinho dos aplausos da multidão.
Nos últimos anos, sozinha, sem familiares, foi acolhida na Casa de Repouso São Vicente de Paulo, os Vicentinos e ali viveu os últimos anos de sua vida.
Em muitas redes sociais e nos sites de notícias, a morte de Dulcinete Freitas, ou apenas de Dulce do Roda Viva, estão notas de pesar e lembranças dela que permanece na história de Paulo Afonso pelos registros de Manoel Barros, de João de Sousa Lima, do Jornal Folha Sertaneja.
Como João de Sousa Lima tem um bom acervo fotográfico e esteve entrevistando Dulce várias vezes e sobre ela escreveu um capítulo do seu livro citado, pedi a ele que escrevesse sobre ela e ele fez o texto da matéria deste site que pode ser acessada pelo link.
https://www.folhasertaneja.com.br/noticias/opiniao/773226/1
EM UM REBANHO, TALVEZ, SÓ A OVELHA NEGRA É SALVA
LAMENTO A PARTIDA DA CONHECIDA DULCE QUE HÁ CONHECI EM ANOS PASSADOS ANTES DA MESMA VIR PARA PAULO AFONSO. NÃO SEI SE EXISTEM FAMILIARES DA MESMA AQUI,TALVEZ NA CIDADE DE ORIGEM SALVO ENGANO SÃO BENTO DO UNA.QUE DEUS A ACOLHA NO REINO DA GLÓRIA.CONFESSO,FIQUEI TRISTE.