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Professor Galdino

A Língua Portuguesa, a reforma ortográfica e o protesto pacífico dos escritores e poetas

Publicada em 25/06/24 às 14:55h - 325 visualizações

Antônio Galdino


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A Língua Portuguesa, a reforma ortográfica e o protesto pacífico dos escritores e poetas
 (Foto: imagem ilustrativa da net)

Talvez seja muita ousadia, como lembrou um colega também com formação acadêmica em Letras, tratar de tema tão intenso como a Língua Portuguesa em um pequeno texto de um site. 

De fato, é também um grande desafio, especialmente quando se deseja falar das muitas reformas pela quais tem passado esse nosso idioma, ao longo dos séculos e das polêmicas que essas reformas sempre levantam...

Imaginem Suassuna engolir o seu nome com Ç, - Suaçuna - e o poeta dizer que sente saudade de um trema... É que veremos a seguir...

Originária da Península Ibérica onde estão Portugal e Espanha que, por mais de 2000 anos viveram sob o domínio do Império Romano e estes conquistadores falavam o latim que foi imposto aos conquistados. E mais, havia o latim culto, usado pelas pessoas da nobreza, os magistrados, os poetas e o latim vulgar, falado pelos soldados e pela população em geral.

Nos lugares conquistados pelos romanos, os moradores tinham suas formas de comunicação e sua influência linguística, dos dialetos falados na península e em outros lugares foram regionalizando a língua. Podemos dizer, que se assemelha ao Brasil dos nossos dias onde se encontram os chamados falares regionais que dão uma identidade própria a algumas regiões como no Nordeste, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e outros lugares com suas falas e expressões características.


Afirmam os estudiosos do tema que quando o Império Romano caiu no século V, este processo se intensificou e vários dialetos foram se formando. No caso específico da península, foram línguas como o catalão, o castelhano e o galego-português (falado na faixa ocidental da península).

Foi este último que gerou o português e o galego (mais tarde uma língua falada apenas na região de Galiza, na Espanha). O galego-português existiu apenas durante os séculos XII, XIII e XIV, na época de Camões, o português uniformiza-se e adquire as características atuais da língua.


Em 1536 Fernão de Oliveira publicou a primeira Gramática da Linguagem Portuguesa, consolidando-a definitivamente.


Se, nas suas origens, a Língua Portuguesa já sofreu a influência dos povos da região, inclusive dos árabes, ao chegar nessas terras brasileiras, trazida por Cabral e outros navegadores, também se encontrou com as falas dos indígenas e, séculos à frente, com a linguagem dos africanos trazidos como escravos e foi, ao longo dos séculos, recebendo influências de outras línguas de estrangeiros que se estabeleceram no Brasil e cada dia recebe mais influência de outros povos, com as facilidades de comunicação trazidas pela internet.


5 de Maio - Dia Mundial da Língua Portuguesa

Embora a Língua Inglesa seja considerada no mundo como uma língua universal, de que muito se utiliza os brasileiros, especialmente colocando em inglês os nomes de estabelecimentos comerciais que tanto questionou Ariano Suassuna, sempre na defesa da preservação das raízes da cultura brasileira, a Língua Portuguesa, de Camões de Os Luzíadas, de Olavo Bilac, “última flor do Lácio, inculta e bela”, é falada no mundo por mais de 260 milhões de pessoas e é a língua oficial de 10 países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Essa importante presença da Língua Portuguesa no mundo fez com que a UNESCO, órgão da União das Nações Unidas voltado para a Educação, a Ciência e a Cultura, uma agência especializada das Nações Unidas (ONU) com sede em Paris, instituísse, em novembro de 2019, o Dia Mundial da Língua Portuguesa que se comemora em 5 de maio de cada ano, tendo sido celebrado, pela primeira vez, em 2020.

As muitas reformas da Língua Portuguesa

Dinâmica e, nos últimos tempos vivendo uma intensa interação com outras línguas do mundo moderno, a Língua Portuguesa tem visto desaparecer palavras e expressões de uso comum há tempos atrás e, vez por outras, há séculos, os estudiosos do idioma propõem reformas, mudanças, para adequá-la a esses tempos modernos e facilitar a comunicação entre os moradores de países que falam esta mesma língua.

Esses têm sido os argumentos destes reformadores da Língua Portuguesa que, impostos pelas leis do Brasil que obrigam escritores e poetas a seguir essas reformas, assim como editoras a se ajustarem a essas novas regras e, embora a grande maioria de escritores e poetas procurem seguir essas determinações, há um ou outro que exerce o direito de questionar essas medidas e até de, no livre exercício da licença poética ou literária, contrariar o que determinam os doutos filólogos.

No Brasil, a Língua Portuguesa já passou por reformas em 1907, 1943 e 1971, enquanto em Portugal houve alterações em 1911, 1920, 1931, 1945 e 1973. Portugal e Brasil colocaram em prática as regras do Acordo Ortográfico de 1990, enquanto os restantes países lusófonos ainda não o fizeram.

O assunto, como demonstra o escritor pauloafonsino Francisco Araújo Filho, fundador da Academia de Letras de Paulo Afonso, docente das disciplinas Língua Portuguesa e Literatura Brasileira há mais de trinta anos em seu livro “Do Latim - A Flor do Lácio – à Reforma Ortográfica”, (Editora Protexto – Curitiba/2008), onde faz um profundo estudo sobre esse “acordo ortográfico”, mostra também as reações de portugueses ao verem esta última reforma ortográfica sendo aprovada pela Assembleia da República (Câmara dos Deputados) de Portugal.

As reformas da língua e protesto pacífico dos escritores e poetas

O Professor Francisco Araújo destacou em seu livro que, em Portugal, na época desse "acordo ortográfico", essa proposta era tratada por alguns como “desacordo ortográfico” e com questionamentos assim: “Afinal, onde fica a etimologia das palavras? A língua tão bem tratada por Camões nasceu em Portugal ou no Brasil? Pois eu continuarei, orgulhosamente, a escrever Humidade, faCto, aCção”, esbravejava um português em um site, diz o escritor ...

No Brasil, também, as reações de escritores logo se fizeram notar. Em uma delas, contada pelo próprio escritor, Ariano Suassuna, que em toda a sua vida foi um defender intransigente das raízes da cultura brasileira, disse que ficou surpreso quando viu o seu nome escrito com Ç - Suaçuna - e que questionou diretamente o filólogo Aurélio Buarque um dos promotores da Reforma Ortográfica e que ouviu de Aurélio que, por ser esse nome de origem indígena deveria ser com Ç. Ariano Suassuna contestou na hora. “Quem inventou isso? Ora, se os indígenas não tinham uma língua escrita, como é se pode afirmar isso...E completou: Vou continuar sendo e escrevendo Suassuna, até morrer”.

Para concluir esse texto, embora o assunto permita um grande esticamento dele, acabo de receber no meu WhatsApp (75-99234-1740) versos de cordel de um conterrâneo de Zabelê, na Paraíba, Eduardo Viana, que viveu muitos anos em Paulo Afonso, trabalhando na Chesf. 

Aposentado foi morar no Recife. Poeta, dos bons, cordelista, escreveu um livro chamado “Meio doido, meio poeta” mas tem preferido trazer suas poesias em muitas dezenas de folhetos de cordel que me presenteou em uma das visitas a Paulo Afonso, um deles sobre Abel Barbosa com quem conviveu no seu tempo de trabalhador em Paulo Afonso.

E não é que o Eduardo traz à tona uma das propostas da última reforma ortográfica que é a extinção do trema, aqueles dois pontinhos que se colocavam em cima da letra U para destacá-lo... Veja o que diz Eduardo Viana escreveu sobre isso. 

Mas veja também muito mais sobre o tema Língua Portuguesa, com Fernando Pessoa, Drummond de Andrade, Caetano Veloso... Muito mais. Pesquise.




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4 comentários


Socorro Araújo

26/06/2024 - 06:37:55

A língua portuguesa é cheia de excessões. O saudoso papa João Paulo II dizia que foi a língua mais difícil para ele aprender.


Duval Brito

25/06/2024 - 19:27:56

Eu já havia esquecido o trema. Quanto mais reforma mais complica, principalmente pra quem não aprendeu bem todas as regras, e ter que reaprender.


Francisco Nery Júnior

25/06/2024 - 18:16:23

Simplificação não tem lógica em ortografia e acentuação. A função da ortografia é facilitar o entendimento do leitor. Como nos fazem falta os acentos em inglês! Interessante que os alunos são conduzidos a pensar que as reformas ortográficas facilitam a vida do estudante. As regras foram criadas para facilitar o entendimento, a vida do estudante ou leitor. Não foram estabelecidas para complicá-la. Por que eliminar o trema, por exemplo? Como, para o leitor, pronunciar o termo tranquilo? Com o trema, como em todo o Brasil. Sem o trema, como no Ceará. (Evidente que há uma unificação nacional.) O trema poderia ter sido mantido. Outra consideração: No Rio de Janeiro: João deu o livro à Maria (com acento grave; acento grave e não crase, isto é, João deu o livro para a Maria). Na maioria dos outros estados: João deu o livro a Maria (isto é, para Maria). A propósito, crase é o processo de junção de duas letras A. O acento para trás se chama acento grave. Ninguém coloca a crase em coisa nenhuma. Coloca-se o acento grave - para indicar ao leitor que ali coexistem duas letras A. Se os donos da língua quisessem, poderíamos escrever no Rio de Janeiro: João deu um livro a o Pedro (ao) e deu outro livro a a Maria ( um A preposição e um A artigo). Acabado o inferno astral dos estudantes de português. Todo mestre e muitas gramáticas começam o estudo da crase com: "Nunca se coloca a crase (na realidade o acento grave) antes de um nome masculino. Desnecessidade total. Puro bolodório. Nunca haverá o artigo A antes de um nome masculino. Então, um A na frente de um nome masculino será apenas a preposição A. Em Maria deu o livro a Pedro, este A é simplesmente uma preposição. Simples assim. Sempre manter em mente que o discurso é a arte do convencimento. Quem escreve dentro das regras convence! E a satisfação de quase sempre, após esse tipo de arrazoado, ouvir um aluno desabafar: "Ah, agora eu entendi o que é crase!"


Marcos Antônio Lima

25/06/2024 - 16:02:27

Excelente matéria, mestre.


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