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Professor Galdino

Prainha de Paulo Afonso. Quem te viu... quem te vê...

Enquanto temos voz, mais um grito de socorro para o rio São Francisco

Publicada em 27/06/24 às 15:46h - 571 visualizações

Antônio Galdino


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Prainha de Paulo Afonso. Quem te viu... quem te vê...
 (Foto: Acervo do autor e Arq. Jornal Folha Sertaneja)

Ontem, zapeando, encontrei numa edição do site www.tribunamulungu.com.br de ontem, 26 de junho, um artigo sobre a Prainha de Paulo Afonso que pode ser lido acessando o link abaixo em que o seu autor fala sobre o uso político da atual situação dessa prainha, mais uma vez invadida pela plantas baronesas.

https://tribunamulungu.com.br/prainha-de-paulo-afonso-crise-ambiental-e-desinformacao-em-ano-eleitoral/#google_vignette

Por uma dessas inexplicáveis coincidências, estive nessa Prainha de Paulo Afonso no feriado municipal do dia 24 de junho porque recebi uma ligação de um leitor do site informando que a sua situação ali era degradante, o que poderia, mais uma vez, impedir a realização da tradicional Copa de Velas que acontece no início do mês de setembro.

Fiquei, de fato, chocado e entristecido com o que vi... 

E quantas lembranças me vieram à memória. Do começo de sua história, ainda na gestão do Prefeito Abel Barbosa que, de suas muitas reuniões com o presidente da Chesf, Rubem Vaz da Costa que, sempre que vinha Paulo Afonso procurava conversar com ele, Abel, consolidando o compromisso da Chesf apoiar a gestão municipal até para desfazer o grande constrangimento dos idos dos anos de 1950 e algumas décadas pela frente quando Abel era considerado “pernona não grata” aos olhos de alguns dirigentes da Chesf, sendo considerado adversário político da hidrelétrica na primeira eleição de prefeito de Paulo Afonso e impedido de entrar no acampamento da hidrelétrica por muitos anos.

Agora, com Rubem Vaz na presidência da Chesf, era paz, amor e muitos sorrisos.

Desses constantes diálogos nasceu a ideia de, simbolicamente, Abel “derrubar” o muro da Chesf, ao autorizar a construção de uma longa rua, desde as proximidades da Guarita Principal da Chesf, que nos idos de 1950 e 1960 ostentava uma foto sua com a proibição de entrar nas instalações da hidrelétrica, até o muro do quartel da 1ª Cia de Infantaria.

Outra conquista de Abel Barbosa foi a hoje conhecida Prainha de Paulo Afonso, espaço da Chesf, ao lado do Canal da Usina Paulo Afonso 4, que Rubem Vaz passou à gestão do município de Paulo Afonso para ser uma área de lazer.

Assim era a Prainha em 1984, batizada de Balneário Encantos Mil pelo Prefeito Abel Barbosa

Eu estava lá, apoiando Abel Barbosa, como coordenador de Turismo, Cultura e Comunicação e acompanhei a alegria desse prefeito ao receber esse presente que logo batizou de “Balneário Encantos Mil”. Era o ano de 1984. Rubem Vaz da Costa foi presidente da Chesf de fevereiro de 1983 a maio de 1985.

Em 31 de dezembro de 1985 Abel Barbosa encerrou o seu mandato de prefeito nomeado pelo governo militar, que também terminava aí.

Em 1º de janeiro de 1986, Abel Barbosa passava o governo do município de Paulo Afonso ao jovem vereador José Ivaldo de Brito Ferreira, eleito em outubro de 1985 para cumprir um mandato de apenas três anos para que se fizesse um ajuste no calendário eleitoral.

Em 1988, elege-se prefeito Luiz Barbosa de Deus para o seu primeiro mandato – 1989/1992.

Em sua gestão deu nova vida ao Balneário Encantos Mil, construiu boxes que passaram a ser gerenciados por pequenos empresários no regime de comodato. E Luiz de Deus, com todo o apoio da Chesf, trouxe para Paulo Afonso a COPA VELAS, evento que era feito antes em Sobradinho com o apoio da Chesf.

A partir dali, todos os anos a Prainha de Paulo Afonso passou a aparecer no calendário nacional de esportes náuticos, com esse evento, tendo sediado até etapas de campeonatos dessa categoria no Brasil.

O evento Copa Velas inspirou o funcionário da Ascom da Prefeitura, César Rios a criar o monumento da entrada da Prainha de Paulo Afonso.

E a Prainha de Paulo Afonso passou a ser o “point”, o atrativo turístico mais procurado também pelos moradores da cidade e da região.

Havia largas faixas de areia, totalmente livre para os banhistas. E no tempo da Copa de Velas, sempre no fim de semana do feriado do dia 7 de setembro de cada ano, uma multidão de pauloafonsinos se misturava com turistas para ficar vendo o colorido dos equipamentos náuticos de vários tipos, singrando nas águas calmas do Lago de PA-4, até onde a vista pudesse alcançar, em águas límpidas, transparentes, que convidavam para muitos mergulhos...

Aos poucos, a Prainha de Paulo Afonso foi perdendo o seu glamour. Alguns dos boxes passaram a se descuidar da aparência agradável e desejada e a poluição visual chegava a ser comentada por alguns visitantes. 

Outros administradores desses espaços começaram a amplia-los e a colocar mesas, cadeiras, sombreiros nas áreas de banho. Os cuidados com as áreas no entorno desses boxes foram relaxados. Esgotos, estacionamento irregular, som estridente de carros e até dos próprios boxes começaram a gerar problemas e exigir maior presença do poder público ali.

A própria Copa Vela perdeu as características de sua criação e passou a ser trabalhada mais como um grande carnaval fora de época, com grandes trios elétricos e renomados cantores e bandas na Avenida Apolônio Sales, ficando a Copa Vela, o esporte nas águas do Lago da Usina Paulo Afonso IV, na Prainha de Paulo Afonso em plano bem inferior, embora renomados velejadores tenham declarado ser essa raia do lago da Usina Paulo Afonso IV, uma das melhores do Brasil para a prática desse tipo de esporte. 

Apesar desse sucesso, a prefeitura ou outra instituição nunca se apresentou para incentivar e apoiar a formação de velejadores da cidade...

Tendo feito cursos na área de turismo, uma pós-graduação na UNEB no ano de 2001 e um mestrado, também intermediado inicialmente pela UNEB mas desenvolvido e concluído na Universidade Internacional de Lisboa, com módulos realizados em Portugal, tive a oportunidade de apresentar um pré-projeto para a total revitalização da Prainha de Paulo Afonso e transformar esse espaço em um moderno Terminal Turístico de Paulo Afonso com todas as condições para o seu funcionamento também à noite, incluídas que foram nessa proposta, as condições de segurança, iluminação, comunicação e acessibilidade. O que chegou a ser anunciado como o primeiro projeto da nova gestão municipal, nunca aconteceu.

Aí, parece ter chegado o golpe de misericórdia em um equipamento que já estava definhando aos poucos. Chegam as baronesas e com ela se estabeleceu uma total falta de ânimo, de segurança, da maioria dos que ali trabalhavam.

A Prefeitura, no afã de manter essa agradável área de lazer e, nela a Copa Velas, iniciada na primeira gestão do prefeito Luiz de Deus, gastou milhões na dura tarefa de retirar as baronesas que, mal eram retiradas, voltavam às toneladas para ocupar os mesmos espaços. O trabalho, insistente da retirada das baronesas passou a ser chamado por populares de “operação enxuga gelo”, tão inútil se mostrou.

E quantos abraços simbólicos precisam ser dados neste rio para que haja a sensibilidade de se autorizar a sua total revitalização? Já têm sido muitos, em vários lugares, inúteis, nunca entendidos pelas autoridades que deveriam cuidar do rio como ele merece.

Como inúteis se mostram ainda os muitos seminários e debates e estudos e congressos e reuniões que se têm feito ao longo dos anos, das décadas, para que se faça, em caráter urgente, urgentíssimo, todo o grande processo de revitalização desse importante rio, o único totalmente brasileiro.

Para o sertanejo, matuto, fica a impressão que a declaração de amor ao Velho Chico, que foi criada para ser o cenário de fotos maravilhosas, é agora apenas uma frase de efeito onde as baronesas escondem e maltratam suas águas...

Tomou consciência a Prefeitura que ela não era a culpada por esse descontrole ambiental. Era, na verdade, a vítima, a sofredora. E recorreu à Justiça para que os reais responsáveis por esse problema ambiental dele cuidasse.

Sabe-se que o rio São Francisco, ao longo de seus quase 3 mil quilômetros vem recebendo, há muitos anos , esgotos in natura de mais de 500 localidades além de grande quantidade de agrotóxicos e outros poluentes. A sua mata ciliar foi devastada para dar lugar a pastagens de grandes fazendas. O homem está matando o rio. E o resultado desse estrago está chegando aqui no seu trecho final, cerca de 300 quilômetros de sua foz...

Como o São Francisco é um rio cuja bacia hidrográfica banha e leva riquezas a cinco Estados brasileiros de duas regiões - Sudeste e Nordeste – tem-se por certo que este é um problema do governo federal que vem prometendo um grande programa de revitalização do rio São Francisco há décadas e esse programa, total, permanente, definitivo, nunca acontece.

A Justiça decidiu que caberá a Chesf fazer a retirada dessas plantas o que ela tem feito já por vários meses. E, por decisão da Justiça deverá continuar fazendo essa “operação enxuga gelo” até que se tenha, por decisão e ação do governo federal um programa definitivo de revitalização do rio São Francisco, repetimos.

E o que se vê na Prainha de Paulo Afonso são boxes fechados, áreas degradadas, espaços de lazer mostrando claramente a sua condição de abandono. Cenário muito triste para um espaço que já recebeu os melhores do esporte de velas do Brasil e já foi cartão postal da cidade.

A tristeza que nos invade é porque dói ver o descaso que se tem para com esse tão importante rio para a vida de milhões de brasileiros que já tem dado muitos sinais de fraqueza, inanição, morte anunciada e, se revitalizado, toda essa gente e os muitos turistas, rio acima e rio abaixo, poderão voltar a se beneficiar com a riqueza e as belezas das águas do rio São Francisco, esse manancial que o homem está destruindo.

Por certo, o leitor já sabe que o município de Paulo Afonso está instalado bem no coração da caatinga, esse bioma só brasileiro que se estende, com suas terras secas e vegetação de pequeno porte, por centenas de quilômetros para todos os lados que você olhar. 

Sabe também que essa imensa vastidão de terras é cortada pelas águas do rio São Francisco e que, por conta dessas muitas águas, a cidade de Paulo Afonso já foi conhecida como Oásis Sertanejo...

Então, todos os pauloafonsinos e leitores, ribeirinhos do São Francisco, hão de entender porque, naqueles distante ano de 1984, há exatos 40 anos atrás, o Prefeito Abel Barbosa chamava e mandou colocar uma placa nomeando essa paisagem conhecida hoje como Prainha de Paulo Afonso, de “Balneário Encantos Mil”...

E precisamos que o rio esteja limpo, revitalizado em todo o seu trajeto para que voltemos a ter a Prainha de Paulo Afonso-BA como nos bons tempos, como área de lazer e entretenimento para as famílias e cenário nacional de mais uma Copa de Velas, em suas águas límpidas e transparentes.




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4 comentários


Jose Rodrigues de Souza Junior

28/06/2024 - 13:17:11

baronesas fabrica ETANOL combustível na Unesp de São Paulo cadê a fáabrica de Paulo Afonso???https://www.youtube.com/watch?v=ciZxFESGo3Y


Jose Rodrigues de Souza Junior

28/06/2024 - 12:58:57

Em 2022 uma equipe de empresários de 1 fábrica de fertilizantes prá lavoura visitou a Chesf prometendo abrir uma fábrica em Paulo Afonso-Ba com a baronesa,,,Aí cade a fábrica que nunca chegou???????


Jose Rodrigues de Souza Junior

28/06/2024 - 12:54:39

Na faculdade da Unesp em São Paulo existe pesquisas prá fabricar componentes eletrónicos com baronesa como matéria prima extraida de lagos artificiais criando baronesas,,Convidem a Unesp de São Paulo prá explorar as baronesas de Paulo Afonso-Ba


Isac de Oliveira

28/06/2024 - 08:25:37

Mestre e imortal Galdino, sua matéria é oportuna por demais; eu pauloafonsino adotado, tenho o mesmo sentimento de indignação e preocupação. Até quando gritaremos por socorro ao nosso bendito Rio e a nossa Prainha!!!


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