Paulo Afonso viveu nos últimos dias um encontro de grande beleza plástica e tocante emoção envolvendo mulheres nordestinas sobreviventes do câncer de mama.

Foi o 5º Festival Dragon Boat com a participação de mulheres nessa condição e reuniu participantes do Fortaleza, Natal, Recife, Maceió, Aracaju e Bahia (Paulo Afonso) e teve também representante de São Paulo.

A programação foi iniciada no dia 26 de julho, sexta com a acolhida, clínica do Dragon, credenciamento das participantes e roda de conversa. 

No sábado, 27 de julho durante toda a manhã, até às 13 horas aconteceram as competições e a premiação. À noite as participantes desse 5º Festival e suas famílias se reencontraram no Baile Rosa, que foi realizado no Leos Club na Avenida da Maçonaria em Paulo Afonso. O encerramento da programação acontece no dia 28 de julho com a participação destas mulheres no desfile cívico da emancipação de Paulo Afonso.

A organização do grande evento foi da Associação Carranca Boat de Paulo Afonso que tem como presidente o idealizador dessa atividade de canoagem em Paulo Afonso, o italiano que já recebeu o título de Cidadão de Paulo Afonso Cesare de Carli, sendo apoiado pelo vice-presidente desta Associação, Rogério Xavier, Superintendente de Cultura da Secretaria de Cultura e Esportes da Prefeitura de Paulo Afonso.

Para a sua realização, o evento contou com o apoio desta Secretaria de Cultura e Esportes da Prefeitura de Paulo Afonso, cujo diretor de Esportes, Neto Matias também estava presente nesse evento, assim como estavam o Secretário de Turismo, Indústria e Comércio, Dernival Oliveira e o prefeito de Paulo Afonso, em exercício, Marcondes Francisco dos Santos.

O evento foi realizado no Balneário Abelardo Wanderley e, independente da beleza da competição, dos grandes barcos singrando nas águas do Balneário ao ritmo do tambor e as mulheres participantes com suas roupas e bandeiras dos seus times nas cores vivas, um tocante momento trouxe muita emoção ao evento. Foi o momento da Cerimônia das Flores, quando todas as mulheres sobreviventes do câncer de mama recebem uma rosa.  

E, nos barcos emparelhados ouvem com muita atenção e forte emoção a leitura de um belo texto poético, que foi lido, também com incontida emoção, pela Dra. Juliana Fontes e, após a sua leitura, as flores são jogadas na água...

Neste evento a execução de uma música pelo saxofonista Luiz Henrique, que estava em outro barco, deu ao evento um tom ainda mais forte de emoção, pelas lembranças e memórias evocadas.

Segundo Rogério Xavier, “Esse momento acontece em todo o mundo nas competições das sobreviventes do câncer de mama. As flores representam cada uma das mulheres que não sobreviveram ao câncer de mama. O texto que é lido nesse momento é o mesmo, traduzido e apresentado em várias línguas pelo mundo nas competições destas mulheres. (Veja o texto no final da matéria, abaixo).

Cesare de Carli e Rogério Xavier formam uma dupla de dirigentes do Carranca Boat que se alternam nos cargos. Rogério é o presidente da Confederação Brasileira de Dragon Boat, enquanto Césare é o vice-presidente. Em Paulo Afonso é o inverso: Césare é o presidente da Associação Carranca Boat e Rogério Xavier, o vice-presidente, que informa que “A primeira vez a competição estava sob a observação da Confederação Brasileira e Panamerica Dragon Bota Federation”.

E diz ainda Rogério que também foi o apresentador do evento. “Da competição nas águas, participaram apenas as equipes formadas por mulheres sobreviventes do câncer de mama, que é o objetivo do evento. 

Mas as outras várias equipes da Associação Carranca Boat de Paulo Afonso também estavam participando no apoio ao evento, como a equipe do COLEPA Boat, acima, que ficou responsável pela mesa de frutas para os demais participantes e outras equipes cuidando de outras atividades relativas a esse evento”.

Depois das provas, de toda a carga de emoção que envolveu as participantes do 5º FESTIVAL DRAGON BOAT DO NORDESTE 2024 para as remanescentes do câncer de mama foram premiados com troféu as três primeiras classificadas e com medalhas todos as participantes das competições.

1⁰ Lugar (Campeã) foi o Time "Mamacaru" de Paulo Afonso;

2⁰ Lugar foi o Time "Uma Flor", formado pela união dos times "Uma Uma" de São Paulo/SP e "Lisa Flor" de Maceió/AL;

3⁰ Lugar foi o Time "Nordeste Rosa", formado pela união dos Times: "Quartzo Rosa" de Recife/PE, "Remo de Peito" de Natal/RN, "Lua Rosa" de Fortaleza/CE e "Mulheres de Peito" de Aracaju/SE;

4⁰ Lugar, o Time "Girassol Rosa" de Maceió.

Cerimônia das Rosas

Sejam todas bem vindas a Cerimônia das Flores.

Lançar flores na água de uma regata de câncer de mama começou como um simples gesto de uma amiga da tripulação inicial, há 20 anos para lembrar e realizar o desejo de uma mulher falecida por câncer de mama: entrar num braço dragão. Uma rosa foi lançada em meio a lágrimas, como um sinal de amor.

Hoje em dia, é uma cerimônia que acontece ao redor do mundo pelas mulheres que perderam sua batalha contra o câncer de mama. Cada mulher que deixou para trás famílias, amigos, memórias e planos e que agora são recordadas com saudade e carinho. Cada vida é única e imprescindível, levadas pela doença que mais acomete as mulheres no mundo.

Porém, a cerimônia também tem o objetivo de alentar aquelas mulheres que ainda estão lutando, porque não há conforto maior que ver uma sobrevivente de câncer de mama, como um símbolo que a doença pode ser vencida.

É um gesto que toca o coração e dá um momento para refletir, recordar, fazer seu luto, mas também para ter esperança, pelas que partiram, pela fortaleza de terem lutado até o fim, pelas que ainda lutam, pela fortaleza em que demonstraram em não desistir, pelas que estão aqui hoje, pela iniciativa de mostrar ao mundo suas histórias e dar alento a todas as mulheres para que se previnam contra o câncer de mama.

Hoje, diante de vocês há barcos dragões cheios de mulheres que em outro momento receberam a notícia que padeciam de câncer de mama, mulheres admiráveis, motivo de orgulho para toda a sociedade. Como sobrevivente entendo os sentimentos que podem acompanhar o diagnóstico, e sei como ele pode colocar inúmeros obstáculos diante de nós.

Através da atividade nestes barcos, dizemos palavras de apoio, coragem, gargalhamos, fazemos amizades e temos amor. Porque essas palavras são as que nos fazem ter determinação e força de lutar qualquer batalha.

Cada uma dessas mulheres tem sua própria história de coragem para contar, desde o diagnóstico até a entrada nesses barcos, histórias formidáveis e impressionantes, que criam laços de empatia uma com as outras.

Por favos, façamos um momento de silêncio em honra de todas as mulheres que perderam sua batalha para o câncer para que suas histórias não sejam esquecidas.