Paulo Afonso possui um bom número de produtores culturais em várias áreas das Artes mas, infelizmente, todos se deparam com as dificuldades de encontrar apoio financeiro para realizar suas produções.
O nosso teatro, mesmo improvisado, era o Centro Cultural Lindinalva Cabral onde se começou uma reforma há uns quinze anos, nunca concluída. Depois, em vários eventos da cidade, se anunciou que “muito em breve teremos um teatro e um museu que será construído ao lado do quartel dos Bombeiros” e nada se tem.
A Secretaria de Cultura tem um gordo orçamento, mas não há nenhuma rubrica para investimento na produção de livros, peças teatrais, cinema ou outras atividades a não ser a contratação estrutura e de bandas para grandes eventos. Infelizmente.
Ainda assim, os produtores de cultura, sem o apoio financeiro de que precisam, diretores, produtores, escritores, escrevem livros, encenam peças de teatro em espaços improvisados e também são também são produzidos filmes, com atores pauloafonsinos para serem exibidos nas telonas dos cinemas.
Já há algumas boas produções feitas com muito sacrifício em outros anos quando João de Sousa Lima produziu um filme sobre o cangaceiro Gato e, mais recentemente o Rafael di Oliveira concluiu mais uma produção e agora a 7ª Arte ressurge com a força do filme Bamburrá que foi lançado no Clube Paulo Afonso na sexta-feira, 1º de agosto com grande público presente.
Flávio Pezão, aqui em uma das participações em produções de novelas da Globo
O responsável por essa produção é o pauloafonsino Flávio Mendonça, que é também motociclista, conhecido como Flávio Pesão e, em abril deste ano, fez, com pleno sucesso, a aventura de rodar mais de 10 mil quilômetros em uma pequena moto, a POP100, e com ela venceu a Rodovia Transamazônica.
Agora também produtor, diretor, ator de cinema, Flávio Mendonça, conhecido como Flávio Pezão, aproveitou a sua experiência ao participar de algumas produções de novelas da Globo na região e resolveu investir na 7ª Arte em Paulo Afonso. E falou ao Jornal Folha Sertaneja sobre esta sua nova experiência.
Jornal Folha Sertaneja - Como surgiu o titulo da obra, Bamburrá?
Flávio Mendonça - Bamburrá é uma linguagem conhecida no garimpo, um verbo- encontrar por bambúrrio ('acaso') ouro, diamantes ou outras pedras preciosas, e enriquecer.
Jornal Folha Sertaneja - Como esse sonho de fazer cinema começou?
Flávio Mendonça - Entre dezembro de 2015 e maio de 2016, tive meu primeiro contato com o audiovisual quando trabalhei por 6 meses na produção da novela Velho Chico, onde tivemos algumas locações aqui na região. Atuei como figurante, trabalhei na equipe de efeitos especiais e bastidores e pude entender um pouco a estrutura de uma produção. Em seguida tive uma breve participação em outra produção da Globo, a novela Mar do Sertão. Então surgiu outro convite para participar na figuração do filme de Cacá Diegues, Deus ainda é brasileiro.
Diante dessas experiências, percebi que temos um potencial extraordinário em Paulo Afonso, para executar uma produção de altíssima qualidade. Pois nossa cidade é rica em profissionais, artistas e belezas naturais, porém sem nenhum incentivo.
Jornal Folha Sertaneja - Qual a tua atividade atual em Paulo Afonso?
Flávio Mendonça - Eu trabalho atualmente na biblioteca Municipal Natalice Barreto, tenho como colega de trabalho João Bosco, humorista, radialista, locutor, ator e produtor.
Jornal Folha Sertaneja - Como nasceu a ideia de produzir esse filme, Bamburrá?
Em uma das nossas conversas sobre cultura, o convidei para juntos participar do edital da lei Paulo Gustavo com uma produção do audiovisual, e de cara ele topou. Então convidamos Ângelo Freire cineasta de formação para participar do projeto. Fiquei na incumbência de escrever o enredo e Ângelo construir o roteiro dentro das normas. Ao tempo em que escrevia, já tinha em mente qual artista local se encaixaria no perfil do personagem. Dessa forma iniciamos o projeto Bamburrá.
Jornal Folha Sertaneja - Como conseguiu recursos para essa produção?
Flávio Pezão - Ao participar do edital, não chegamos a ser contemplados, pois o edital exigia que a produção fosse relacionada ao cangaço. (assim foi podada nossa criatividade). Sem recurso, busquei a SECULTE, ainda na administração do secretario Dernival Oliveira e mais uma vez, sem êxito! Tentei com o Turismo, tendo Nino Rangel na cadeira de secretario, sem sucesso.
Minha ultima cartada foi buscar diretamente o gabinete do Prefeito de Paulo Afonso e para minha ótima surpresa, fui ouvido por Saúde (chefe de Gabinete) e Veruska ( ASCOM). Apresentei o projeto e os valores, um orçamento de R$ 45.000,00. Acharam o projeto interessante e financiaram o valor de R$ 10.000,00 referente a captação de imagem e edição. Isso para mim foi um respiro. Então decidi tocar o projeto por conta própria, busquei o apoio do comércio e recebi apoio da Loja Rio Malhas, Criações Chaplin, FS Copiadora, Annita Calçados, Malhação. E dessa forma segui com o projeto.
Jornal Folha Sertaneja - E como se desenvolveu a produção, seleção de atores e gravação?
Flávio Pezão - Enquanto eu buscava recurso o elenco já ensaiava, e a produção já estava em campo escolhendo as locações, figurinos, cenários, maquiagens, caracterização. Uma loucura.
Marcamos o inicio das gravações para janeiro que seria o período das férias, minha e do elenco. Assim foi feito!
Gravamos cerca de 20 dias no mês de janeiro. A empresa contratada teria o prazo de 30 dias para edição do material, coisa que não aconteceu. Só recebi o material, ainda inacabado, no final de junho e detalhe, na mesa do delegado. Mas vamos pular essa etapa.
Em meio a toda essa tensão, estávamos gravando em estúdio a trilha sonora do filme com nosso talentoso músico Rafael di Oliveira. Foram criadas três músicas: Sertão Faroeste e Bamburrá de autoria de Rafael e Garimpeiro do sertão uma parceria minha e do Rafael. Contamos com os arranjos musicais de Dinizinho.
Jornal Folha Sertaneja - Cita aí os nomes dos que participaram de Bamburrá. Toda a equipe.
Flávio Pezão – Esta a nossa equipe de produção:
Flávio Pezão - autor, diretor,
Assistente de direção, Kariny Melo
Roteirista - Ângelo Freire
Produção - João Bosco, Ynoáh Natally, Kariny Melo, Jean Charles
Trilha sonora- Rafael di Oliveira, Flavio Pezão e Dinizinho (Arranjos)
Elenco Principal: Leandro Medeiros, Jeane Assis, Logan Brito, Tallita Weslayne, Gecildo Queiroz e Flávio Pezão
Elenco Mirim: Kauê Rian, Cailon e Thailon.
Elenco de Apoio: Welson Fortes, Ritinha Freire, Deisiane, Kariny Melo, João Bosco, Jean Charles.
Jornal Folha Sertaneja - Acrescente o que desejar, caro produtor de cinema e sucesso!
Flávio Mendonça - Como se pode ver, nossa pequena equipe pequena precisou acumular funções.
Em relação ao tempo da produção: foram 6 meses na pré produção, 20 dias na produção, 5 meses na edição (incompleta) e enfim a pré estréia para elenco e imprensa dia 11/07/2024.
A estréia ao público em 01/08/2024. Com duas exibições gratuitas no clube CPA. Foi um sucesso absoluto, duas sessões lotadas cada uma com cerca de 300 cadeiras. Fomos ovacionas e aplaudidos de pé. Um marco na cultura do audiovisual de Paulo Afonso. A repercussão foi absurda, postagens com cerca de 16.000 mil visualizações.
Estamos felizes até aqui e na esperança de políticas públicas voltadas a nossa área.
Finalmente estaremos no cinema, no Cine Xtreme, em 17/08/2024 ás 19h., concluiu Flávio Mendonça”
Uma nova expectativa para a produção, o elenco e a população de Paulo Afonso e região que precisa prestigiar iniciativas como esta. Parabéns Flávio Mendonça, Flávio Pezão!
Em nome da produtora Cinema na Raça, agradeço o espaço cedido, parabenizo a Folha Sertaneja pela excelente reportagem. Isso fortalecer a cultura de Paulo Afonso e divulga nosso trabalho. Gratidão ao amigo, Galdino.
Como parte integrante desse projeto, agradeço imensamente pela linda reportagem. Retratou verdadeiramente todo empenho e dedicação de todos os envolvidos, mas principalmente de Flávio Pezão 🥰