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Professor Galdino

Rio São Francisco. Há um rio que continua passando em nossas vidas. A beleza do cânion do rio São Francisco

Uma homenagem ao Velho Chico nos seus 523 anos de descobrimento

Publicada em 05/10/24 às 16:31h - 285 visualizações

Antônio Galdino


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Rio São Francisco. Há um rio que continua passando em nossas vidas. A beleza do cânion do rio São Francisco
 (Foto: Acervo do autor)

Rio São Francisco. Há um rio que continua passando em nossas vidas. A beleza do cânion do rio São Francisco

Por Antônio Galdino

O rio São Francisco foi descoberto em 4 de outubro de 1501. Em 2020 tive a oportunidade de organizar um pequeno livro para a Academia de Letras de Paulo Afonso chamado Rio São Francisco em Prosa e Versos onde estão colocados artigos de vários escritores, outros publicados pelo site www.folhasertaneja.com.br e pelo Jornal Folha Sertaneja e ainda poemas de escritores da ALPA sobre esse rio que deu nova vida a esta região e ao Nordeste do Brasil como fonte geradora de energia hidrelétrica e agora também com grandes projetos de irrigação, turismo e indo as suas águas para outras regiões através do seu projeto de transposição iniciado em 2006.

Também entre os muitos artigos deste site e sobre este rio, um deles, do ano de 2021 me chamou à atenção quando novamente vivemos os dias de homenagens a esse rio provedor de vida, exaltado no novenário de São Francisco realizado em muitas cidades ribeirinhas, nas procissões fluviais e nos necessariamente repetidos apelos de socorro a este rio gerador de riquezas e tão abandonado...

Ilha de Paulo Afonso. - (1) - Lago Delmiro Gouveia. (2) - Lago de Moxotó. (3) - Lago da Usina Paulo Afonso 4. (4) - Canal da Us. PA-4. (5) - Início do Cânion do rio São Francisco

Ilha de Paulo Afonso, acima e embaixo, com Usinas Hidrelétricas 1,2 e 3 em destaque.

Assim, atualizando algumas passagens, coloco para sua leitura e encantamento com as fotos que ilustram essas histórias para que todos tenham, inicialmente ou novamente esse encontro/reencontro com esse rio, especialmente no treco do seu cânion entre Paulo Afonso(BA) e Xingó(SE).

O cânion do rio São Francisco tem 65 quilômetros, começa na Cachoeira de Paulo Afonso, na divisa dos Estados da Bahia (município de Paulo Afonso) e Alagoas (município de Delmiro Gouveia) e, que está seca mas é a única cachoeira programável do mundo e nos períodos de grandes cheias no rio São Francisco volta à sua beleza das muitas águas, o que motivou a vinda do Imperador D. Pedro II para conhece-la em 20 de outubro de 1859.

Cachoeira de Paulo Afonso em março de 2007.

Até o enchimento do reservatório de Xingó, que começou em 10 de junho de 1994 com o fechamento da barragem de Xingó, o cânion do rio São Francisco possuía, logo na saída de Paulo Afonso, várias corredeiras como as do Vai-e-Vem, que impediam a navegação em todo o seu trajeto. Por estarem também espremidas entre esses grandes paredões de granito, as águas tinham grande profundidade e muita velocidade.

Cânion do rio São Francisco em Paulo Afonso - BA. À direita, Estado de Alagoas (Delmiro Gouveia), à esquerda, Estado da Bahia (Paulo Afonso). Ao fundo, Ponte Metálica D. Pedro II e mais ao fundo a Usina Hidrelétrica Paulo Afonso 4 (IV).

Ao se fecharem as comportas da barragem de Xingó, nasceu o reservatório de águas calmas dessa Usina hidrelétrica que ocupa toda a extensão do cânion e passou a ser um dos maiores reservatórios desse rio. acumulando entre seus paredões de granito 3,2 bilhões de metros cúbicos de água, com trechos em que a profundidade chega a 180 metros, sendo o ponto zero desse reservatório embaixo da Ponte Metálica D. Pedro II que une os Estados da Bahia (Paulo Afonso) e Alagoas (Delmiro Gouveia).

O cânion do rio São Francisco nessa região, que começa na Cachoeira de Paulo Afonso (atualmente seca), alcança terras dos estados da Bahia, Alagoas e Sergipe e nos seus primeiros 17 quilômetros, no município de Paulo Afonso, estão os paredões mais altos deste cânion, com até 100 metros de altura.

Início do Cânion do rio São Francisco. À direita a Cachoeira de Paulo Afonso seca e a Usina de Angiquinho construída por Delmiro Gouveia em 1913.

Trecho do cânion do rio São Francisco em Paulo Afonso-BA

Em 1970, Paulinho da Viola lançou uma canção que ainda hoje é cantada com muito entusiasmo pelos amantes do samba, especialmente os portelenses. Ele criou essa canção justamente para homenagear a sua escola de Samba, Portela, que parecia um rio desfilando na passarela do samba, no Rio de Janeiro.

Por estas terras sertanejas também há um rio, de verdade, que tem passado por nossas vidas há mais de cinco séculos de sua existência conhecida.

E, ao passar pelas vidas de milhões de pessoas, sempre traz mudanças boas, sempre oferece a oportunidade de crescimento, desenvolvimento das comunidades às suas margens.

Em um detalhado estudo feito entre os anos de 1852 e 1856, este rio, o São Francisco descoberto em 1501, há 520 anos, conhecido pelos indígenas que viviam às suas margens como Opará, que significa rio-mar, tal a sua grandeza, esse rio de quase 3 mil quilômetros de extensão, foi percorrido, légua a légua, por estudiosos comandados por pelo alemão, nacionalizado brasileiro, Henrique Halfeld, a mando do Imperador D. Pedro II, num trabalho que durou quase cinco anos.

Heinrich Wilhelm Ferdinand Halfeld, também conhecido como Henrique Guilherme Fernando Halfeld, foi um engenheiro alemão formado na Bergakademie Clausthal. Naturalizado brasileiro, foi encarregado pelo Imperador D. Pedro II para mapear todo o rio São Francisco, de Pirapora até o Oceano Atlântico. Ele nasceu em 23 de fevereiro de 1797, em Clausthal-Zellerfeld, Alemanha e morreu em 22 de novembro de 1873, em Juiz de Fora, Minas Gerais, onde foi sepultado.

Quando estes estudiosos chegaram perto do final do rio, faltando pouco menos de 300 quilômetros para a sua foz, no trecho que os pesquisadores registraram como as léguas 325 e 326 do rio, todos ficaram assombrados com a imensidão das águas do São Francisco formando as muitas quedas da Cachoeira de Paulo Afonso e o início da formação de um grande cânion. Essa área é assim descrita no Atlas Relatório que Halfeld enviou para o Imperador D. Pedro II:

“326ª légua - No começo desta légua começa a grande Cachoeira de Paulo Affonso; a sua primeira catadupa tem 44 palmos e 6 polegadas de altura e despenha-se em uma bacia guarnecida de rochas de granito talhadas quase a prumo, e às vezes mesmo propensas para dentro do Rio; desta bacia faz o Rio uma curta volta em ângulo reto à esquerda e precipita-se entre alcantilados penhascos no fundo de um abismo de uma altura de 6 palmos e 1 polegada transformando-se em consequência desse salto, aparentemente em espuma de leite, lançando e estufando grande altura, e semelhante ao efeito da explosão de uma mina. grandes borbotões de água aos ares, que se desfazem em neblina...

“Transformadas por esta catadupa as águas em um Rio de leite, precipitam-se estas em grandes rolos e ondas e entre rochedos alcantilados de granito, batendo em ângulo reto contra a margem esquerda do Rio. Esta margem consiste em rocha nativa de granito, que tem 365 palmos de altura até a superfície da água, tendo esta ainda 120 palmos de profundidade...”

Esta foi a descrição do início do cânion do rio São Francisco nesta região de Paulo Afonso, na divisa dos Estados da Bahia e Alagoas, na Cachoeira de Paulo Afonso, feita por Henrique Halfeld.

A descrição da Cachoeira por Halfeld em seu Atlas Relatório impressionou tanto o Imperador D. Pedro II que ele decidiu conhecer estas quedas d`água, o que fêz em 20 de outubro de 1959.

Esse maravilhoso cânion do rio São Francisco, que começa nos paredões de granito da Cachoeira de Paulo Afonso, hoje sem águas, percorre 65 quilômetros até alcançar a barragem da Hidrelétrica de Xingó, inaugurada pela Chesf em 1995, quase na virada do século XX. Até o represamento do rio por essa barragem, suas águas percorriam essa região protegidas por paredões de mais de 200 metros de altura, em alguns trechos até bem mais, até se espraiar e alargar-se mais no seu caminho do Baixo São Francisco até chegar à sua foz, como mostram imagens do filme “O Baile Perfumado”, gravado na região antes da construção da barragem da Hidrelétrica de Xingó e também fotos da construção da Ponte D. Pedro II, no final dos anos de 1950.

Com a construção da Barragem de Xingó, o espaço do cânion foi transformado no leito dessa barragem e ali estão acumulados 3,2 bilhões de metros cúbicos de água. O ponto zero desse reservatório é abaixo da ponte D. Pedro II, no município de Paulo Afonso, na divisa dos Estados da Bahia (Paulo Afonso) e Alagoas (Delmiro Gouveia).

Mesmo com tantas águas, a imponência, a grandeza desse cânion continua chamando a atenção de milhares de pessoas que chegam para visitá-lo, principalmente na região de Canindé do São Francisco onde foi montada uma grande estrutura turística com a oferta de passeios de catamarãs e sobrevoos de helicóptero para conhecer os paredões de granito e a sua imensidão de águas.

Tal a imponência desse cânion que, em alguns trechos, a profundidade de suas águas chega a 170 metros e há lugares em que, ainda assim, os seus paredões chegam a quase 100 metros de altura.

Catamarã no cânion de Paulo Afonso, no Povoado Rio do Sal (Vale do Sal)

As águas acumuladas no cânion do rio São Francisco mantêm em funcionamento a maior usina hidrelétrica do complexo da Chesf, a Usina Hidrelétrica do Xingó, capaz de gerar mais de 3 mil megawatts de energia em suas seis máquinas de mais de 500 megawatts cada uma.

Hoje, após a construção da barragem, nesses pouco mais de 20 anos, todo esse trecho se tornou navegável. Antes, isso era impossível. Havia corredeiras respeitáveis e na região do Rio do Sal, na volta do Vai-e-Vem, era comum aparecerem corpos de gente e de animais que se afogavam no rio.

Tive a oportunidade de percorrer todo esse cânion em várias ocasiões, seja em passeios de Catamarã, saindo da Usina Paulo Afonso 4 até o Povoado Rio do Sal, e até o Povoado de Xingozinho, ainda no município de Paulo Afonso ou em lanchas até o dique da Barragem de Xingó, de onde saem os passeios de catamarã.

Em uma dessas viagens que fiz, acompanhava o jornalista Francisco José que fazia uma matéria sobre o rio São Francisco para o Globo Repórter, da Rede Globo. Ele, experimentado jornalista que já viajou por todo o mundo e já esteve nessa região outras vezes, continuava encantado com as belezas desse rio e deste cânion. Aqui e ali, conversava com pescadores solitários e ouvia conversas sobre o rio e a região.

Formações rochosas na região do Xingozinho, povoado de Paulo Afonso-BA

Aqui e ali o rio mostra paisagens estonteantes. Uma hora, ao receber todas essas águas, o rio fez despertar uma grande esfinge a observar os que por ali passa... E outros lugares, erguem-se paredões imensos de pedras bem arrumadinhas, ali dispostas, harmoniosas, pelas mãos do Criador. Parece um grande monumento ao rio que segue distribuindo riquezas por onde passa.

Há um lugar, bem no meio do rio, exatamente logo depois dos 17 quilômetros percorridos dentro do município de Paulo Afonso. É uma ilha em forma de triângulo, para marcar bem a posição de cada um que por ali navega. De um lado da ilha, é o Estado da Bahia, que vai ficando para trás. A outra face do triângulo já é o Estado de Sergipe e a outra face mostra o Estado de Alagoas.

A criatividade do povo da região dá muitos nomes a essa ilha que é a exata divisa dos três estados nordestinos – Bahia, Sergipe e Alagoas. Uns a chamam de Ilha de Ninguém. Outras a denominam de Ilha de Todo Mundo. A partir dela, o rio segue entre os Estados de Alagoas e Sergipe até a Barragem e Usina Hidrelétrica de Xingó e dali, novamente segue, já no seu trecho de Baixo São Francisco, sempre estre os Estados de Alagoas e Sergipe.

Sobre o cânion do rio São Francisco, ele já tem sido cenário para filmes, novelas da televisão, muitos documentários e programas de redes de TV regionais.

Ele já esteve em várias edições do Globo Repórter, do Programa do Faustão, em várias oportunidades quando Paulo Afonso sediava os esportes radicais e de aventuras, em provas de canoagem a nível nacional, em programas da TV Bahia, afiliada da Rede Globo em Salvador, como o programa Aprovado, de que tive a honra de também participar, assim como em várias edições do programa Na Carona, também da TV baiana.

Um dos mais belos programas sobre esse rio foi o Dendê na Mochila, de Matheus Boa Sorte, realizado para a TV Aratu, de Salvador.

O cânion do rio São Francisco esteve sendo mostrado nos Salões de Turismo realizados em São Paulo e em muitos eventos similares realizados no Brasil e em outros países, quase sempre mostrado pelo Estado de Sergipe.

Um dos depoimentos mais emocionantes sobre o cânion do rio São Francisco em Paulo Afonso eu ouvi de uma baiana de Juazeiro chamada Ivete Sangalo quando participava, a convite da apresentadora Eliana, então no SBT, de uma visita ao Grand Canyon, esculpido pelo rio Colorado, no Estado do Arizona, nos Estados Unidos. Mesmo sendo de uma beleza estonteante, a baiana Ivete Sangalo lembrou das terras de sua Bahia e declarou: “canion lindo é o do rio São Francisco, em Paulo Afonso, na Bahia.”

Hoje navegável em toda a sua extensão de 65 quilômetros, o cânion do rio São Francisco, em Paulo Afonso, na Bahia e até a barragem de Xingó, continua lindo e encantando a todos.

Depois que suas águas se transformam em energia para a grandeza do Nordeste e do Brasil, o rio retoma o seu leito, ainda por uns trechos de cânion bem mais abertos até ir se espalhando até chegar à sua foz.

Barrgem e Usina Hidrelétrica de Xingó em Canindé do São Francisco/SE.

Logo após a barragem de Xingó, banha a centenária Piranhas, em Alagoas e Canindé do São Francisco, em Sergipe e continua a sua caminhada assim, agradando e fazendo o bem a alagoanos e sergipanos.

Piranhas/AL

E o rio segue o seu rumo desde sempre, abraça e banha a centenária Penedo e, entre Brejo Grande em Sergipe e a Piaçabuçu, em Alagoas, entre dezenas de barcos de pescadores vai ao encontro do mar e recebe o abraço fatal do Oceano Atlântico.

Em Piaçabuçu, foz do rio São Francisco.

Esse último trecho do rio São Francisco foi o começo da viagem do Imperador D. Pedro II no Estado de Alagoas quando decidiu conhecer a Cachoeira de Paulo Afonso e onde esteve em 20 de outubro de 1859, indo pelo rio até Piranhas/AL. e dali até a Cachoeira de Paulo Afonso, a cavalo, empolgado, ansioso para conhecer as belezas descritas por Henrique Halfeld, anos antes. Mas esse é assunto para outra prosa, em breve.




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2 comentários


Professor Galdino

06/10/2024 - 14:41:58

Bom dia, caro Jarbas. Não esqueci, caro leitor/internauta. Sei bem que temos um grande trecho de centenas de quilômetros em que esse rio da unidade nacional é a divisa entre Bahia e Pernambuco, de Petrolina a Jatobá. Mas, observe que o foco desse estudo é o cânion do rio São Francisco, trecho de 65 quilômetros da Cachoeira de Paulo Afonso até a Barragem de Xingó e, falo, ligeiramente, do Baixo São Francisco, de Piranhas até a foz. Obrigado por ler. Compartilhe. Abraço fraterno. Prof. Galdino


Jarbas

06/10/2024 - 11:06:52

Esqueceram que o Rio São Francisco passa também em Pernambuco?


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