26 anos sem Dom Mário. Paulo Afonso realiza Semana Cultural Dom Mário Zanetta de 11 a 17 de novembro
O Instituto Dom Mário Zanetta e Padre Lourenço Tori, com o apoio da Diocese de Paulo Afonso estará realizando no período de 11 a 17 de novembro, a Semana Cultural Dom Mário Zanetta, criada por uma iniciativa do Vereador Marconi Daniel por Projeto de Lei assinado por todos os vereadores da Câmara Municipal de Paulo Afonso e por Lei Municipal sancionada pelo Prefeito Luiz Barbosa de Deus.
A Semana Cultural D. Mário Zanetta terá grande e diversificada programação com eventos realizados na Praça da Catedral e missas no dia 13 de novembro, data de sua páscoa, às 17 horas no Cemitério Padre Lourenço Tori e às 19 horas na Catedral N.S. de Fátima em Paulo Afonso-BA.
A Semana Cultural D. Mário Zanetta marca os 26 anos de sua morte que aconteceu no dia 13 de novembro de 1998, vitimado por um AVC.
No ano de 2018, o Vereador Marconi Daniel apresentou ao plenário da Câmara Municipal de Paulo Afonso o Projeto de Lei 138/2018 de 9 de novembro de 2018, que foi assinado por todos os outros vereadores, criando a Semana Municipal D. Mário Zanetta, a ser comemorada todos os anos na semana de novembro em que está o dia do aniversário de sua morte, 13 de novembro.
No ano de 2019, foi sancionada pelo Prefeito Luiz Barbosa de Deus a Municipal Nº 1.434/2019, de 5 de novembro de 2019, publicada naquela mesma data no Diário Oficial do Município, criando esta Semana Municipal Dom Mário Zanetta que passou a ser realizada todos os anos com o nome de Semana Cultural Dom Mário Zanetta, com intensa programação cultural e litúrgica.
Também no ano de 2019, no mês de Julho, a Academia de Letras de Paulo Afonso publicou o primeiro número do seu livro/anuário chamado de Revista da Academia de Letras de Paulo Afonso e na Seção chamada Personagens da Nossa História, ao lado de artigos dos acadêmicos sobre Abel Barbosa e Silva (por Antônio Galdino), Otaviano Leandro de Morais (por Sebastião Leandro de Moraes), Gilberto Gomes de Oliveira (por Socorro Araújo – Marajana) estava o belo artigo sobre Dom Mário Zanetta, escrito pelo acadêmico, escritor e poeta, professor Edson Barreto (págs. 81 a 85), por ele chamado de Apóstolo da Esperança, em que ele cita um trecho de uma fala do Bispo e faz a seguinte introdução:
D. Mário Zanetta, o apóstolo da esperança!
Edson Barreto
“Quando Jesus nos diz: ‘Vós sois a luz do mundo’, ele quer que nós, através de nossa vida, de nossas palavras, de nosso testemunho, sejamos pessoas luminosas. Ele quer que nós iluminemos a vida dos outros.” (D. Mário Zanetta).
O Apóstolo da Esperança, D. Mário Zanetta, foi uma Rosa de Sarom plantada no árido solo do sertão nordestino, especificamente, no município de Paulo Afonso, Bahia. A Bíblia faz referência a essa flor magistral em Cânticos (2: 1-2). Essa rosa que nasce no vale de Sarom, região montanhosa de Israel, tem uma beleza indescritível e um doce perfume inigualável. Impossível de ser esquecida por quem tem ou teve a oportunidade de vê-la e sentir o seu aroma. Assim também foi o italiano D. Mário Zanetta, impossível esquecê-lo. (Edson Barreto)
Muito se tem falado e escrito sobre os Padres Mário Zanetta e Lourenço Tori e também Alcides Modesto e outros talvez por terem vivido e atuado intensamente na Igreja de Paulo Afonso até bem antes de ser criada a Diocese de Paulo Afonso, nos anos difíceis do governo militar e da instabilidade política e estes padres se tornaram nos grandes ouvidores do povo mais carente.
O poeta, cordelista, Varneci Nascimento, quando ainda era aluno do CIEPA, escreveu um livro de cordel Dom Mário Zanetta, pastor, amigo e irmão, já com várias edições pela Editora Fonte Viva, de Paulo Afonso/BA, criada por D. Mário Zanetta. O livro tem 50 páginas, com 187 estrofes de seis versos sobre a vida do Padre e do Bispo D. Mário Zanetta e conclui com estes versos:
Querido profeta e mestre,
Servo de Nosso Senhor,
Do nosso meio saíste
Pela força do amor.
Foste embora, Dom Mário
Sê o nosso intercessor!
Como pudeste, Dom Mário
Cumpriste a tua missão.
No mais difícil caminho,
Foi sinal de salvação
E daqui te oferecemos
Nossa eterna gratidão!
O muito amado Padre Mário Zanetta e seus sonhos
Dom Mário Zanetta, durante o tempo em que atuou em Paulo Afonso, como Padre Mário, desde quando chegou a esta cidade, em 24 de maio de 1969, acompanhado do seu inseparável amigo Padre Lourenço Tori, (falecido em trágico acidente em fevereiro de 1973), sempre cativou a todos com o seu jeito humilde e sempre presente entre os mais necessitados.
Desenvolveu muitas ideias inovadoras para Paulo Afonso e outros municípios do território da Diocese. Um dos seus sonhos foi a criação da Gráfica Fonte Viva e deste seu projeto, fui convidado a participar um pouco.
No ano de 1981, preocupado com a falta de informações, publicações, sobre a história de Paulo Afonso para trabalhar esses conteúdos com os meus alunos, produzi uma Revista Histórica chamada Paulo Afonso – Redenção do Nordeste e ela foi impressa, com o apoio do então Prefeito Abel Barbosa, em uma grande gráfica de Campina Grande-PB, chamada GRAFSET, anos depois transferida para João Pessoa.
Ao conhecer a revista e gostar de sua qualidade gráfica, D. Mário me procurou perguntando se eu o acompanharia até aquela gráfica para ele conhecer os equipamentos. Concordei e na data combinada ele passou em minha casa, na Rua dos Flamboyans, atrás do Estádio Municipal. Era 4 horas da madrugada. Ele, dirigindo sua Elba, pé pesado e pedindo desculpas porque, de vez em quando fumava. Tomamos café em Cachoeirinha e cerca de 8 horas e 20 da manhã estávamos em Campina Grande, em frente da GRAFSET.
Na viagem, ele já me dizia que tinha interesse de montar uma gráfica em Paulo Afonso e que, para isso, estava contando com o apoio de amigos italianos.
Fomos recebidos por um pessoal simpático e quando Dom Mário se apresentou, imediatamente ligaram para o proprietário que logo chegou. Dom Mário explicou que precisava conhecer sobre os equipamentos gráficos e recebeu dos diretores daquela empresa todas as informações, folhetos, catálogos de que precisava. Conhecemos todos os equipamentos e sua função, tivemos até que vestir uma roupa especial porque tivemos acesso ao laboratório de tintas que a empresa mantinha ali.
Retornamos a Paulo Afonso e ele se mostrava muito feliz. Tempos depois começaram a chegar equipamentos doados por amigos, por empresas e nasceu a Gráfica e Editora Fonte Viva em Paulo Afonso.
No ano de 2008, quando da chegada do quinto e atual bispo de Paulo Afonso, o Jornal Folha Sertaneja fez uma publicação especial, no formato de Revista, com uma breve história desta Diocese de Paulo Afonso e pequeno histórico de todos esses cinco bispos desta Diocese: Dom Jackson Berenguer Prado, o primeiro bispo de Paulo Afonso, de 1971 a 1982.
O segundo bispo, Dom Aloysio Leal Penna, de 1984 a 1988.
Dom Mário Zanetta, o terceiro bispo, de 1988 a 1998.
O quarto bispo, Dom Esmeraldo Barreto de Farias, de 2000 a 2007.
Em maio de 2008, chegava a Paulo Afonso o quinto bispo desta Diocese, Dom Guido Zendron, italiano como D. Mário e atual bispo da Diocese de Paulo Afonso. Naquele ano, completava 10 anos do falecimento de D. Mário.
Dom Mário Zanetta – o terceiro bispo da Diocese de Paulo Afonso
Ele nasceu em 29 de janeiro de 1938 em Santo Stefano di Borgomanero, província de Novara, no norte da Itália.
Em 1949, ingressou no seminário. Recebeu as “ordens menores” em 1957 e em 20 de dezembro de 1961 foi ordenado diácono. No dia 24 de junho de 1962 foi ordenado sacerdote. Após alguns anos como vigário coadjutor na Itália, aceitou o convite para ser missionário.
No dia 24 de maio de 1969 os padres Mário Zanetta e Mário Lourenço Tori chegam a Paulo Afonso/BA.
No dia 3 de fevereiro de 1973, Padre Lourenço Tori morre tragicamente num acidente quando uma caçamba atropelou a sua moto.
Padre Mário Zanetta recolhe a herança missionária do amigo e segue em frente na sua missão.
Nos 15 anos seguintes, Padre Mário Zanetta tornou-se um dos protagonistas do tumultuado e rápido crescimento de Paulo Afonso.
Construiu creches e escolas, incentivou a realização de mutirões, encaminhou dezenas de pequenas atividades produtivas, se solidarizou com operários no ambiente de greves e protestos constantes, edificou igrejas e capelas, constituiu grupos e movimentos, formou centenas de lideranças
Quando D. Aloysio Penna foi transferido para a Diocese de Bauru/SP, o Padre Mário Zanetta foi nomeado bispo pelo Papa João Paulo II. E em 14 de agosto de 1988 é sagrado Bispo por D. Aloysio Penna, seu predecessor.
De 1988 a 1998 foram 10 anos de grande atividade episcopal. Criou novas paróquias, ordenou padres, trouxe para trabalhar na Diocese numerosas comunidades de religiosas e alguns sacerdotes.
Incentivou a formação e estruturação de pequenas comunidades de base e de grupos, movimentos e associações.
Fiel ao seu lema “Cremos na Caridade”, Dom Mário Zanetta foi um grande defensor das causas sociais. E, com esse foco, envolveu instituições da cidade e criou a Fundame que completou 25 anos em 2019 e seus dirigentes afirmam que “com muitas dificuldades, oferecemos a jovens e crianças a possibilidade de entrar na vida”.
Dom Mário Zanetta foi um apaixonado pela comunicação e pela educação como geradora de oportunidade de trabalho e deixou grandes realizações nesse campo. Em Paulo Afonso, criou a Editora Fonte Viva, a TV Fonte Viva e o Instec que oferecia cursos profissionalizantes para jovens se prepararem para o primeiro emprego. Em Cícero Dantas, criou a Rádio Regional e em Jeremoabo, a Rádio Vaza Barris.
A ação e o entusiasmo de Dom Mário Zanetta transbordavam os limites da Diocese de Paulo Afonso. Desde 1995, ele era o presidente da Regional Nordeste 3, da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que compreendia na época 23 dioceses dos Estados da Bahia e Sergipe.
Dom Mário Zanetta foi também presidente Nacional da CPP – Comissão Pastoral dos Pescadores. E por conta desse cargo, visitou muitas colônias de pescadores artesanais em todo o Brasil. Foi também presidente, em dois mandatos, do IRPAA – Instituto Regional para a Pequena Agropecuária Apropriada, como sede em Juazeiro/BA.
No dia 4 de novembro de 1998, Dom Mário Zanetta teve um grave AVC. Foi socorrido e levado ao Hospital Nair Alves de Souza e os médicos fizeram um grande esforço para minorar o seu sofrimento mas a gravidade do seu caso exigia mais recursos que Paulo Afonso não tinha e ele foi transportado em UTI aérea para o Recife e ali foi cuidado até que no dia 13 de novembro chega a Paulo Afonso a notícia de sua morte.
Os pauloafonsinos, os diocesanos, ficaram consternados, em grande tristeza. Na sua despedida, na Catedral Nossa Senhora de Fátima e no cortejo fúnebre até o cemitério que leva o nome do seu amigo Padre Lourenço, parece que toda a cidade e milhares de pessoas de outros lugares estavam reunidos nessa despedida.
Ali, foi sepultado ao lado do amigo que veio com ele da Itália em 1969, há quase 30 anos atrás, agora, novamente juntos no campo santo e na eternidade.
(Fonte: Jornal Folha Sertaneja – Especial – Diocese de Paulo Afonso – 25/05/2008;
Parabéns professor Galdino pela brilhante reportagem e justa homenagem a estes homens de Deus que doaram a sua vida em prol de outra nação amiga.
Parabéns Professor Antônio Galdino pelo brilhante documentário sobre Dom Mário Zanetta. Está matéria dignifica e impulsiona cada vez mais a importância que teve esse grande missionário para Paulo Afonso, 26 municípios da Bahia, relacionamento com dioceses de Pernambuco, Sergipe, Alagoas e muitos encontros pelo Brasil.Graças a Deus tivemos o privilégio de receber os padres Lourenço Tori e Mário Zanetta em 1969. Missionários que muito contribuiram com o desenvolvimento social de Paulo Afonso.