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Professor Galdino

As Cachoeiras de Paulo Afonso não estão mortas. Apenas adormecidas. E elas acordaram hoje!

“As águas da Cachoeira, rolam, rolam, sem parar...”

Publicada em 15/02/25 às 23:33h - 299 visualizações

Antônio Galdino - Atualizada (texto e fotos) em 16/2/2025 a 01h e 25 minutos.


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As Cachoeiras de Paulo Afonso não estão mortas. Apenas adormecidas. E elas acordaram hoje!
 (Foto: Acerco do autor)

As Cachoeiras de Paulo Afonso não estão mortas. Apenas adormecidas. E elas acordaram hoje!

“As águas da Cachoeira, rolam, rolam, sem parar...”

Antônio Galdino da Silva 

Como disse em uma canção o pioneiro, músico, chesfiano, vereador, Diogo Andrade Brito, “As águas da Cachoeira, rolam, rolam, sem parar...”. Não tem sido bem assim, nos últimos anos, nas últimas décadas... Muitas barragens seguram o rio, grandes comportas em suas barragens controlam a saída das águas para os seus caminhos naturais...

Mas, a Cachoeira de Paulo Afonso não está morta, apenas adormecida. E há duas maneiras para ela reaparecer linda, maravilhosa, imensa, parecendo um enorme rio de leite, branquinho, despencando dos paredões de granito de 80 metros da altura...

 

A primeira é natural, quando a mãe natureza enche os afluentes do rio São Francisco de muitas águas e assim também todo o rio São Francisco e os grandes reservatórios que foram construídos no seu caminho, Sobradinho, Itaparica, Moxotó. Todos cheios, as águas precisam ser libertadas e formam-se novamente as grandes cachoeiras...

A segunda, é a cachoeira programada, periodicamente, tecnicamente estudada para ajudar a promover o desenvolvimento regional a partir do turismo como previu João Paulo Aguiar anos atrás e mostramos a seguir.

Lembrando que os argumentos utilizados antes de que as águas das cachoeiras de Paulo Afonso eram um desperdício, como se disse ao serem fechados os drenos de areia, todas essas águas agora, na verdade desde a conclusão da barragem e do reservatório de Xingó, em 1994, que acumula 3,2 bilhões de metros cúbicos de águas, vão para esse imenso reservatório e são utilizadas, todas as gotas, na geração de energia nas seis máquinas de 500 mW cada daquela Usina Hidrelétrica, a maior da Chesf, hoje Eletrobrás-Chesf.

Neste ano de 2025, em 3 de outubro, completam-se 300 anos que estas quedas d`água que eram conhecidas como Sumidouro, Forquilha e Cachoeira Grande passaram a ser conhecidas como Cachoeira de Paulo Afonso porque foi nessa data que o português Paulo Viveiros Afonso recebeu uma sesmaria de três léguas por uma légua e dentro desta área estavam estas maravilhosas cachoeiras que passaram a ser a referência do lugar e de seu dono – Cachoeira de Paulo Afonso...

 

Pois hoje, 15 de fevereiro de 2025, no ano que a Cachoeira de Paulo Afonso faz 300 anos que passou a ter esse nome, as suas águas reaparecem encobrindo os paredões de granito de 80 metros de altura e promovendo, mais uma vez, a alegria de todos os que conseguiram contemplá-la nesta sua beleza ímpar...

Mas, foi só um alento para muitos porque a atual Elebrobras/Chesf decidiu atender a pedidos de prefeituras que ficam na região do Baixo São Francisco que têm ali tradicionais procissões fluviais em homenagem ao Sr. dos Navegantes e com essa vazão do rio São Francisco aumentada as festividades que atraem milhares de fiéis e turistas àquela região puderam ser mantidas. Que coisa maravilhosa!

Eu já visitei e fotografei e filmei essas maravilhas incontáveis vezes, desde quando ainda menino, quando aqui cheguei em 20 de novembro de 1954... Soube que por estes paredões de granito já rolaram mais de 18 mil metros cúbicos de água por segundo, provocando um estrondo que se ouvia há quilômetros de distância... E sobre elas há muitas histórias e poesias...

E isso me fez lembrar que já foram também feitos alguns estudos nesta região do São Francisco, em municípios dos quatro estados nordestinos ribeirinhos do rio São Francisco para se ver a possibilidade de desenvolvimento regional através do turismo tendo como foco as águas desse rio, seus imensos lagos e as Cachoeiras de Paulo Afonso.

Técnicos da Agência Nacional das Águas - ANA - avaliando proposta de autoria do Professor Antônio Galdino - especialista/Mestre em Turismo, de aberturas periódicas das cachoeiras de Paulo Afonso (ano 2006).

Em 2006, a pedido de importante personagem da Chesf, fiz um estudo preliminar sugerindo a abertura periódica da Cachoeira de Paulo Afonso, tecnicamente programada e administrada pela Chesf, na época e com isso ampliando a visitação turística ao município de Paulo Afonso durante esses momentos de abertura controlada das Cachoeiras. 

O projeto foi analisado por técnicos da ANA, com quem estive, que o aprovaram, mas faltava o parecer o ONS e não se teve mais informações sobre ele justamente porque naquele mesmo ano os olhares do presidente da República eram para o Projeto de Transposição do Rio São Francisco e também porque outras instâncias governamentais, gestões municipais e estaduais, não se empenharam para se ter esse benefício.

Nos tempos em que foram projetadas as construções das usinas hidrelétricas de Paulo Afonso, não havia leis que protegiam o meio ambiente e que impedisse que as muitas quedas d`àgua de Paulo Afonso fossem atingidas a ponto de nos privarem de sua beleza por uns tempos.

Ao contrário, foi exatamente inspirado no aproveitamento da força das suas águas que estas usinas hidrelétricas foram construídas nessa região, iniciadas ainda nos primeiros anos do século XX quando Delmiro Gouveia construiu, em 1913, há pouco mais de 110 anos a Usina Angiquinho, pendurada no paredão de granito da margem alagoana do rio São Francisco.

Ali começa o cânion de 65 metros até a Barragem de Xingó, na divisa dos estados de Alagoas e Sergipe, a maior usina e a última barragem que mexeu com a movimentação das águas deste rio São Francisco e esta grande usina hidrelétrica de Xingó foi inaugurada em 1994, trinta anos atrás.

Cachoeira de Paulo Afonso e Usina Angiquinho vistas da margem alagoano, do mirante construído no local da visita do Imperador D. Pedro II, o Limpo do Imperador

Nos anos de 1980, acompanhando constantemente visitantes ilustres que chegavam, como também fiz durante dezenas de anos, vimos, eu e Carlinhos da Sala, volumes enormes de água despencando do paredão de 80 metros, parecendo um rio de leite e, outras vezes, nos tempos de grande estiagem na região dos afluentes do rio São Francisco e no seu leito, as águas ficavam poucas e iam sendo guardadas nas grandes caixas d`água que eram os grandes reservatórios que a Chesf – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – criada em 1945/1948 para gerar a energia, “a luz de Paulo Afonso” para todo o Nordeste, foi construindo ao longo desse majestoso rio para assegurar que teria água, o combustível de suas muitas usinas hidrelétricas.

Quando o presidente Dutra e grande comitiva visitaram a Cachoeira de Paulo Afonso em julho de 1949 para decidir sobre a organização da Chesf para construir as usinas hidrelétricas era assim a Cachoeira de Paulo Afonso.

Em uma dessas vazões pequenas, a Cachoeira de Paulo Afonso transformou-se e se apresentava em pequenas cascatas descende o penhasco.

 

Zé Carlos, o Carlinhos da Sala, historiador, ao ver a cachoeira seca, sem o vigor e a beleza de suas muitas águas, escreveu então um poema em que concluía como versos tristes onde afirmava a sua solidariedade ao rio que chorava e profetizava que esse belíssimo cenário ia acabar...

“Choro contigo meu Velho, (Chico)
Sei que as quedas da cachoeira
Serão, em breve, apenas um retrato na parede.”

(José Carlos Feitosa, Março de 1980)

Por esse tempo, Diogo Andrade Brito, músico trombonista da Banda da Chesf, pioneiro chesfiano e da Câmara de Vereadores de Paulo Afonso, fez a música “As águas da Cachoeira em que cantava que “As águas da Cachoeira, rolam, rolam, sem parar”.


Edição do Jornal Folha Sertaneja de 30/09/2005, trazia novamente esse assunto.


Muitos estudos têm mostrado a grande importância das Cachoeiras de Paulo Afonso para o desenvolvimento do município de Paulo Afonso e de toda a região com a volta dessas muitas águas. 

 

Nos anos de 1990, o Engenheiro João Paulo Maranhão Aguiar, que era assessor do presidente da Chesf, demonstrando preocupação com o esvaziamento da região em face da conclusão do ciclo de obras da hidrelétrica que durou cerca de 50 anos, encomendou um estudo, inicialmente entre Xingó Paulo Afonso sobre a potencialidade turística desta região, como uma nova opção de geração de emprego e renda...


Ao arquiteto Alejandro Luiz foi encomendado um relatório nesse sentido e os resultados foram altamente estimuladores para esse segmento. As muitas águas, excelentes para esportes náuticos, passeios e outras atividades a elas associadas. O cânion então era um atrativo especial e as Cachoeiras de Paulo Afonso, estas mereceram avaliações que lhes deram Nota 10 como atratividade turística. Foi até sugerido, naqueles anos de 1996, por esse estudioso que, se a Chesf apresentasse um projeto de recuperação, restauração da Cachoeira de Paulo Afonso, certamente seria muito bem avaliada no cenário mundial pela recuperação de tão valioso patrimônio natural naqueles tempos em que os olhares para a preservação do meio ambiente eram outros, diferentes dos de 50 anos atrás.

João Paulo Aguiar decidiu aprofundar os estudos sobre esse tema. Foi criado o Programa Xingó e dentro dele um segmento de Turismo e Hotelaria e, através de uma parceria com o Sebrae-Pernambuco ampliou essa pesquisa sobre o potencial turístico em 25 municípios dos Estados da Bahia, Alagoas, Sergipe e Pernambuco e, novamente, a Cachoeira de Paulo Afonso foi novamente a grande estrela de toda essa região.

Já, há séculos atrás ela mereceu estudos valiosos de Henrique Halfeld que a visitou em 1854 e os seus relatos motivaram o Imperador D. Pedro II a visitar esta cachoeira em 20 de outubro de 1959 e fez o grande poeta baiano Antônio de Castro Alves escrever um extenso poema chamado A Cachoeira de Paulo Afonso em 1970...

 

Hoje, as quedas d`água das Cachoeiras de Paulo Afonso, Véu da Noiva, Quedas do Croatá, novamente encheram os olhos dos visitantes que estiveram às suas margens, do Mirante da Cachoeira, conduzidos pelos Guias de Turismo de Paulo Afonso entre às 8 horas e às 16 horas.

Quedas do Croatá vistas do Mirante do Teleférico


Aos que já ficaram com saudade de ver tanta beleza, quem sabe a veremos de novo assim, majestosa e bela novamente no mês de março ou abril, a depender das chuvas que chegam a Minas Gerais e às nascentes deste rio São Francisco no chamado período molhado, a partir do mês de dezembro e meses seguintes.


Se houver muita chuva por ali e o grande reservatório de Sobradinho, que tem a capacidade de acumular 34 bilhões de metros cúbicos de água e também o de Itaparica, com quase 12 bilhões de metros cúbicos de água, estiverem cheios, voltaremos a ver a gigante Cachoeira de Paulo Afonso, que não está morta mas apenas adormecida, voltar à sua grandiosidade majestosa cuja beleza deixou boquiaberto o próprio Imperador D. Pedro II e tem o poder de deixar assim todos nós, simples mortais, sempre que o rio retoma os seus caminhos naturais nesses sertões nordestinos.




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2 comentários


Dóris Leite mota

16/02/2025 - 14:47:39

Nossa Paulo Afonso é linda e o nosso patrimônio natural que é à cachoeira são magníficas;somos abençoados por desfrutar deste maravilhoso patrimônio.


Geralda

16/02/2025 - 00:41:54

Quanta alegria, rever nosso São Francisco, transbordando, embelezando nossa região! Parecendo dizer-nos: ainda tenho vida, quando todos ouviam há quilômetros o chauar, chauar das águas descendo Cachoeiras!


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