O presidente irritou a nação. Alguns romperam com ele, que, com todo rompante, havia investido contra a sentimento – e o medo – geral. Outros vacilaram e poucos ponderaram. Jair Bolsonaro, digamos, destoou. A hora, pessoal, não seria eminentemente de “ponderar”? Ponderação não é também exercício da democracia? O que é isso de “fora” fulano a toda hora, desde o Governo Sarney passando pelo episódio Collor? Não estamos cansados de impeachment a começar pela renúncia de Deodoro ou, mais para trás, pela abdicação de Dom Pedro I?
De fato, após a reação abrupta inicial de quase todos nós, alguns frutos extemporâneos caíram no chão. Uns poucos arriscaram ponderar se o remédio poderia matar o paciente.
Falamos do travamento total das atividades sociais e econômicas. Claro que o vírus, nosso inimigo mortal insidioso, não é brincadeira. Claro que não se pode projetar nada prevendo a morte “inevitável” de um grupo de pessoas (no caso os idosos). Estaríamos, assim, justificando a política de Adolf Hitler de eliminar os inválidos.
Noé, João Batista (às vezes Moisés) e Galileu ficaram sozinhos. Winston Churchill em vão tentou alertar os ingleses e o mundo para o perigo da ascensão de Hitler. Destoaram. Saíram do tom. Perderam a toada. Eles, porém, estavam certos. Foram visionários. Tiveram o privilégio da visão que a todos os outros foi negado.
Então, para não ser cansativo, e para encerrar, não se tratando de defender quem quer que seja, mesmo um presidente eleito legitimamente, posterguemos, digamos assim, nosso julgamento. Vamos pelo centro evitando os maus conselhos. Há muita gente equilibrada nos postos altos da nossa democracia. De fato, dizia o Padre Léo, cuidado com o guru que você segue.
Tomemos nossas medidas de precaução. Evitemos, sim, as aglomerações e os contatos físicos tradicionais e ponderemos a nossa cólera. Cristo foi o maior praticante do isolamento. Então ele orava, meditava e se mantinha atento à linha de comando vinda do Pai. E deu certo! Só uma questão de dar um pouco de tempo ao tempo.
Francisco Nery Júnior
Caro Nery,Você que tenho um apreço enorme por você, desde as aulas de inglês da 7ª série, lá nos idos de 1977, no entanto discordamos em vários aspectos da vida politica, mas sempre com muito respeito. Na verdade a pergunta no final do texto não era exatamente pra você que sei que é o mais idoso dos idosos da tua rua rsrsrsrs (isso é plágio) e sim para os seus leitores que devem refletir sobre o que é mais importante, por em risco a vida dos que ama, para tentar salvar uma economia fadada a afundar em razão da crise econômica que virá pós pandemia, ou protegê-los mantendo o isolamento social que pode salvar muitas vidas e deixar a responsabilidade de salvar a economia na mão do governo responsável que é por isso.O abalo na economia não se dará por que a loja da esquina fechou, se dará por que a economia mundial entrará numa terrível recessão, e o Brasil que depende das exportações sofrerá um grande abalo. Vai ser preciso recomeçar em muitos setores.
Texto substituído. Apenas um a pelo o na terceira linha. Mas nosso leitor é esperto, pronto e acabou como diz nosso Datena. Ponto pra redação.
Na pressa de publicar, faltou o burilamento do texto. Passaram, inclusive, erros e imprecisões. Consertamos e desculpem-nos a falha. Nós,professores de português, Luiz José um dos melhores, sabemos da nossa responsabilidade de oferecer textos dignos dos estudantes e amantes da nossa língua que é bela de morrer. Remeti o texto melhorado para nosso redator-chefe, Antônio Galdino, também professor de português tarimbado que, creio, fará a substituição. Nós sempre lhe complicamos a vida.
Parabéns pelo excelente texto, Nery Jr!!! Pontuou brilhantemente os principais eventos que ocorrem no dia a dia e que precisamos refletir, evitando - dessa forma, ponderações aéreas demais.
O comentário do amigo Zé Ivandro só valoriza o debate. Agora, Zé, aqui em casa o idoso sou eu! Estou no grupo de risco [maior], cara. Um abraço.
Professor, a Itália suspendeu a quarentena como quer Bolsonaro. O resultado desastroso está aí para quem quiser ver: mais de sete mil mortos em 48 dias. Tiveram que voltar a quarentena e, dessa vez muito mais rigorosa que antes. O menosprezo pela vida humana, demonstrado pelo presidente da república, irritou 90% da população. Não acho que o momento seja para impeachment, talvez para internação. Uma situação como essa exige responsabilidade, capacidade de liderança e espírito público, atribuições que faltam ao presidente. Visionários são aqueles que agem, mesmo contra a corrente, no caso em questão já existem exemplos de erros semelhante ao que ele quer cometer. Ele vai bradar aos quatro cantos, se os governadores e prefeitos continuarem fazendo o que estão fazendo que a Gripe não era nada, só vai convencer os seus. Ai eu te pergunto, quem da sua família você deixaria para morrer para salvar a economia?
Nery, parabéns pela matéria!Seu texto relata os fatos atuais, fazendo uma teia com o passado, conduzindo o leitor para uma reflexão...Realmente, um texto se faz na tríade: autor, obra e leitor.