Sempre é bom repetir que o legado do doutor Amaury Menezes em Paulo Afonso não é lembrado. Não é valorizado como deveria, poderíamos dizer. O bosque que é o Acampamento Chesf oxigena o nosso ar e derruba a temperatura na região.
Se uma árvore estava no caminho de um projeto, a modificação – a derrubada – não era da árvore. O modificado era o projeto. Admitimos que isso quase, quase sempre, é possível. Na impossibilidade menor de isto acontecer, o que deve ser feito, a nosso ver, é plantar mais árvores. Seria a limonada consequente do limão azedo.
O âncora-mor da nossa comunicação lamentava em tocante lamúria, em um programa de rádio local, a derrubada de algumas árvores, que cremos já frondosas, viçosas e producentes, que estariam no caminho de alguma urbanização. E fez muito bem! A queda de uma árvore requer lamúria em alta escala. Sem elas, as árvores, adeus aos mananciais tão pródigos no Brasil e adeus à civilização. E civilização aqui quer dizer sobrevivência e qualidade de vida.
Não importa que outros tenham derrubado as suas florestas. Conservemos as nossas. Que nós as conservemos, dentro de uma visão ou projeto compreensivo nacional, e nos afirmemos superiores a eles. Já somos melhores em muitos aspectos. Sejamos também neste. Pelo menos, que mantenhamos os cerca de 12% restantes da mata que viu o Brasil contemporâneo nascer.
A nossa resignação pelos 88% de mata derrubada se apoia no fato de os campos desmatados estarem a produzir alimentos para nós e para o mundo. Ainda assim, se as propriedades estiverem seguindo leis mais recentes de conservação como a preservação dos mananciais, os corredores florestais e as reservas ou ilhas de mata recuperadas dentro das propriedades.
Esta a nossa visão. Esta a nossa compreensão da concessão divina de se multiplicar, encher a terra e reinar no mundo. Campos para alimentarmos o mundo e projetos urbanísticos necessários ao homem de acordo com as leis – que o Direito reputa sábias. Uma delas, a que obriga o derrubador de uma árvore a plantar pelo menos mais três. Esta a nossa cobrança e a nossa vigilância.
Francisco Nery Júnior