Vasculhando os arquivos secretos nazistas, os aliados vencedores descobriram erros banais inacreditáveis da liderança nazista alemã. Avaliações ou decisões erradas que, do contrário, teriam mudado radicalmente o curso da guerra. Outra consideração para fundamentar o nosso arrazoado de agora é o fato de o ataque à base americana de Pearl Harbor pelos japoneses poder ter sido evitado se não fosse a trapalhada dos canais competentes em vista de uma correspondência diplomática não entregue em tempo. Estamos nos baseando em relatos publicados pelos vencedores e não descartamos nenhuma intervenção transcendental. 

Oitenta e um anos após o início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a incúria parece persistir nos nossos líderes. Fundamentos, avaliações e decisões que não conseguimos entender. São opções mais baratas descartadas (transposição do Rio São Francisco), regime de hidroelétrica muito mais racional (Usina de Belo Monte em fio d’água), opção equivocada de sistemas de transporte (sistema rodoviário em oposição ao sistema ferroviário em um país continental), descaso pelo sistema de cabotagem em um país de costa mansa, pouca ênfase na atividade pesqueira, e assim segue. 

Ouvindo as nossas rádios e acessando os nossos sites, nos deparamos com críticas e reivindicações as mais diversas dos nossos munícipes, umas consistentes e lógicas e outras simplesmente desprezíveis. Todas, porém, partem de contribuintes e, como tal, merecem consideração e resposta. 

Interessante – o que nos deixa perplexos – é que a maioria é levada em consideração e o atendimento não raras vezes é realizado. O questionamento que se impõe é por que razão não é instituído, no caso da nossa administração municipal, um órgão ou departamento ad hoc, semiautônomo, diretamente ligado ao gabinete do prefeito, com a responsabilidade de acatar, encaminhar e procurar resolver aquelas pendências. 

O que realmente não entendemos – carece insistir -  é o prato feito entregue de mão beijada à oposição que deita e rola em cima das deficiências apresentadas. Indo um pouco mais além, o reconhecimento que nem todos que reclamam são de oposição e nem todo crítico deseja destruir. Ainda existem os que são comprometidos com a cidade e com o princípio do bom trato às autoridades constituídas. 

Insistindo na lógica da coisa – ou na falta dela - e resumindo toda a história: por que não um setor para receber as reivindicações e procurar atendê-las colhendo os louros do reconhecimento e da recompensa? Por que jogá-los no colo dos adversários? 

Se eu fosse prefeito, o serviço de atendimento ao contribuinte (não confundir com a assistência social) seria implantado. Eu procuraria imitar a Ford Motor Company e os empresários japoneses. Eles estimulam e prestigiam a opinião, as sugestões e os conselhos dos operários que trabalham na ponta. Correm mesmo atrás deles, antes que o concorrente o faça. 

O dito setor colheria as sugestões, queixas ou reivindicações dos munícipes e as trataria sem espalhafato e subterfúgio, discretamente e diretamente com o encarregado ou órgão adequado. Jamais proceder como determinados grupelhos de “orientação” ou “supervisão” que visam primordialmente a achincalhar, destruir ou desconstruir o trabalho sério e fundamentado de profissionais competentes. 

Francisco Nery Júnior