O leitor se deparou com inúmeras homenagens dedicadas aos nossos bravos mestres no seu dia, há poucas semanas, o Dia do Professor. Assinamos abaixo de todas elas. Ninguém mais do que nós é testemunha da dedicação dos colegas nas salas de aula, dedicação aos bravos alunos de Paulo Afonso. Estes são às vezes arredios. Demonstram muita, muita autoconfiança. São, enfim, crianças e adolescentes como fomos todos nós. Alguns já são adultos. E os professores estão sempre ao lado por mais que possa parecer que não estão.
As homenagens raramente sobrevivem além do dia oficial. A tribo – a sociedade civil – nem sempre dedica ao mestre a importância que ele tem. O professor, ufa, é um formador! Sua tarefa é a de conduzir o educando à autoconfiança e ao parto das suas verdades internas. E o mestre o faz com dedicação e paciência extremas.
A imagem geralmente projetada do professor parece desabonar os discursos e juras de amor; as homenagens prestadas naquele dia. Nas imagens, professores malvestidos, muitas vezes em poses e situações vexatórias; projeção de um ser alquebrado pela falta de reconhecimento.
No programa de Luciano Hulk, TV Globo, o professor maduro, aspecto sisudo, se bem que agradável, respondia questões. Era experiente e havia exibido vários certificados e diplomas após a faculdade. Deu show de raciocínio, comprometimento, competência e cultura. Ganhou trezentos mil reais.
Intrigante – mesmo triste -, e não deixa de ser demonstração de humildade, declarou a um Luciano Hulk surpreso e desconfortado nunca ter visto quantia igual em sua vida (não se tratava de um professor em início de carreira). Lembrei imediatamente da minha sobrinha Sueid Fauaze, professora da Universidade Estadual da Bahia, com doutorado em educação nos Estados Unidos onde passou onze anos da sua vida, ao me apresentar um carro novo: “Mas eu não comprei este carro com o dinheiro da Uneb. Foi com o montante de uma questão trabalhista que eu ganhei”.
Ainda me lembrei de uma das minhas professoras no Texas, Estados Unidos, após alguma lamúria de minha parte: “É assim em todo canto!”
Enquanto as coisas não evoluírem para um patamar um pouco mais aceitável, mantenhamos a esperança e a convicção de servir (falamos mais precisamente para nossos bravos heróis mestres).
Se algum consolo, transcrição de parte do editorial do jornal francês Le Monde de 29.10.2020: “Quantos apelos de socorro ignorados que vêm de professores e de outros agentes de serviços públicos ante a degradação de suas condições de trabalho... perante a ausência do Estado notadamente sobre o terreno da segurança!”
Tanto aqui, quanto lá!
Francisco Nery JúniorO Professor Francisco Nery, sempre bem fundamentado e, às vezes em até três idiomas, envia, regularmente, textos com reflexões, análises, sobre situações atuais que envolvem a sociedade.Agora me envia uma importante reflexão sobre o trabalho e a valorização (que falta) a um dos profissionais mais importantes em qualquer país: o Professor. E me pede para publicá-la mais pra frente para ele, Nery, não estar tão presente na mídia...Respondi que ia publicar o seu texto hoje, 1º de Novembro e o faço por vários motivos. Primeiro porque o PROFESSOR é digno de ser lembrado e reverenciado todos os dias, pois, uma vez professor, sempre professor;Segundo, porque começo o mês, em que também se celebra a Cultura (dia 5/11) com um tema que, nesse período de campanha eleitoral, merece toda a atenção – que não dão normalmente – dos políticos que querem ser os criadores e zeladores pelas leis que regem o município ou ocupar a cadeira do gestor/prefeito.Por fim, como hoje é o Dia de Todos os Santos, muito apropriado que o mestre, o professor, que desenvolve o seu trabalho como um verdadeiro sacerdócio, seja, de novo, homenageado.Parabéns, Professor Francisco Nery. Parabéns a todos os mestres. Com carinho!