As eleições sempre surpreendem. Se assim não fosse, não teriam utilidade. E as circunstâncias da época são fundamentais. Uma e primeira grande lição das últimas eleições municipais, a nosso ver, salta aos olhos: a prioridade da renovação, da necessidade do novo e o combate à corrupção cederam lugar à administração da cidade. Os eleitores demonstraram valorizar os administradores do seu dia a dia; na cidade onde moram e onde labutam de sol a sol.
Estamos a fundamentar a nossa argumentação a partir do resultado em três capitais brasileiras. Ganharam em primeiro turno, com mais de 50% dos votos, os prefeitos de Curitiba, de Belo Horizonte e o indicado do prefeito de Salvador.
Se bem observarmos, eles conseguiram passar a imagem de comprometimento, do caminhar ao lado diariamente e do tentar amenizar, para não grafarmos resolver, os problemas da coletividade. Os eleitores, decididamente, circunscreveram as suas esperanças no aprimoramento da vida no seu município, que é onde vivem, trabalham e sonham. Separaram, ou souberam separar, o desemprego, a segurança, as diferenças sociais cruéis ou a política econômica da nação como se elas pertencessem a outro feudo mais para cima.
Se bem observarmos, os três prefeitos eleitos da nossa matéria exerceram uma administração compreensível, no sentido que atacaram todas as frentes. Encheram a cidade de parques e praças, locais de lazer para o cotidiano, mas também se preocuparam com moradia, saúde, postos de atendimentos, programas sociais de recuperação. Em suma, alimentaram os sonhos dos seus eleitores com ações concretas. E, fundamental, evitaram erros básicos sempre percebidos pelo mais pequeno dos eleitores.
Eles evitaram a postura do cacique paxá experiente e vomitador de verdades absolutas. Deixaram os laços familiares no seu devido lugar e evitaram o inchamento da máquina pública ainda que não tenham relaxado a imagem de líder forte com a mão firme no timão.
Das mais pequenas às mais grandes, deixaram a marca. Em Salvador, como exemplo, ACM Neto criou o hospital municipal, implantou a primeira fase do BRTR, realizou obras de infraestrutura nos subúrbios, recuperou casas populares em locais menos favorecidos e implantou programas de construção de novos conjuntos habitacionais.
Então, citadas estas conclusões dentre muitas outras observadas na última eleição, aqueles administradores estão no topo da escala de reconhecimento dos eleitores enquanto tantos outros ganharam apertadamente ou estão a disputar um segundo turno de difícil previsão.
Francisco Nery Júnior