No site, ao lado da matéria Réquiem para o Nair Alves de Souza, um convite do grande jornal francês para os pauloafonsinos se juntarem a uma comunidade de 400.000 assinantes mundo afora. Após 3 meses de franquia, o leitor pagará 9,99 euros por mês para ter o Le Monde nas mãos.
Já poderíamos ter um grupo francofone em Paulo Afonso; uma sociedade para trocar informações, discutir e praticar o francês. Leio fluentemente francês. Em uma oportunidade, passei três dias em Paris. Em outra, morei em Toulouse, sudoeste da França, por pouco mais de um mês. Estudei diariamente na Universidade Católica de Toulouse. Entre inglesas, americanas, chinesas, japonesas, um saudita e um vietnamita, cerca de 15 estudantes, eu nordestino, o mais velho da turma.
Eu já parti pra lá lendo e traduzindo francês. Aprendi na escola pública. “Naquele tempo”, havia, digamos, comprometimento. Aprendi francês no Ginásio Estadual Manoel Devoto da minha professora Dalva do mon, ton, son; ma, ta, sa e no Colégio Central da Bahia, ninho de grandes nomes baianos. Depois, tenho lido livros, jornais e clássicos da literatura francesa. Uma delícia, leitor. Agora, ao meu lado, a versão em francês de Os Miseráveis de Victor Hugo. Estou folheando as 1662 páginas que já li revendo, anotando e pesquisando. Já havia lido a versão em inglês anteriormente.
Então morei e estudei em Toulouse. Final do curso, das classificações ruim, médio, bom e muito bom, fiquei no muito bom. Também, aulas das oito da manhã a uma da tarde e, resto da tarde e princípio da noite, tarefas, exercícios e pesquisa – e o substrato adquirido entre os pauloafonsinos! Nos países de primeiro mundo, educação é coisa séria. Gosto e cuidado com o aluno não pressupõe o relaxamento das outras regras sociais. Do filho, aluno e subordinado, há que se gostar parecendo que não se gosta. “Do suor do teu rosto, comerás.”
Jactância e promoção pessoal, leitor? Não. Na minha idade, não. Apenas tentar induzir o leitor, quem sabe, a experimentar uma assinatura do Le Monde e mergulhar em outro mundo tão importante quanto o nosso, apenas um pouco mais à frente no índice geral de desenvolvimento. Afinal, tudo é possível àquele que crê.
Francisco Nery Júnior