Os americanos gritam ajuda e os franceses pedem que alguém venha ajudar. Quando estão em dificuldade, prestes a afundar, é assim que se valem. Importa pedir. E nós estamos pedindo pouco. Estamos como que renunciando ao apadrinhamento de quem nos ama. Em outras palavras, estamos rejeitando a comunhão com um ser definido como o próprio amor.
Vem à memória Rachel de Queiroz que lamentava não crer. Ela queria crer, mas, com toda a suavidade daquela voz que lhe era peculiar, expressava o desânimo de não conseguir crer. E então se sobrepõe o testemunho de alguém que se declarava ateu em uma entrevista. A certa altura, concedeu que era impossível não haver um comando no Universo. “Alguém aí por cima deve estar no comando”, acrescentou.
Estamos pedindo pouco. No caso da pandemia, trata-se da nossa sobrevivência. E a batalha está renhida “porque não pedis” (“Não recebeis mais porque não pedis”). Não pedimos, ou não insistimos, [n]a intervenção divina. É o que poderíamos estar fazendo com mais veemência ao Deus Poderoso em quem Rachel de Queiroz não conseguia crer e de quem o filósofo ateu paradoxalmente reconhecia a existência.
A participação humana e a busca pelo homem são fundamentais nos planos de Deus. Isto parece ponto pacífico entre os teólogos. Se assim não fosse, afirma um deles, Deus teria criado robôs. No episódio da tempestade no mar, o barco prestes a afundar, Jesus tranquilamente – e cremos propositadamente – dormia. O Jesus humano não arriscaria morrer, ele e os discípulos, se importante não fosse a profunda relação de fé e confiança entre ele e os seus discípulos. A situação se complicava e Jesus não interferia. Foi preciso que os discípulos, que imaginamos irritados, já conhecedores do poder divino de Jesus, clamassem em tom de reprovação: “Não se te dá que morramos?”. E o mar se acalmou.
Ficou claro que Deus espera que nós nos voltemos para Ele.
Os grandes e poderosos vão se esquecendo de Deus. Quanto menos pequeninos nos sentimos, mais nos esquecemos que somos feituras do Criador. Quanto mais desenvolvimento no mundo, menos a comunhão com Deus.
E poderíamos mais frequentemente recorrer à bela construção em português “Não se te dá que morramos” como também “Se Deus quiser”, “Se Deus assim permitir”, “Pela misericórdia de Deus”, “Queiram os céus”.
Peçamos e insistamos. Precisamos nos livrar da Covid-19. Muitos personagens bíblicos parlamentaram com Deus. Alguns mesmo fizeram Deus “mudar de opinião”. Não tenhamos medo. No cantinho do nosso quarto, na nossa pequenez, parlamentemos com Ele. Até porque está escrito: “Fazei prova de mim”.
Francisco Nery Júnior
O texto expõe nosso profundo desamparo ante a vida e o terrível sentimento de autossuficiência.Pandemia nos colocou de joelhos. Fez a humanidade chorar e sofre pelo mesmo motivo unanimemente! Eu pessoalmente acredito que o criador anseia pelas nossas orações de arrependimento por nossa independência dele, creio que pode cessar todo flagelo, se nos quedarmos a sua Soberania.Deus é bom. Misericordioso.Nós colhemos o que plantamos. Os pais enxergam os descaminhos dos filhos, alertam, apelam para o bom senso, mas não podem poupa-los das consequências de sua escolhas.Sejamos tementes a Deus e que ele nos livre do mal!!
Certamente, professor! Venceremos!