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Professor Nery

Otaviano Leandro de Morais e João Francisco de Brito na mesma bancada

Publicada em 06/02/21 às 22:31h - 747 visualizações

Francisco Nery Júnior


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Otaviano Leandro de Morais e João Francisco de Brito na mesma bancada
 (Foto: Acervo Antônio Galdino/jornal Folha Sertaneja)


É o que mostra a foto. Na mesma bancada e na mesma Câmara, eles brincavam de vereador. Antes de mais nada, brincar é um dos atos mais sérios que podemos praticar na vida. É um ato puro e angelical. As crianças – “… dos tais é o Reino dos Céus” – brincam! E eles brincavam a sério. 

O leitor sério certamente acreditará que observamos com imensa satisfação – gratidão em última análise – a seriedade com que os nossos representantes da primeira hora cumpriam o seu papel de representantes do povo. Às vezes eram sérios e sisudos. Eles anteviam o futuro promissor da cidade que nascia. Não temos notícias de falcatruas. Eles não enriqueceram. Não correram atrás das malfadadas e reprocháveis mordomias. Os dois do título, e mais um punhado de pioneiros outros, deram, sem sombra de dúvida, um belo exemplo de contribuição para a decolagem de Paulo Afonso.

Não há ninguém na mira do parágrafo anterior. Ele não se propõe incentivar comparações. Os cronistas futuros discorrerão sobre o nosso tempo. E cada um entrará na História da maneira com que viveu o tempo presente.

Mas estamos a falar de dois dos nossos políticos mais tradicionais. A foto que ilustra esta matéria os mostra juntos na mesma bancada. A partir dela, o parágrafo se estenderia matéria afora. Otaviano Leandro e João de Brito na linha de frente de uma Paulo Afonso que despontava.

Vereador José Paiva de Souza, entre as vereadoras Maria José e Francisca Barros. (Acervo Antônio Galdino) 

Estamos em outra sessão. Desta vez, Paiva e João de Brito na bancada. Paiva, oriundo de outro setor da Chesf, era nosso colega no Colepa, diretor da Escola Murilo Braga, e tinha sido eleito vereador. Os detalhes e minúcias do dia a dia da escola lhe atanazavam a vida – e éramos, nós outros, igualmente atanazados. Como lhe era peculiar, gostava de falar. Ele era um parlamentar e levava a sério a tarefa de falar. Adorava falar. As palavras lhe saíam da boca aos borbotões. Saíam em enxurrada.

Não sei se foi o caso, mas João de Brito, em sessão que precisava andar, o tempo urgia, arranjou um modo de conter o prolixo edil. “Eu estou sabendo que Vossa Excelência tem terras aqui pros lados de Nova Glória”, disparou. “Não tenho terras em Glória”, observou Paiva, mordendo a isca do ladino João de Brito. “Tenho terras no município tal do estado de Pernambuco.” (O nome exato não consigo lembrar.) Para uma gargalhada geral, João de Brito, postura de quem ganhou a parada, jogo de corpo adequado para a situação, aniquilou o adversário: “Ah, só assim eu sabia que Vossa Excelência tem terras lá pros lados de Pernambuco”. 

Como na crônica anterior, eu, cronista deste episódio, observava a sessão pela janela do antigo prédio da Câmara Municipal na Rua da Frente.

Por Francisco Nery Júnior




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