O susto foi grande. Estava concentrado em uma pesquisa no computador. Estrondos de foguetes me assustaram. Era Keyla Xavier chegando em casa, lá na esquina, após receber alta. Os familiares a recepcionaram. Tivesse sabido, eu teria ido ao portão e teria gritado de alegria, braços ao alto agradecendo a Deus a resposta às nossas orações. Teria engrossado o grupo e teria vibrado junto.
Sim, oramos por Keyla, nós que a vimos crescer ao lado do avô Pedro, sempre atento sentado no posto que lhe pertencia à frente da casa. Passávamos e sempre saudávamos “Dona Keyla”, a menina dada, sorriso nos lábios, sempre com uns simpáticos quilinhos a mais, que viria um dia nos vingar de um vírus cruel a dizimar os nossos amigos. A enfermeira Keyla venceu a Batalha da Covid-19.
Keyla venceu! Venceu por todos nós. Venceu uma batalha preliminar. Marcou um ponto de virada na guerra santa contra o inimigo. Se temos heróis, temos Keyla no meio, parte de uma Divisão de Infantaria na linha de frente a arriscar a vida dos seus componentes para nos salvar.
O vírus vai perder a guerra. O seu destino é a destruição. Apenas uns meros indivíduos sobreviverão encerrados em um invólucro qualquer de um congelador de laboratório.
Francisco Nery Júnior