Não é à toa que repetimos que somos um povo forte. Segundo o ministro Onix Lorenzoni no programa de José Luís Datena, em dois meses sairá a vacina brasileira contra a Covid-19. Seremos, ainda segundo ele, exportadores de vacina, principalmente para os países da América do Sul.
Acuados em nossas casas, tristes pela morte de parentes e amigos, é com prazer de brasileiro que repassamos as boas novas. Enquanto aguardamos a concretização do avanço, consolados pela outra revelação que o Brasil já tem contratos assinados para a compra de 530 milhões de vacinas de outros países, ainda ficamos sabendo, também pelo ministro, que R$50 bilhões [de reais] serão injetados na economia mantendo a sua dinâmica. Trata-se do adiantamento, em abril, do pagamento do 13º salário dos aposentados do INSS.
Governo existe para ouvir, sondar, diagnosticar, arregimentar, planejar e apresentar soluções para os problemas que surgem no decorrer do desenvolvimento do país. É o que queremos. Não estamos na expectativa de uma viagem à lua. A expectativa do povo é um salário dignamente razoável para poder comer e uma casa para morar sem a obrigação de pagar aluguel. Estamos repetindo a afirmação de um economista alguns anos atrás. Esse foi o conselho do estrategista para o que chamou de controle das massas.
Também esperamos dos nossos governantes iniciativas fora da cartilha em tempo de pandemia; fora do manual e sem o rigor da dura lex. Ir um pouco além da fria letra da lei é, antes de tudo, um ato de nobreza. É um ato de amor ao próximo.
É o que vemos na prefeitura do Rio de Janeiro. O prefeito Eduardo Paes, prefeito dos cariocas pela terceira vez, conseguiu “desviar” R$70 milhões de itens outros do Orçamento Municipal e, com R$30 milhões cedidos pela Câmara Municipal do Rio, também “desviados” de verbas de manutenção e de gabinete dos senhores vereadores, conseguiu o montante de R$100 milhões para socorrer os vendedores ambulantes da Cidade Maravilhosa recolhidos em suas casas impedidos de trabalhar.
Não seria o caso de as outras cidades brasileiras imitarem o exemplo do Rio, de Salvador e de umas poucas outras cidades? Paulo Afonso é uma cidade tida como rica. O nosso lixo tem a mesma qualidade do lixo recolhido nas principais cidades da Europa. Recebemos royalties da Chesf que paga ICMS ao Estado da Bahia. Pelo que tem sido publicado, há um crédito de R$80 milhões em empréstimo à disposição da Prefeitura na Caixa Econômica, operação essa declarada absolutamente legal pelo Poder Judiciário.
Não seria a hora de os nossos vereadores imitarem os cariocas? Não poderiam imitar o Congresso Nacional, poder absolutamente independente, abrir mão de uma pequena parte das verbas representativas e pressionar o senhor prefeito para uma tomada de posição bastante pragmática capaz de remediar um pouco a situação dos nossos desamparados?
Nós outros, cá embaixo, fazemos o possível. Chegamos perto de um vendedor de picolé e da velhinha simplória a vender umbus recolhidos na caatinga braba ao nosso redor. Esquecemos pequenos trocos para os que estão em pior situação do que nós. Observamos e procuramos dividir a nossa miséria – pobre é quem ajuda pobre – com quem apenas quer trabalhar e produzir.
Na matéria, nenhum objetivo de achincalhar quem quer que seja. Sabemos as dificuldades de governar e lidar com os governados. Admitimos que nós outros olhamos para o umbigo e bradamos por correção e comprometimento – dos outros. Mas uma coisa é primordialmente certa: não somos, nós povo de Paulo Afonso, hipócritas e procuramos fazer o melhor que podemos.
Francisco Nery Júnior
P.S. Quadro comparativo de mortes pela Covid-19 até esta data
França 67.300.000 habitantes - 100.000 mortos
Alemanha 83. 020.000 - 75.484
Brasil 212.000.000 - 303.000
Mundo 7.594 bilhões de habitantes -2.746.581A prefeitura de Santos dá um auxílio emergencial de 300 reais as pobres de Santos