Quem escreve corre o risco de ser repetitivo ou de ser acusado de meter a colher onde não foi chamado. Como os romanos diziam que a repetição é a mãe dos estudos (aprendizagem), estamos livres da primeira acusação. Quanto à segunda – e como se trata de uma obra pública -, sempre devemos nos considerar chamados. O dinheiro para a execução certamente sai dos nossos bolsos.
Está anunciado o aumento de 33,33% na passagem dos ônibus urbanos de Paulo Afonso. De R$3,00, passará para R$4,00. O desgaste inflacionário, o aumento dos combustíveis, a concorrência dos outros meios de transporte, a manutenção da frota e a densidade de passageiros são fatores para o cálculo de planilha da empresa prestadora do serviço. Assim sendo, não vamos entrar na seara dos especialistas. Vamos nos ater ao óbvio, embora o óbvio não exista. Vamos considerar a capacidade de pagamento da tarifa pelo usuário pauloafonsino.
Cinquenta e dois por cento dos assalariados brasileiros ganham, no máximo, dois salários mínimos. Isto posto, desnecessário convidar o leitor para concluir que o nosso trabalhador que depende do transporte público, a maioria dos quais ganha apenas um salário, não tem condição de se deslocar pagando uma tarifa de R$4,00.
A nossa cidade é razoavelmente plana. Nossos [suaves] aclives e declives não merecem ser considerados ladeiras. Raramente temos aguaceiros, relâmpagos e trovões. Como consequência, um sistema de ciclovias se impõe. Os franceses já se deslocam de bicicleta. Pedalam até 15 quilômetros de ida e 15 de volta para o trabalho. A União Europeia planeja a implantação de um sistema de ciclovias interligando toda a Europa.
Os nossos operários do Tancredo Neves, como uns, também usam a bike para se deslocar. No caso deles, disputam a pista de uma rodovia estadual com carros, carretas e caminhões. Segundo uma contagem, são 5.000 bikes por dia entre o bairro e o centro urbano.
Pelo exposto, fica clara a prioridade para a construção de um sistema de ciclovias na nossa cidade. Como será? Os nossos arquitetos têm toda a capacidade de nos dar essa resposta.
Com todo o respeito e consideração ao nosso prefeito, e sem nenhuma pretensão de estar metendo a colher por meter a colher, ousaríamos lhe sugerir a colocação do sistema de ciclovias da cidade como a primeira prioridade do seu plano de governo. Seria uma maneira de ficar eternamente no coração dos pauloafonsinos; o corolário da sua vida política. Uma bela oportunidade de sair da prefeitura em 2024 e entrar triunfante para a História de Paulo Afonso.
Francisco Nery Júnior
Agilidade, economia de tempo, segurança, explosão de lojas de bicicleta, oficinas de bicicletas, arrecadação de impostos, lazer, menos poluição do ar, lazer para o povão, urbanização, estabelecimento de lanchonetes, venda de garrafinhas de água, aparecimento de todo tipo de bicicleta, competições ciclísticas; será que basta?