Duas considerações antes do desenvolvimento desta matéria: 1) a não compreensão, se do Le Figaro ou do Le Monde de Paris, não importa, de o presidente Jair Bolsonaro não despencar nos níveis de aprovação, considerando a pandemia da Covid-19 e a estagnação econômica, e 2) nossa declaração publicada em matéria passada segundo a qual a direita realiza o que é preconizado pela esquerda. Também lembrar que o embate que se anuncia para 2022 na eleição presidencial se dará entre Jair Messias Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva.
Na edição de 03.05.2021, o Le Monde publicou artigo de Antoine Reverchon com o título “Porque os pobres votam na direita”, afirmando ser [isto] um paradoxo. O autor explora o trabalho de vinte pesquisadores em cerca de 500 eleições em 50 países no período de 1948 a 2020.
Nos anos 80, a pesquisa aponta que as classes de nível educacional inferior votavam na esquerda enquanto que as classes de alto nível educacional votavam na direita e no nacionalismo.
Esta divisão de classe tem-se modificado progressivamente. Pessoas com alto nível de educação votam cada vez mais na esquerda. As pessoas com alto nível de renda ou com patrimônio continuam a votar na direita.
Então os pobres e as pessoas de nível educacional inferior agora votam na direita com exceção das minorias étnicas ou raciais.
Assim sendo, a possibilidade de Jair Bolsonaro ser reeleito em 2022 é muito grande se for considerado que o nível educacional dos brasileiros não é alto e o número de pobres no Brasil continua a crescer (52% dos brasileiros ativos economicamente ganham, no máximo, dois salários mínimos). Acrescente-se a isso a capacidade de Bolsonaro para compor e negociar com o Congresso reconhecida pelo jornal francês.
Francisco Nery Júnior