Notável o curto espaço de tempo necessário para que os pesquisadores tivessem disponibilizado algumas vacinas contra a Covid-19. As estatísticas, em vários países, apontam uma queda significante no número de novas infecções e de mortes. Milhares de vidas estão sendo salvas. Certamente esses heróis merecem um pedestal de louvor.
A fantástica capacidade de ceifar vidas do Covid-19 e a facilidade da contaminação ditaram a prioridade e a pressa. As vacinas anteriores exigiram muito mais tempo para a sua liberação. Algumas exigiram anos.
Poderia haver algum desdobramento negativo indesejável? Algum saldo nefasto poderia acontecer? Algumas pessoas, inclusive em Paulo Afonso, recusam tomar as vacinas disponíveis por força de insegurança, ceticismo ou precaução que alguns de nós podemos achar exagerados.
Valeria a pena tal comedimento? E se, até nos sentirmos seguros, o vírus ganhar a parada e nos levar – como tem cotidianamente levado entes queridos e prezados de todos nós?
O que vai na cabeça de dois franceses temerosos, prudentes se o leitor preferir, Jessy e Marc, pode balizar o comportamento daqueles que ainda não se fizeram vacinar.
Segue a tradução do texto produzido por Amandine Hess, Clemence Diligent e Charlotte de Frémont em Le Figaro de 12.07.2021 cujo título é: “Céticos, indecisos, desconfiados: estes franceses que dizem não à vacina contra o Covid-19”:
“Existem muitas áreas de sombra nesta vacina!” Como muitos franceses, Jessy, estudante de 22 anos, não se qualifica como “antivacina”, mesmo se ele recusa a vacinação contra o Covid-19. “Quem sabe se, mais pra frente, não haverá uma vacina mais eficiente, sem risco?”, ele pergunta. ”Eu prefiro esperar”, confessa igualmente Marc, empregado em uma grande empresa de informática. Ele deplora a ausência de ponderação na fabricação da vacina e a falta de transparência sobre eventuais efeitos secundários a longo prazo. “Nós deveríamos ter acesso às cláusulas de não-responsabilidade dos contratos entre os laboratórios e a União Europeia”, ele argumenta.
Introdução e tradução de Francisco Nery Júnior