Não se trata de descobrir a pólvora nem colocar o ovo em pé. Duas referências nos conduzem a propor a consideração de uma segunda ponte entre a chamada ilha e o resto do município. Ainda não se trata de bancar o engenheiro e, muito menos, meter a colher onde não foi chamado, embora sejamos todos pagadores de impostos, cidadãos em pleno gozo dos nossos direitos civis.
Se o leitor for ao dicionário inglês-português, vai descobrir a palavra pontoon com a descrição de ser uma barcaça utilizada para carregar ou descarregar navios. A consulta de ponton, no dicionário francês-português, que passou para o inglês como pontoon, descreve o termo como uma barcaça de fundo raso usada como suporte para uma ponte temporária.
Eu era novinho, cabeça raspada pronto para iniciar o meu curso de letras na PUC de Salvador. Trabalhava, então, em uma firma de exportação americana. Da ponte de comando, o capitão do navio, já na entrada da barra do porto de Salvador, nos solicita a providência de um pontoon. Foi quando o termo passou a fazer parte do meu vocabulário de inglês.
Mais recentemente, não mais novinho, mas com cabelos mais ralos e brancos, assisti a um documentário que mostrava uma ponte entre duas localidades na Índia – sobre pontoons.
O pessoal ia e voltava sem receio nem balanços de enjoo. Como formigas, passavam. Naqueles carrinhos característicos dos indianos, se deslocavam sem preocupação adicional. Atravessavam a baía, que era calma e tranquila, sem ventos anormais nem ondas de solavancos. A travessia acontecia sem atropelos inesperados.
O pessoal do Exército sabe construir essas pontes, melhor dizendo, sabe montá-las. Eles as montam aos montes em tempo de guerra. Atravessam rios, pântanos e canais – como o nosso – e estabelecem a ponta de lança encarregados de firmar. É assim na guerra que, paradoxalmente, levanta e proporciona soluções.
E não poderíamos ter uma delas entre o BNH e o Jardim Bahia, ou entre o Centenário e a Vila Moxotó, Vila Cetenco para os pioneiros?
Evidente que um projeto dessa natureza exige estudos e observação. A Usina PA-IV funcionando a plena carga provocaria uma correnteza no canal que inviabilizaria a ponte sobre flutuantes com a qual estamos a sonhar? Nessa hipótese, seria uma ponte “intermitente”? Funcionaria apenas quando não houvesse correnteza incompatível com a segurança dos veículos e pedestres? O custo, que imaginamos bem menor que uma ponte fixa em concreto, ensejaria a montagem da ponte sobre pontoons?
Talvez os leitores possam fornecer as respostas. Os nossos engenheiros certamente podem.
Em determinada época, perguntei ao comandante da nossa Companhia de Infantaria por que o Exército não realizava determinada obra em Paulo Afonso sobre a qual eles detêm a expertise. Obtive a resposta: "Porque não pedem".