A Covid-19 nos acuou. Há um ano e meio nos recolhemos nas nossas casas em virtual prisão domiciliar decretada pelo Covid-19. Lemos um pouco mais, meditamos, nos lembramos mais de Deus. Ainda bem que tudo que nos parece ruim tem uma ponta de bom.
Sim, é verdade que ficamos mais cabreiros no nosso canto, nós que somos um animal social. Ninguém é feliz sozinho, preconizava o professor Hélio Rocha que entre nós tem alta avaliação. Não lhe tiramos a oportunidade da citação; a condensação que nos ofereceu baseado no que mais faz sentido nos evangelhos: o amor e a comunicação com o próximo.
Se assim não fosse, se num casulo tivéssemos que nos encerrar, fosse permitido nos encerrar; se a alma não gritasse e lutasse por comunicação, seríamos, um bocado de nós, eremitas enfurnados nas cavernas úmidas, sombrias, nefastas e inúteis dos arredores.
E nos enfurnamos um pouco. Até nos esquecemos da aparência, dos trejeitos e do cheiro da amizade de amigos que nos ajudam a suportar a ginástica de viver. Viver é arte se o leitor assim preferir. É combate que não nos deve abater.
Capacete na cabeça e máscara na face, saímos um tanto ou quanto sem destino. Apostamos que o vírus nos haveria de conceder uma trégua na guerra suja que trava contra nós.
Aportamos no Clériston Andrade. E rodamos em volta: casas de gosto e esplendor de surpreender. Áreas de lazer como sempre pregamos – e o morador exige. Vimos equipamentos de esporte, ginástica e lazer. Vimos sobretudo urbanização e saneamento básico.
Demos a volta e voltamos para trás, como nos permite o pleonasmo duplo. Passamos pelo Centenário, o próximo bairro. Antes o Abel Barbosa e o Caminho dos Lagos. Novo banho de bom gosto que nos encheu os olhos – e a alma - de prazer. As casas são feitas com capricho! Parece que o esforço é não deixar brecha para críticas ou olhares sem jeito. Vimos obras de urbanização de lagos e de calçamento de ruas. Feliz o cidadão que vê os seus impostos revertidos em desenvolvimento. Bendito quem cuida para que isso aconteça.
Se 47 anos aqui são muito tempo, a visão de então, um acampamento com um muro onde fora nada existia – permita o leitor o exagero -, agora uma cidade que cresce e se afirma. Lá para trás, ficou desmoralizada a cantilena do “vai acabar”. Após o término previsto das obras, tudo iria acabar.
Mas não acabou. E esperamos todos que não acabe o ritmo e o comprometimento do trabalho de urbanização de Paulo Afonso, cidade onde moramos, criamos os nossos filhos e nos batemos em cada esquina com vizinhos, amigos, colegas e concidadãos que não hesitamos confessar que amamos.
Depois do Centenário, agora no Sal Torrado, área do Ciretran, novas agradáveis surpresas. Investimentos e urbanização. Provas de confiança em uma cidade que não vai acabar. Temos foco e temos meio circulante. Nosso lixo se iguala ao lixo europeu. Paulo Afonso tem um futuro de liderança na região.
Numa “motocada” anterior, eu já havia verificado o bom gosto do pessoal do Tancredo Neves e do Bairro Rodoviário que sabe, inteligentemente, tirar proveito de morar em uma cidade agradável do interior da Bahia.
Os mais céticos podem recomendar prudência e diminuição do tom. Podem apontar deficiências e descasos eventuais. Podem exigir mais. Que o façam. Assim queremos que façam. Que imitem os romanos que encomendavam a um funcionário público ad hoc que, postado um pouco atrás [do general ou poderoso de plantão], lhe soprasse nos ouvidos palavras de moderação e de finitude da vida humana.
O que acabamos de descrever pode ser estendido, com intensidade cada vez maior, para os bairros outros, aí compreendida a zona rural, sem necessidade de pressão ou de despachantes de qualquer natureza no que concerne infraestrutura, escolas, creches, saúde, segurança, deslocamento, arte e entretenimento entre outros avanços.
Francisco Nery Júnior
Parabéns, meu amigo, pelo excelente artigo!
Primor de artigo, é como eu estivesse fazendo esse tour. Parabéns!ISym