Dezessete até o momento desta escrita. Duas são de ouro e duas estão garantidas podendo chegar ao ouro. Lá vai o Brasil subindo a ladeira. O quadro de medalhas da Olimpíada de Tóquio retrata o quadro de desenvolvimento dos países concorrentes. No capitalismo, conta o capital. O capital localizado faz a diferença. Todos estamos no mesmo nível de potencialidade. Ninguém está atrás. Todo mundo é mantido atrás. Assim se expressou um americano que eu embarcava para os Estados Unidos no meu tempo de agente administrativo de uma empresa de exportação americana.
Das dezessete medalhas, duas são de ouro. O Brasil tem duas medalhas de ouro enquanto vários países concorrentes não têm nenhuma, o que prova o potencial dos brasileiros para crescer. Com efeito, o mérito é dos meninos que não pouparam fé, dedicação e esforço para subir ao pódio. Seus são os louros da vitória.
Mas não são heróis. São brasileiros que se entregaram para a conquista de uma causa, no caso a prática ou execução de uma atividade esportiva, e venceram. Indiscutivelmente lhes somos gratos.
Quais seriam, então, os nossos heróis nacionais? A lista vai depender do ângulo de observação e da informação de cada um de nós. Tiradentes, Maria Quitéria, Getúlio Vargas, o livro de História os cita. Vale considerar a afirmação conhecida que História é a ciência das verdades passageiras como vale a outra segundo a qual nenhum herói o é para o seu valete.
Mas podemos considerar quem realmente fez diferença para melhor no Brasil; sob a nossa ótica e com o nosso conhecimento. Os portugueses podem ser os heróis que, enfrentando os mares tenebrosos em frágeis embarcações, revelaram para o mundo o Brasil equatorial gigante pela própria natureza. Os golpes de mestre de Dom João VI podem colocá-lo no pedestal de herói. Pedro I rebelou-se contra o pai, levantou a espada e arriscou o pescoço para tornar o Brasil independente. Pedro II soube manter a unidade nacional e conduzir o Brasil por quase meio século com avanços de desenvolvimento em um regime parlamentarista.
Veio a República que manteve os privilégios da elite de então até 1930 quando aconteceu a mais frutífera das nossas revoluções. O regime de Getúlio Vargas estabeleceu as bases para o início do nosso desenvolvimento. Então um fazendão de café e de criação de gado, o Brasil experimentou o início da sua industrialização.
E Juscelino Kubitschek conquistou o centro-oeste e massageou o ego dos brasileiros. Vieram os militares de 1964 e o Brasil experimentou o chamado milagre brasileiro quando o país cresceu entre 7 e 10% ao ano.
Mais para nós, os cientistas e pesquisadores que desenvolveram vacinas contra a Covid-19 em tempo récorde, entre eles valorosos brasileiros, heróis que dedicaram e arriscaram as suas vidas em laboratórios contra um vírus desconhecido, sorrateiro e cruel. Meteram a cara nos livros, abriram mão da pândega, do pagode, da patuscada e da calaçaria e já salvaram milhares de vidas em todo o mundo.
De 1985 para cá, redemocratizado e com uma constituição excessivamente detalhista, o Brasil segue em marcha lenta para a frente. A bem dizer, dois passos para a frente e um para trás como os carregadores do féretro do umbandista ladeira acima ao Cemitério das Quintas dos Lázaros em Salvador.
Francisco Nery Júnior