Em águas passadas, já conversamos, nesta coluna, sobre como funcionam as escolas na China que cresce exponencialmente a cada ano. Também sabemos que uma das razões para uma escola ser eficiente é a permanência do aluno o maior espaço de tempo possível na área escolar; além da assistência à execução dos deveres de casa. O leitor sabe que muitos outros fatores extra muros - negligenciados – são fundamentais.
Um pouco mais fundamental que o envolvimento da família, suporte inalienável para o processo educativo, se impõe o burilar a cabeça do educando. Trata-se de “futucar” a cabeça do aluno. Fazê-lo descobrir o que ele já traz. Em outras palavras, desenvolver as suas potencialidades. Jean Jacques Rousseau sistematizou que nada autoriza um homem julgar-se superior ao outro. Todos somos potencialmente capazes. No nosso universo, tudo “se desenvolve” e nada é estático.
Aqui entramos com a figura do professor, profissional da educação, abnegado e corajoso agente do que acabamos de escrever. Estamos conversando sobre educação formal posto que toda atividade humana é educadora por si só. O homem é um animal social, investia o outro filósofo.
Se a atividade educativa é libertadora, então o professor é um revolucionário. Como revolução destrói (vamos evitar o modismo desconstruir), e em cima do caos novas e avançadas conquistas advêm (o desenvolvimento do educando), os inimigos certamente se farão. Aí reside a coragem do mestre; a incompreensão quase certa, o muitas vezes pregar no deserto e a cruel discriminação; às vezes o abandono.
Não importa a desqualificação persistente e subliminar do professor. Que ganha pouco, o leitor já sabe. Que é desvalorizado, também. Pesquise-se em uma sala de aula quem pretende ser professor e talvez uma mão se levante. Repare ainda o leitor como é representado o professor nas propagandas do marketing da vida: geralmente um ator velhote, barrigudo, mal vestido, desanimado e de voz vacilante. Parece não haver o menor interesse na valorização do ator principal da peça da educação nacional.
Vamos selecionar um modelo: professora Telma Carneiro de Moura. Vamos nós outros nos sentir todos resumidos na pessoa de Telma. Todos concordarão comigo se passarem e virem o que sempre vejo ao lado da casa da sogra na rua Luís Gonzaga. Na área da frente, ela montou um salão para aulas de reforço. Não é necessária muita saliva para descrever o esmero e a dedicação da professora Telma. Também não necessário relatar a satisfação dos seus alunos. A foto que ilustra esta matéria diz o que o autor não seria capaz de descrever. O que Cristo não conseguiu com os judeus ao contemplar Jerusalém de longe, Telma conseguiu: todos os dias, como outras centenas de mestras de Paulo Afonso, ela reúne, sob suas asas potentes, vários pintinhos, potenciais garantidores da grandeza do Brasil. Os pais os sabem em boas mãos.
Francisco Nery Júnior
Fotos tiradas antes da epidemia da Covid-19